Mais de dois anos após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, o governo de Minas, as instituições de Justiça e a mineradora firmaram acordo para a reparação dos danos socioeconômicos causados pela tragédia no valor de R$ 37,6 bilhões. O montante será usado em obras de recuperação no epicentro da tragédia e também em outras áreas em todo o estado. Quem será responsável pelas obras feitas com o dinheiro do acordo será a própria mineradora Vale, com base no Termo de Compromisso assinado entre a empresa e Estado de Minas Gerais, o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais.
Como parte dos municípios afetados, Juatuba será beneficiada com R$ 116 milhões em obras na cidade e um projeto elaborado a partir da listagem de obras deve ser enviado para avaliação do Governo do Estado e, inicialmente, a proposta é que o dinheiro seja investido em ações de saneamento, educação e saúde. Na última semana, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme trouxe a reportagem sobre as comunidades do bairro Satélite e de Francelinos que querem ser ouvidas antes que a prefeitura decida sobre a prioridade de investimentos com os recursos. Moradores realizaram audiência pública e cobraram ações específicas para os mais de 10 mil atingidos que moram nas duas comunidades e que dependem do Rio Paraopeba.
A audiência pública, foi realizada virtualmente, teve duração de quase duas horas e contou com a presença de diversos representantes de comissões de atingidos, prefeitura, associações de bairros e vereadores. O prefeito Adônis Pereira apresentou como proposta principal a construção de um Hospital em Juatuba e lembrou do prédio existente, semiacabado e que abrigaria o Hospital do Câncer. A construção que fica na BR 262 poderá atender Juatuba e os municípios vizinhos. Além disso, o prefeito pontuou que os recursos seriam utilizados também para investimento em saneamento básico. “Já apresentei esta proposta em reunião na Câmara e houve aceitação dos vereadores. Me preocupo muito com os atingidos, principalmente com aqueles que estão recebendo indenização, espero que a mesma seja prorrogada por longa data”, pontuou.
O representante da AEDAS- Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social – AEDAS, Luiz Otávio Ribas, disse que a maior preocupação dos juatubenses é com a qualidade da água, e que as autoridades deveriam encontrar uma maneira de reparar e recuperar o rio e os poços artesianos atingidos diretamente com o desastre. “Os atingidos e representantes das comissões assessoradas pela AEDAS não foram respeitados, não foram convidados para participar das várias reuniões e nem do acordo firmado com o Estado. Mas eles não ficaram parados, participaram dos movimentos. A AEDAS não é responsável pela recuperação e reparação, a responsável direta é a empresa Vale, ou Poder Público que firmaram o acordo”, relembra.
A representante da comissão de atingidos do bairro Cidade Satélite, Joelízia Feitosa, destacou que o acordo traz uma perspectiva de minimizar os sofrimentos das pessoas atingidas. “Não estamos aqui para sermos contrários a qualquer acordo. Queremos a oportunidade de apresentar as nossas próprias propostas, baseadas nos diálogos que tivemos ao longo destes dois anos. Queremos que realmente haja uma reparação mínima que beneficie as pessoas atingidas”, disse.
O presidente da Câmara Kelissander Saliba (Ted), também se manifestou, ressaltando a importância do legislativo ater às questões dos bairros Cidade Satélite, Ponte Nova e Distrito de Francelinos. “Esses foram os bairros mais atingidos diretamente e pedimos ao prefeito uma atenção especial aos moradores que precisam ser ouvidos”. Ao lembrar os impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem do Brumadinho, Ted destacou a importância de cobrar a participação da Copasa na limpeza do Paraopeba, já que o rio faz parte do sistema Serra Azul. “Solicito que o senhor Prefeito envie para esta Casa todos os projetos a serem enviados pois temos conhecimento do projeto da construção do Hospital, mas gostaríamos de saber sobre os outros projetos”, cobrou o presidente da Câmara.
Na audiência, ficou acordado que os representantes dos atingidos encaminhariam todas as propostas para a prefeitura até quarta-feira (05). O Jornal de Juatuba e Mateus Leme entrou em contato eles, mas segundo Joelízia Feitosa, apesar de terem sido recebidos na Secretaria de Meio Ambiente, as demandas sem resposta”, conta.