Janeiro Marrom: mineradoras fazem planos de segurança para 2020

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Foto: Filipe Chaves / Midia Ninja

Atingidos pela barragem da Vale marcham de BH a Brumadinho

Organizações e movimentos sociais lançaram nas redes sociais a campanha Janeiro Marrom, para alertar sobre as práticas do setor de mineração e lembrar o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quando morreram 259 pessoas e outras 11 continuam desaparecidas. A tragédia que destruiu o meio ambiente nas áreas próximas à cidade e ceifou diversas vidas, está sob responsabilidade da mineradora Vale e completou um ano no último sábado, 25 de janeiro.

A iniciativa, que congrega diversas entidades ambientalistas e movimentos populares, pretende inserir no calendário anual de campanhas, como o Outubro Rosa e Novembro Azul, a luta por justiça para os atingidos, alavancando a defesa das comunidades, biomas, nascentes e rios ameaçados pela atividade minerária.

Na última semana, mais de 350 moradores dos municípios afetados pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, percorrem 300 quilômetros até a cidade de Brumadinho. A programação começou na segunda-feira, 20, com concentração na Praça do Papa, em Belo Horizonte, e seguiu até o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, onde foi realizado a abertura oficial da jornada.

Em seguida, a marcha saiu em direção a Pompéu, São João de Bicas, Juatuba e Betim (Citrolândia), em que aconteceram debates, seminários, atos públicos e atividades culturais. A programação foi organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens, junto com atividades do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e da Arquidiocese de Belo Horizonte, que promoveu a 1ª Romaria pela Ecologia Integral em Brumadinho.

O JORNAL DE JUATUBA E MATEUS LEME entrou em contato com a Vale, que até a publicação desta matéria, não retornou. Outras três mineradoras também foram contactadas sobre os planos para as barragens de rejeitos neste ano: a Usiminas, ArcelorMittal e Minerita, todas com barragens de rejeitos na região de Serra Azul e que, segundo informaram à nossa reportagem, têm projetos desenvolvidos para evitar tragédias como a de Brumadinho. Tanto a Usiminas, quanto a ArcelorMittal e Minerita garantem que os monitoramentos das barragens são realizados diariamente e que a desativação total delas já está prevista em seus planejamentos.

Usiminas

Ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, a Usiminas garantiu que trabalha com base em três pilares: segurança operacional das comunidades, transparência e diálogo. E, que nos últimos anos, a mineradora desenvolveu importantes projetos para tornar cada vez mais seguras e sustentáveis as operações, com investimentos significativos, principalmente em relação às barragens, que são monitoradas 24 horas por dia.

A empresa ressalta que as barragens passam por vistorias e inspeções periódicas realizadas por técnicos especializados, e que semestralmente são realizadas ainda auditorias externas com consultorias renomadas no ramo de avaliação, além de avaliações internas, pela Gerência de Geotécnica.

A Usiminas afirma que as três estruturas se encontram estáveis e que a Barragem Central recebeu obras de reforço, concluídas em novembro do ano passado, com investi mento de R$ 25 milhões. A estrutura não recebe rejeitos desde janeiro de 2014, e mais de 35% dos materiais foram retirados e reaproveitados na Flotação.

Já a Barragem Samambaia tem um projeto de descaracterização previsto para o primeiro semestre deste ano. Na Somisa, o projeto de descaracterização prevê a transformação da barragem em uma pilha de rejeitos e a conclusão do processo está prevista para o segundo semestre deste ano. A primeira etapa de reforço da estrutura foi finalizada em setembro de 2019 e a segunda etapa será concluída neste mês. A estrutura não recebe rejeitos desde novembro de 2016.

ArcelorMittal

Em resposta à nossa reportagem, a ArcelorMittal afirma que a barragem da Mina de Serra Azul está desativada desde 2012 e todo rejeito gerado pela operação é disposto na técnica de empilhamento a seco. E, desde fevereiro de 2019, a barragem se mantém no nível 2 de emergência, ou seja, nível médio. A empresa está realizando estudos de engenharia para o futuro trabalho de reforço da estrutura e posterior descaracterização, com a retirada de todo o rejeito depositado em seu interior e desmonte das estruturas de contenção.

Além disso, a mineradora tem uma sala de monitoramento, com seis técnicos em geotécnica, responsáveis pelo acompanhamento da estrutura 24 horas por dia.

A sala conta com radar para captação de movimentos, geofones para detecção de vibrações, medidores do nível de água e câmeras de alta resolução.

Minerita

A partir deste ano, a Minerita começa uma operação para seu sistema de filtragem de rejeitos e empilhamento a seco. A ação vai possibilitar a produção do minério de ferro, sem a necessidade de utilizar barragens de rejeitos. Com isso, a mineradora espera ganhar no setor técnico, sustentável e social. Uma vez que, embora a barragem de rejeitos continue sendo a mais utilizada por empresas de mineração, o empilhamento do rejeito à seco realizado através de novas tecnologias, possibilita o reaproveitamento de até 95% da água demandada.

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