2020: Ano Novo e os velhos problemas

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Não há como começar o ano sem a esperança de que os próximos 365 dias serão melhores. O novo ano traz sempre expectativas de mudança e não é diferente quando se trata da relação dos cidadãos com o poder público. As pessoas querem viver melhor e para isto precisam de infraestrutura básica de água, esgoto, energia elétrica, além de condições de ir e vir para as localidades onde moram.

A população de Juatuba e Mateus Leme começou 2020 convivendo com velhos problemas que influenciam diretamente na sua qualidade de vida. Estes problemas, em sua maioria, estão longe de serem resolvidos já que a situação financeira dos municípios é difícil e a capacidade de realização de obras com recursos próprios é pequena.

No topo da lista dos “velhos problemas”, está a infraestrutura ou melhor, a falta dela, nas duas cidades. Os “poeirões” nos bairros sem pavimentação são a principal queixa das comunidades ouvidas pela coluna “Bairro a Bairro”. A falta de saneamento na maioria dos bairros, a iluminação deficiente e a insegurança também estiveram entre as maiores reclamações.

Ponte do Central

Outro tema que está na lista das maiores insatisfações, são as obras mal executadas. Em Mateus Leme, a ponte que liga os bairros Concenza e Central, era um sonho de 30 anos das comunidades dos bairros que conviviam com a falta de segurança de uma estrutura precária que possibilitava apenas a passagem de um veículo por vez.

Em 2012, a população comemorou a notícia de que a construção da ponte finalmente sairia. Executada entre 2012 a 2014, a construção que custou R$ 230 mil, está abandonada já que uma equipe técnica constatou problemas na execução do projeto. Ou seja, o sonho de três décadas terá que ser demolido e os moradores do Cncenza e Central vão seguir sem ter o problema resolvido.

A Escola Elza

Já em Juatuba, a sede da Escola Municipal Elza de Oliveira Saraiva sempre foi sonho de pais e professores da cidade. Mas a construção virou um pesadelo. Em 2011, a obra saiu do papel com a promessa de que geraria economia aos cofres públicos e ampliaria do número de vagas oferecidas.

A obra custou cerca de R$ 1 milhão e apenas seis meses após sua entrega, em 2012, foi interditada pelo Corpo de Bombeiros. Na época, a prefeitura chegou a gastar mais R$ 40 mil em reparos, na tentativa de conseguir voltar com a instituição para o local. No entanto, o Ministério Público recomendou a demolição do prédio.

De lá para cá, a escola se realocou em diversos lugares e há cinco anos está em um espaço improvisado no primeiro pavimento da Câmara. Quando assumiu este novo mandato, Adônis foi questionado pela equipe do jornal, na edição do dia 13 de julho, sobre a escola e disse que uma nova sede estava em andamento. “O projeto de uma nova construção mais moderna está em andamento, o que proporcionará mais conforto e segurança aos alunos e servidores. De fato, tirar os meninos da Câmara para levar a um local com menos condições, não está em cogitação. A única possibilidade, na nossa gestão, é a melhora”, afirmou na época.

Entretanto, as crianças seguem em espaço adaptado, sem acessibilidade, com educações físicas sendo realizadas na garagem e não há previsão para que o problema seja resolvido.

Imagem: Globo Minas

Hospital

Outro problema que vem velho para o ano novo é a situação do Hospital Santa Terezinha. No ano passado, para evitar o fechamento da instituição, o Hospital firmou convênio com as Prefeituras de Mateus Leme e Juatuba, com o compromisso de repasses de R$ 40 mil mensais de cada uma. Segundo informações obtidas pelo Jornal, Mateus Leme cumpriu o acordo, mas a prefeitura de Juatuba não apresentou, até hoje, uma data possível para iniciar o pagamento.

O Santa Terezinha é conveniado ao SUS e há alguns meses não consegue manter os compromissos financeiros. Até a possibilidade de fechar as portas já foi aventada pela fundação.

Faltam creches

Outro problema recorrente citado pelos moradores de Mateus Leme é a falta de creches municipais. A cidade só conta com o Educandário São José, única alternativa para as famílias carentes que têm filhos de 0 a 5 anos e a Unidade de Educação Infantil (UMEI) “Dona Carmita” que atende 90 alunos da creche III e 252 da pré-escola.

A situação do município é a mesma de todo o estado. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, Minas Gerais tem 493 mil crianças na primeira faixa de idade e 6% delas ainda estão longe das salas de aula. São pouco mais de 1,5 milhão de crianças de 0 a 5 anos, dos quais quase metade estão fora da escola.

Informalidade

Em razão da falta de postos de trabalho, o número de empregos informais bateu recorde em 2019, segundo o IBGE. O ano fechou com cerca de 12 milhões de pessoas atuando sem carteira assinada e 24,2 milhões trabalhando por conta própria. Ou seja, 40% de todos os trabalhadores do Brasil estão atuando informalmente.

Este quadro tem despertado a atenção em Mateus Leme e Juatuba, mas nesta última, apesar de a CDL não ter números precisos, o número de pessoas trabalhando na informalidade vem crescendo muito.

Não é fácil sobreviver sem ter de onde tirar o sustento e também não é comum que uma entidade representativa de classe tenha um olhar humanizado para uma situação quando está em pauta os interesses de seus representados. Porém, para barrar o comércio ilegal em Juatuba, a CDL decidiu atuar em parceria com a Polícia Militar a fim conscientizar os ambulantes. Segundo a CDL, “o objetivo não é cercear o trabalho dessas pessoas, mas trazê-los para a formalidade, regularizando-os para que prestem seu serviço de forma legal”. O velho problema continua e quem sabe a ação da Câmara de Dirigentes Lojistas renda frutos este ano.

A expectativa de não ter para onde ir

Há cinco anos o alto da comunidade de Francelinos foi ocupado e, desde então, o número de pessoas sem as mínimas condições de viver dignamente, só aumenta. 2020 começou e 184 famílias continuam morando sem acesso a qualquer infraestrutura.

Há crianças e idosos em situação precária dividindo espaços em alojamentos improvisados. A água e luz chegam através de ligações irregulares e para se alimentar, muitos têm que esperar um dos moradores mais antigos do acampamento, chegar com as verduras que sobram no supermercado toda semana.

A Associação de Moradores e Amigos do Nova Esperança que representa a população está em meio a uma batalha judicial para evitar o despejo da comunidade do local. A incerteza quanto a ter um lugar para morar é antiga e permanece no ano novo.

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