Bakise Mona Ixi reinaugura terreiro de Candomblé e Umbanda

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Neste sábado (17), o Terreiro Bakise Mona Ixi inaugura seu novo espaço na Rua Bélgica, 286, no bairro Jardim Mangabeiras, a partir das 19h. O terreiro, que recebeu recentemente uma distinção cultural do Ministério da Cultura, consolidando-se como um ponto cultural em Mateus Leme, foi fundado em Belo Horizonte. No entanto, nesse mesmo ano, Tata Ximeango, sacerdote do espaço, mudou-se para Mateus Leme, onde continuou seu trabalho espiritual em local provisório, sob o nome de Casa do Pai Jaraguá. Sete anos depois, com a maioridade alcançada no sacerdócio, o terreiro foi renomeado para Bakise Mona Ixi e passou por uma ampliação deu origem às novas instalações que serão inaguradas neste sábado. 

Segundo Tata Ximeango, a infraestrutura do Bakise Mona Ixi foi cuidadosamente planejada para abrigar cultos de Umbanda e Candomblé, oferecendo um espaço dedicado às divindades, ancestrais e antepassados.

Além de Tata Ximeango, o sacerdócio do terreiro será enriquecido pela presença de Tata Yuri e Makota Dulce, os primeiros iniciados nas novas instalações. “Os cargos de Tata e Makota são de extrema importância, sendo ocupados por pessoas de confiança do sacerdote principal, tratados como pai e mãe dentro da comunidade espiritual”, diz Tata Ximeango. 

Resgate da ancestralidade

Para Tata Ximeango, o Bakise Mona Ixi não é apenas um espaço para o cumprimento dos desígnios sacerdotais, mas também um ponto de referência cultural e social. “Para nós, zelar da nossa ancestralidade nos impele a garantir um futuro para a nossa comunidade e a lutar pela dignidade da pessoa humana”, explica o líder espiritual. Segundo ele, a prática religiosa no terreiro é também um resgate histórico, “um olhar carinhoso para o passado dos ancestrais e um olhar esperançoso para o futuro”, declara. 

O sacerdote destaca que os moradores na região têm recebido bem sua presença ao longo dos anos. Para ele, o respeito mútuo e a diversidade são pilares fundamentais do Bakise Mona Ixi, que se tornou um farol de assistência social para pessoas em situação de vulnerabilidade.

“Com o passar do tempo, percebemos que nossas portas não estavam apenas abertas para pessoas que procuravam uma boa relação com a espiritualidade, mas também para pessoas que tinham demandas materiais e sociais”, destaca Tata Ximeango.

A celebração da Kuia

A reinauguração será marcada pela liturgia chamada Kuia, um ritual de passagem onde um sacerdote mais velho, o Manganza, confere a um sacerdote mais novo os direitos de exercer plenamente o sacerdócio tradicional de matriz africana. Este momento solene será testemunhado por todos os presentes, reconhecendo Tata Ximeango como Tat’etu Ximeango, um título que simboliza sua plena realização e dedicação ao sacerdócio.

Os preparativos para o evento estão a todo vapor, com todos os filhos da casa e parentes de santo compartilhando a mesma energia de alegria e ansiedade pelo clímax da Kuia. “É o reconhecimento de anos de dedicação, estudo e resiliência”, afirma Tata Ximeango, refletindo o espírito de união e gratidão que permeia a comunidade.

Tata Ximeango espera que a reinauguração tenha um impacto significativo na comunidade local, fortalecendo o entendimento e a valorização da cultura africana. “O evento não só celebra a expansão física do terreiro, mas também reforça seu papel como um baluarte de resistência e preservação de identidade, comparável aos antigos quilombos”, diz o sacerdote.