Bernardino Batista dos Santos, 77 anos, ex-padre acusado de abusar de mais de 50 crianças, foi solto nesta quinta-feira (28), apenas um mês após sua prisão, que ocorreu em 23 de outubro. A decisão foi tomada pela Sétima Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que concedeu habeas corpus ao acusado. Apesar da liberdade, ele será monitorado por tornozeleira eletrônica, precisará se apresentar mensalmente à Justiça para justificar suas atividades, não poderá deixar a cidade sem autorização judicial, e está proibido de manter contato com as vítimas, familiares ou testemunhas.
A decisão gerou indignação na população de Juatuba, onde o ex-padre residia, e principalmente entre as vítimas e seus familiares. Uma mãe, que prefere não se identificar, desabafou: “É inadmissível que alguém acusado de tamanha monstruosidade esteja solto”, desabafou. Em nota ao portal de notícias G1, a advogada das vítimas, Priscila Moura, expressou profunda preocupação com o desfecho: “a defesa ressalta nosso compromisso inabalável com a defesa dos direitos das vítimas e com a busca incessante por justiça. Continuaremos acompanhando o caso de forma ativa, respeitando o curso do devido processo legal e garantindo que todas as medidas cabíveis sejam tomadas.”
Relembre o caso
O escândalo envolvendo o ex-padre, que foi preso em Juatuba, veio à tona em 2021, após um inquérito policial sobre um abuso ocorrido em 2016 contra uma menina de quatro anos. O crime teria acontecido durante uma excursão a um sítio em Tiros, no Alto Paranaíba.
Com a investigação, outros casos vieram à tona. Segundo a polícia, há denúncias que envolvem crianças de 3 a 11 anos, que teriam sido abusadas pelo homem, entre 1999 e 2001, no mesmo local. Durante o período, Bernardino era diretor de uma escola infantil e pároco da Paróquia Nossa Senhora Medianeira e Santa Luzia, no bairro Paraíso, em Belo Horizonte. O cargo e a confiança adquirida com o sacerdócio, facilitava o acesso às crianças sem que os pais desconfiassem. Com as denúncias, a Arquidiocese de Belo Horizonte abriu uma investigação interna em 2021. Um processo penal foi instaurado pelo Tribunal Eclesiástico e enviado ao Vaticano. Após análise, decidiu-se pelo afastamento definitivo de Bernardino Batista dos Santos de suas funções como sacerdote.
Apesar do afastamento determinado pelo Vaticano, em janeiro de 2024 o nome de Bernardino ainda constava no catálogo da Arquidiocese de Belo Horizonte como capelão da Penitenciária Feminina do bairro Horto. Após questionamentos, a Arquidiocese retirou o nome do documento.