Paralisação de médicos da Policlínica expõe crise de gestão do município

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Nesta quinta-feira (19), os médicos do Pronto Atendimento Municipal de Juatuba iniciaram uma paralisação como forma de protesto contra o atraso de dois meses no pagamento dos salários. A situação foi tornada pública por meio de um vídeo gravado pelo médico Guilherme Faria, onde ele explica o motivo da decisão e pede compreensão da população. 

“Estamos sem receber. Não recebemos a nota de outubro, nem de novembro. O ano está terminando, é quase Natal, e nada foi pago. Reduzimos os atendimentos e demos um prazo de 72 horas para que a situação seja resolvida”, declarou o médico no vídeo.  

Ainda de acordo com Guilherme, a paralisação, foi respaldada pelo Conselho Regional de Medicina, após várias tentativas de diálogo com o secretário de Saúde e outras autoridades, mas até o momento nenhuma solução concreta foi apresentada.  

Caso não haja negociação, após esse período, serão suspensos os atendimentos da ficha verde, que são aqueles menos graves. Ele ressaltou que os casos graves e de urgência, como atendimentos a gestantes, continuarão sendo realizados. “Quem estiver realmente em situação de urgência será atendido, por que acima do dinheiro, está o compromisso com o atendimento à população e, salvar vidas, é a nossa função”, ressaltou o médico. “Mas trabalhar sem receber não tem como. Todo mundo tem contas, juros de cartão não esperam. Está chegando Natal e Ano Novo e ainda não recebemos”.  

A equipe médica que está com os salários atrasados é terceirizada e as informações são que a Prefeitura não teria repassado esses valores para a empresa.  

População critica gestão municipal

O anúncio gerou repercussão imediata nas redes sociais, especialmente no grupo “Juatuba do Povo”, onde moradores expressaram indignação com a situação. Muitos questionaram a gestão municipal e cobraram explicações do prefeito e das secretarias de Saúde e Fazenda. 

“Acabou o dinheiro na conta? É um absurdo a cidade chegar a esse ponto”, escreveu um internauta. Outro destacou: “Ninguém é obrigado a trabalhar sem receber. Será que não contaram para eles que a época da escravidão já passou?”. 

Além da indignação, a auxiliar de Recursos Humanos, Maria Helena Silva demonstrou preocupação. “Ninguém merece trabalhar de graça, eles se formaram e precisam receber pelo trabalho deles. Agora a situação vai piorar, pois os postos de saúde estão fechados pelo recesso de final de ano. A situação aqui está feia”, lamentou.  

A paralisação dos médicos também trouxe à tona outras dificuldades enfrentadas pelo município. “Essa gestão deixou uma herança maldita para o próximo prefeito. Não são só os médicos sem pagamento, a coleta de lixo também está parada, com caminhões quebrados em cada esquina”, comentou outro morador. 

Enquanto os médicos enfrentam atrasos salariais, moradores destacaram que os vencimentos do prefeito e dos vereadores estão em dia. “Se o salário deles atrasasse, já teriam convocado uma reunião extraordinária para resolver”, ironizou um participante do debate online.