100 dias do segundo mandato de Adônis

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Nesta edição, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme traz um retrospecto dos primeiros 100 dias da administração do prefeito Adônis (PATRIOTA), eleito anteriormente em uma eleição suplementar. Estes poucos mais de três meses são emblemáticos e contraditórios em relação aos compromissos assumidos e os principais pontos do plano de governo apresentado na campanha, ainda não saíram do papel.

Entusiasmo não é um adjetivo para os eleitores de Juatuba. Nas eleições passadas, 4.589 pessoas deixaram de lado seu direito ao voto, o que resultou em abstenção de 21,19%. Na última eleição geral em 2016, a cidade havia registrado a falta de 2.930 eleitores, ou seja, 14,60% do total.

Sem retorno

Muito criticado por não ter ido a um debate promovido por uma rádio de Belo Horizonte e, segundo o mediador, “nem enviado justificativa”, a comunicação do novo governo continua inerte e sem resposta para a população, vereadores e imprensa. Nas redes sociais, os cidadãos não poupam críticas e as reclamações de problemas “chovem”. E é também o que acontece em relação à Câmara Municipal.

É do vereador Leonardo Ferreira, o Léo da padaria, em 2020, a afirmação: “a gente fala, fala, fala e ninguém deste governo escuta”. O tempo passou, Adônis emplacou um novo mandato, mas os pedidos de informação não têm sido respondidos pontualmente para a Câmara. A repercussão negativa só não é maior porque a oposição em Juatuba anda comedida e não tem questionado a administração que tem sido econômica para inovar e cumprir o plano de governo.

A pandemia

O enfrentamento à Covid-19 em Juatuba não está sendo fácil e as indecisões sobre a abertura e fechamento do comércio geraram muitas críticas à administração. A principal delas veio após uma declaração do prefeito de que “o funcionamento de atividades não-essenciais não coloca a população em risco, uma vez que o sistema de saúde do município está preparado para atender os pacientes com a Covid-19”. Em outra fala, Adônis destacou ao Jornal de Juatuba de Mateus Leme, logo no início da pandemia, que os seis leitos de UTI montados no município eram suficientes para atender a população da cidade. O que se viu até aqui é o contrário do que foi dito e hoje Juatuba tinha até a última quinta-feira, 29, 1990 casos registrados e 50 óbitos em decorrência da Covid-19.

No decorrer da pandemia, outro fato que teve grande repercussão foi a falta de distribuição das cestas básicas, o kit de alimentação escolar, para as famílias dos alunos matriculados na rede municipal de ensino. Nos três primeiros meses do governo, as cestas não chegaram aos alunos matriculados, deixando desemparadas milhares de famílias.

Em família

Apesar de a Câmara e lideranças comunitárias terem feito duras críticas ao secretariado e deixarem claro a dificuldade de diálogo com os gestores de diversas pastas, Adônis manteve o primeiro escalão praticamente intacto neste segundo mandato. Todos os gestores foram reconduzidos a suas respectivas posições, inclusive a secretária de saúde, Amélia Augusta, alvo de inúmeras denúncias na Câmara. A exceção foi a vice Maria Célia, que antes acumulava o cargo de secretária de governo. No novo mandato, o posto é ocupado pelo filho de Adônis, Marconi Campagnani Pereira.

Assistência Social

As ações de Assistência Social deveriam estar a todo vapor por causa da pandemia, mas ao contrário, as atividades da Secretaria de Assistência Social de Juatuba são tímidas. Dentre as promessas de campanha para a pasta estavam a reativação do Projeto BEM NASCER, para atender as mães em situação de vulnerabilidade social, a instalação de projetos no espaço do Clube Icaraí, melhoria dos abrigos para atendimento às crianças e adolescentes e acompanhamento das ações do projeto de Engenharia Pública Popular, para beneficiar famílias de baixa renda com moradia digna. Mas o que ganhou destaque no papel, está esquecido, na prática.

E recentemente, o compromisso de Adônis de apoiar projetos para pessoas com necessidades especiais gerou um dos mais calorosos debates destes 100 dias do novo governo. Após atrasar a destinação de recursos para a APAE, o prefeito foi alvo de intensas críticas. A falta de repasse determinou o atraso do salário de servidores da APAE, do mês de janeiro até março.

