Um vídeo publicado nas redes sociais pelo deputado estadual Cristiano Caporezzo acendeu uma forte polêmica na cidade de Juatuba. O motivo? A leitura do livro O Avesso da Pele, do autor premiado Jefferson Tenório, por estudantes de 14 a 17 anos da Escola Estadual Joaquim Corrêa. A obra, vencedora do Prêmio Jabuti, foi classificada pelo parlamentar como “pornografia para crianças”, provocando reações inflamadas de pais da cidade.
Durante seu discurso, Caporezzo não poupou críticas à direção da escola, à professora responsável pela recomendação do livro e ao governo estadual.
“Este livro, para mim, é pornografia para as crianças. Olha os termos que estão no livro para crianças de 14 a 17 anos: ‘dei um teco’ – o que significa que usou cocaína –, ‘peguei uma lata de cerveja’, ‘foi sem camisinha mesmo, gozei rápido’. Isso não é para criança. Tem coisa pior, que eu me recuso a ler aqui.”
Caporezzo ainda alertou os telespectadores da TV Assembleia, pedindo que retirassem crianças da frente da TV devido ao conteúdo que ele estava prestes a relatar.
“Isso aqui é um crime contra as crianças de Juatuba. Isso aqui é uma patifaria. E digo mais: tenho certeza que essa professora e essa diretora sabiam do conteúdo?”
A Câmara Municipal de Juatuba já acionou o Conselho Tutelar, a Promotoria e a Superintendência de Ensino. Segundo Caporezzo, seu gabinete notificou o governador Romeu Zema, cobrando providências imediatas.
Nas redes sociais, a repercussão foi intensa. No grupo “Juatuba do Povo”, pais e avós manifestaram apoio à retirada do livro da escola e criticaram duramente a professora responsável.
Uma moradora desabafou:
“Essa professora que passou esse livro tem que ter lido. Não tem cabimento ela dizer que não leu o conteúdo que estava passando para esses adolescentes. Ela tem que ser, sim, responsável. Professor é para ensinar o que é preciso para os nossos filhos. Isso aí tá errado. Tem que haver uma correção.”
Outro morador reforçou a indignação:
“A professora sabia. Ela tem que assumir o erro. E, até onde eu sei, a diretora não tinha conhecimento, quem passou foi a professora. Isso não é postura de professor. Isso é um absurdo.”
A revolta da população também foi representada pela moradora Maria Helena, que afirmou ter netos matriculados em diversas escolas da cidade:
“Não quero essa porcaria para os filhos, para os netos, para o sobrinho, para o vizinho da gente. Tenho neto no Joaquim Corrêa, no Pablo Maci, no Miguel Rodrigues, no Maria Cândida, nas creches dos Francelinos. Isso me afeta. Eu duvido que essa professora ou essa diretora passaria esse conteúdo para os filhos delas.”
Ela também criticou o que vê como uma ameaça à cultura e aos valores da cidade:
“Todo dia tem uma novidade. Todo dia acontece uma coisa que vem de fora para invadir a privacidade de Juatuba. Que veneno é esse? Que desgrama é essa?”
O vereador Wilk Fernando, que também acompanha o caso de perto, fez coro às críticas da comunidade:
“Isso não é conteúdo para criança. Isso afeta minha família e afeta toda Juatuba. Essa professora não teria coragem de dar isso para os próprios filhos. Queremos providências. Juatuba está sendo invadida por conteúdos que não têm nada a ver com nossos valores.”
Apesar da pressão popular e política, até o momento a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais não se pronunciou oficialmente sobre o caso. O livro O Avesso da Pele, lançado em 2020, é uma obra de ficção que aborda racismo, luto, masculinidade e identidade, sendo amplamente discutido no meio acadêmico e literário.