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Na última quarta-feira (14), foi realizada no  Fórum de Juatuba a primeira audiência de instrução e julgamento do caso Andreia Julião, que abalou a cidade e gerou uma onda de comoção e debates públicos. A audiência, que começou às 13h30, foi marcada pela presença de diversas testemunhas, incluindo o Pastor Fernando, os filhos de Andreia, seu então namorado à época, policiais, outros familiares e uma vizinha.
O crime ocorreu no dia 8 de abril, no bairro Cidade Satélite, e desde então, tem sido um tema amplamente discutido na mídia local, especialmente pelo jornal de Juatuba e Mateus Leme. A brutalidade do assassinato gerou uma forte comoção na comunidade, levando a debates em audiências públicas e manifestações tanto online quanto em locais públicos. Amigos, familiares e membros da comunidade se uniram em busca de justiça para Andreia.

As investigações policiais conduziram ao ex-marido de Andreia como principal suspeito e autor do crime. Segundo a denúncia apresentada pelo promotor de justiça Lélio Braga Calhau, o crime foi motivado por um sentimento de posse e inconformismo com o término do relacionamento de 27 anos, dos quais os últimos oito foram de separação.

Depoimentos


Durante a audiência, apenas os policiais aceitaram depor na presença do réu, enquanto as outras testemunhas se recusaram, segundo relato do Pastor Fernando. Ele destacou que a defesa do ex-marido de Andreia, Ariosvaldo, tenta mostrar que ele possui problemas psicológicos. No entanto, Pastor Fernando refuta essa possibilidade: “Ele se demonstrava um cara do bem, responsável, mas era cruel. Andreia nunca alegou que ele tivesse algum problema de insanidade”, diz.
Sobre a evolução do caso e as expectativas para o julgamento, Pastor Fernando expressou confiança: “Após os esforços de todos para responsabilizar o verdadeiro culpado, estou satisfeito com o fluxo desse processo. Não tenho expectativa, mas a certeza de que a justiça devida será feita, pois esse caso está na mão do grande juiz, Deus”, declarou.

É o que deseja também a irmã de Andreia, Adriana Julião que mora em São Paulo, mas realizou o depoimento online. “Esperamos que seja feita a justiça e que ele pague pelo o que fez e seja preso”, clamou a irmã. Após a primeira audiência, o caso avançará para a fase de alegações finais, onde a defesa e o Ministério Público apresentarão suas considerações. Somente após essa etapa será decidido se haverá um júri popular para o julgamento final.

Moradores pedem justiça

O caso de Andreia Julião, desde seu desaparecimento, mobilizou Juatuba e entidades civis. Na primeira audiência, que foi realizada de forma fechada, houve uma manifestação em frente ao fórum, onde amigos, familiares e membros da comunidade exibiram cartazes pedindo justiça para Andreia. Uma das lideranças do Movimento Atingidos por Barragens comentou sobre a importância de garantir a transparência no processo judicial.

“Pedimos ao nosso advogado, que acompanha o Movimento Positivo, para verificar o processo. A audiência foi fechada e havia uma grande vigilância, não nos deixando entrar. Vamos continuar buscando informações por meio do nosso advogado, pois é essencial tornar o processo público para garantir a justiça,” explicou a liderança.
A comunidade de Juatuba, em particular as mulheres organizadas em grupos de WhatsApp após o crime, continuam a pressionar por transparência e justiça. Com mais de mil assinaturas colhidas em apoio à causa, essas mulheres estão empenhadas em garantir que a punição seja visível, como uma medida de coibir futuros crimes de feminicídio.

Relembre o caso

 
Andreia Julião foi encontrada morta nas margens da linha férrea que corta o bairro Cidade Satélite, onde morava. Seu ex-marido, inconformado com o novo relacionamento de Andreia, premeditou o assassinato com frieza. No dia do crime, ele escreveu uma passagem bíblica na parede de sua residência, que nomeou a operação policial: Provérbios 6:34, sobre o ciúme e a vingança do marido.
Andreia passava diariamente por uma linha férrea às 5h30 da manhã, caminho que ligava sua casa à rua onde pegava o ônibus. Aproveitando a região deserta, Ariosvaldo se escondeu usando capuz e boné. Quando Andreia passou, ele a atacou com uma enxada e uma faca, arrastando-a para uma mata próxima para esconder o corpo.
O relatório policial detalha a frieza do acusado, que planejou meticulosamente o crime para evitar ser pego. Segundo o relatório, ele usou luvas para não deixar digitais, descartou as roupas usadas no crime, cobriu o rosto para que Andreia não o reconhecesse, espalhou copos e garrafas de bebida para desviar a culpa para um terceiro e jogou a bolsa da vítima no rio para sugerir um latrocínio. Após o crime, ele buscou criar álibis, visitando vizinhos e amigos, além de levar o filho à escola.