Empresa desmente “crime ambiental” no Bairro Boa Vista da Serra

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Companhia especializada em gestão de subprodutos industriais orgânicos, afirma que não existe reclamação de “Moradores de Juatuba” e sim um ato de “concorrência desleal”

Um embate entre uma página com o nome de “Moradores de Juatuba” e uma empresa da cidade tem gerado discussões acaloradas nas redes sociais. As “queixas” feitas pela página apontam que no Boa Vista da Serra está “ocorrendo um intenso descarregamento de resíduos retirados da Ambev pela empresa Ullmann, e que este material estaria sendo descartado em valas, no entorno do bairro”. Uma das publicações mostra até um protesto de moradores em frente à Cervejaria, quando teria sido feita a coleta assinaturas para a formalização de denúncia contra a Ullmann.

Nas denúncias feitas há detalhes do protesto e o relato é que os manifestantes foram atendidos por uma “mulher morena que se identificou como gestora ambiental da empresa”, e que foi entregue a ela e ao gerente da fábrica, “todas as provas de um possível crime ambiental, com um abaixo-assinado da população”.

A publicação ressalta que após a manifestação, alguns responsáveis resolveram voltar ao local para entregar mais fotos que confirmariam o crime e foram surpreendidos pela gestora ambiental “entrando no carro, um uno branco do #grupoullmann, com dois homens”.

A página “Moradores de Juatuba” ainda exibe gravações de vídeos com caminhões da empresa circulando à noite no bairro Boa Vista, porém as imagens, apesar de confirmarem o trânsito dos veículos, não mostram “flagrantes” de desrespeito à legislação ambiental.

A publicação vai além e acusa os proprietários da empresa de “pagar propina em troca de isenção nas fiscalizações”. Uma das postagens reproduz o que seria a fala de um dos manifestantes: “nós ouvimos em alto e bom tom que o marido de uma das proprietárias, gritou com muita raiva, que podemos mandar quem quiser que ele tem dinheiro para pagar e bancar o silêncio de qualquer um”, disse publicação.

As acusações continuam e, em outra investida, a página mostra um vídeo “afirmando que após a manifestação na porta da AMBEV, responsáveis do Grupo Ullmann foram ao local de descarte dos resíduos e “tentaram limpar o terreno, porém a iniciativa não teria tido sucesso, porque toda a região já estava contaminada”. Apesar do texto relacionar a afirmação à filmagem, a gravação não mostra se a empresa realizou a limpeza e exibe apenas o local limpo.

Fiscalização

Se há publicações na página reafirmando a denúncia, há também comentários de moradores do bairro afirmando que não há mal cheiro na região e que as publicações “estariam equivocadas”.

Em contato com a Prefeitura de Juatuba, para saber se existe alguma denúncia formal sobre o problema por parte dos moradores do Bairro Boa Vista da Serra, a Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura informou por meio de nota que toda e quaisquer denúncia ambiental é devidamente apurada, processada, quando cabível e aplicada a penalidade de acordo com sua gravidade, nos termos da Lei de Crimes Ambientais, como também às Leis Estaduais e Municipais.

Contudo, a nota destacou que em face da pandemia da Covid-19, o prefeito editou decreto municipal “determinando que o regime de trabalho da secretaria ocorresse em expediente interno, exceto para serviços essenciais e emergenciais”.

A nota diz ainda que já foram recebidas as informações referentes ao assunto e com o retorno das atividades habituais “os fatos narrados terão sua devida apuração e se estiverem fora das normas ambientais vigentes, será feita a aplicação de medidas necessárias à sua adequação, e até mesmo penalidades em havendo infração, conforme estabelecido nos parâmetros e ditames legais pertinentes”.

O Jornal de Juatuba e Mateus Leme também entrou em contato com o Grupo Ullmann, que afirmou através do setor jurídico que a empresa tem mais de 30 anos de existência e nunca teve problemas pelo fato de ser regulamentada e cumprir todas as normas em nível federal, estadual e municipal.

“Notamos que as denúncias são repassadas de forma estranha, pelo fato de os denunciantes estarem se movimentando por meio de uma página em rede social que não tem um responsável legal. A empresa já entrou com procedimentos judiciais, tanto criminal quanto cível e estamos descobrindo quem está por trás dessas denúncias falsas, que temos certeza não serem feitas por um grupo de moradores. Já foram feitas denúncias, a empresa passou por processos de fiscalização e nada foi constatado. Esses moradores não existem, a única intenção é prejudicar a empresa”, pontua advogado.

Uma das proprietárias da Ullmann informou à reportagem que a denúncia é anônima porque a página não tem responsável e que foi feita “por uma empresa concorrente desleal, que quer prejudicar o grupo”. Disse ainda que a empresa “nunca fez ou vai fazer nenhum descarte de material irregular, mesmo porque, presta serviço em diversas regiões do país, e somente o fato de ser uma prestadora de serviço da AMBEV, a credencia como uma empresa séria, pois há exigência de todas as certificações para ser uma terceirizada de um grupo cervejeiro de abrangência nacional”.

Quanto à Ambev, em contato com a assessoria de comunicação, a reportagem foi informada que em 2020 o assunto tema da denúncia foi abordado, mas que os órgãos fiscalizadores investigaram e não foi constatada qualquer irregularidade por parte da empresa terceirizada.

“Informamos que toda a destinação de coprodutos, segue estritamente o previsto em lei e não há qualquer irregularidade na Cervejaria de Juatuba. Além disso, a empresa realiza um trabalho de monitoramento de todos os seus parceiros, para que estes também atuem em estrita concordância com as normas legais”, esclarece a nota.

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