Infraestrutura

Crateras, falta de rede e captação pluvial, inexistência de calçamento e asfalto, mato alto, muito barro e regiões completamente “abandonadas”. Este tem sido o tom da fala dos vereadores e tema recorrente de indicações deles ao executivo. As reclamações de ruas intransitáveis e que sequer oferecem condições para o tráfego ecoam de toda cidade, mas são em volume maior quando se trata da região de Francelinos, Samambaia e Satélite.

E enquanto a prefeitura não consegue cumprir um cronograma de manutenção das ruas, a notificação aos proprietários de terreno que não cumprem o código de posturas do município para manter lotes limpos e com calçadas, teve uma repercussão negativa entre os contribuintes. O assunto dominou as redes sociais e, muitos internautas não pouparam críticas à administração relacionando demandas que deveriam ser cumpridas pelo poder público e não são. A limpeza das vias públicas e melhorias nas ruas esburacadas e intransitáveis da cidade foram cobradas mais uma vez.

Pavimentar todos os itinerários do transporte escolar, garantir junto à COPASA a rede de esgoto sanitário e com a CEMIG melhorias e ampliação de projetos para iluminação pública foram tópicos da campanha do prefeito Adônis. Porém, além de nada ter sido concretizado para resolver as demandas que envolvem estes três temas, as questões corriqueiras como limpeza e o serviço de tapa-buracos não conseguem atender a comunidade. Construir escolas e creches, praças, implantar academias ao ar livre e dar continuidade às reformas nos prédios públicos do município, também foram temas do plano de governo, mas até o momento nada está em andamento. O Orçamento Participativo está parado e o plano de obras “Pavimenta Juatuba”, segue a passos lentos.

Meio Ambiente

As promessas de ampliar a coleta seletiva de resíduos e reciclagem, incentivar e apoiar a criação de cooperativas, ampliar a Defesa Civil do Município e criar um parque natural próximo a área de eventos também fizeram parte dos compromissos do plano de governo. E mais: realizar a limpeza dos córregos, promover a arborização da cidade, recuperar áreas degradadas, estimular e apoiar a agricultura familiar e realizar a castração de animais abandonados através do Castra Móvel, também são tópicos que não foram sequer alvo de planejamento nestes primeiros 100 dias do novo governo.

Saúde e Educação

A polêmica envolvendo a secretária de Saúde, Amélia Augusta e o Sindserj não ganhou novos contornos, mas com a pandemia, Juatuba deixou à mostra a fragilidade do sistema público para atendimento aos cidadãos.

E na educação, o problema da Escola Municipal Elza de Oliveira Saraiva ganhou uma solução nada interessante para os alunos da instituição de ensino que devem permanecer, ainda por tempo indeterminado, na escola improvisada no prédio da Câmara Municipal. O prédio vai funcionar como centro administrativo da prefeitura.

Segurança Pública

A ampliação do “sistema de olho vivo” e a implantação da guarda municipal no mesmo modelo de Belo Horizonte, com a criação de pontos de apoio em Francelinos e Boa Vista são promessas que sequer foram discutidas nestes 100 dias do novo governo de Juatuba.

Salários

Os pronunciamentos do prefeito Adônis, na página oficial da Prefeitura, não tem tido boa repercussão. O último teve como tema o corte de 30 cargos comissionados e os internautas encontraram a oportunidade de criticar a administração por causa de uma publicação no site da transparência que mostrava “vencimentos de um motorista no valor de R$16 mil”. Em nota, a prefeitura esclareceu que os valores recebidos pelo profissional se referem a três salários de férias-prêmio.

Economia

Juatuba continua derrapando quando o assunto é desenvolvimento econômico. Segundo os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, Caged, o município gerou 83 novos postos de trabalho em fevereiro e o setor da Indústria foi o que fez mais contratações com a abertura de 91 vagas. O segmento com mais queda em postos de trabalho foi o de serviço com um saldo negativo de 25 vagas.

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