Moradores das proximidades do Rio Paraopeba, em Juatuba, foram surpreendidos com milhares de peixes mortos boiando nas águas do rio. O episódio, registrado em vídeos que rapidamente se espalharam nas redes sociais, mostram a indignação dos ribeirinhos em um trecho do rio que foi muito afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido em 2019.
Em um dos vídeos que circularam, um morador comenta que é a primeira vez que presencia um evento dessa magnitude. Ele ressalta que a comunidade está atenta, mas sem saber se o problema está relacionado ao Rio Paraopeba ou a outro fator externo. “Olha o tanto de peixe morto, ainda não se sabe se tem a ver com o rio, se tem metais pesados ou se é outra coisa. Vamos ter que esperar um laudo”, diz o autor do vídeo.
A empresa Vale, responsável pela barragem de Brumadinho que rompeu há quase cinco anos, confirmou em nota que desde o dia 11 de outubro verificou-se o início da mortandade de peixes após as primeiras chuvas fortes na região da bacia hidrográfica, que abrange os municípios de São Joaquim de Bicas, Juatuba e Betim.
“A Vale reportou o caso aos órgãos ambientais competentes imediatamente e permanece com o monitoramento na região para determinação da extensão do evento, conforme preconizado no Programa de Atendimento à Mortandade de Peixes do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba. Adicionalmente, análises dos peixes recolhidos e da qualidade da água serão realizadas para identificar as possíveis causas, ” diz o texto enviado à imprensa.
Situação caótica
Moradores locais estão divididos sobre a causa do incidente. Alguns relataram que é a primeira vez que testemunham tamanha quantidade de peixes mortos flutuando no rio, sugerindo que algo incomum pode ter ocorrido. “É muito peixe morrendo. É a primeira vez que vejo isso acontecendo aqui”, disse um juatubense em áudio compartilhado. Outros, no entanto, indicaram que fenômenos semelhantes já aconteceram antes, especialmente após períodos de chuvas intensas. Segundo esses moradores, as chuvas costumam trazer consigo sedimentos e outros resíduos para o rio, que podem acabar prejudicando a fauna aquática. “Todo ano quando chove, isso acontece. A chuva traz rejeitos que podem contaminar os peixes”, responde outro morador.
Apesar dessas especulações, ainda não há um consenso sobre o que exatamente pode ter causado a morte dos animais. O trecho afetado do Rio Paraopeba é o mesmo que sofreu graves impactos com a lama e rejeitos de mineração liberados durante o rompimento da barragem B1 da Vale, localizada na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro de 2019. Na ocasião, além das 272 vidas perdidas, o desastre resultou em uma devastação ambiental sem precedentes, com rios e córregos sendo cobertos por uma densa camada de resíduos tóxicos. Desde então, a recuperação ambiental da área tem sido um processo longo e complexo, e a qualidade da água vem sendo monitorada