Secretária da Federação das APAEs diz que fala do Ministro da Educação foi infeliz e desrespeitosa com os deficientes

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“É tempo de transformar conhecimento em ação”, é o tema da Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que relembra a importância da reflexão sobre o respeito e os direitos das pessoas com deficiência. 

A semana ficou marcada justamente após a fala do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre as crianças com deficiência “atrapalharem” o ensino dos demais estudantes e, em alguns casos, ele intitulou ser “impossível a convivência”. 

Em entrevista a um programa de rádio da capital, o ministro reforçou o discurso de que o Ministério da Educação e o governo não querem o “inclusivismo” dessas crianças nas escolas e usou novamente o termo “atrapalhar”. 

“O que nós queremos? Nós não queremos o inclusivismo. Criticam essa minha terminologia, mas é essa mesmo que eu continuo a usar. É claro que existe uma deficiência como a Síndrome de Down, que existem alguns graus, que a criança colocada ali no meio, socializa. Mas 12% não têm condições de conviver ali, na sala de aula”, pontuou ministro.

O Jornal de Juatuba e Mateus Leme entrevistou a diretora-secretária e coordenadora estadual da Família da Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais, Geórgia Stefânia Mendonça. 

A coordenadora regional destacou que um ponto muito positivo para as pessoas com deficiência e para a família é que essas pessoas tenham direito de escolha. Segundo ela, a fala do ministro da Educação teve grande repercussão mas, “ele foi extremamente infeliz e demonstrou enorme despreparo para o cargo, principalmente pelos termos que utilizou e a forma como se expressou. Desrespeitosa com as pessoas com deficiência, com as famílias dessas pessoas, com as pessoas que acreditam na inclusão e que lutam por ela.  A inclusão é um direito adquirido e a gente não pode retroceder em relação a isso”, disse. 

Geórgia pontuou ainda que não acredita em posicionamentos radicais e que sempre defendeu as escolas especiais, para um público específico, destinadas a pessoas com deficiência grave, que necessitam de apoios extensivos e generalizados.

“Posso citar o meu filho como exemplo. Ele tem deficiência múltipla e sempre estudou na escola da APAE. Eu e meu marido acreditamos que é o melhor para ele, que tem tido benefícios na escola especial, onde existem professores capacitados, bem preparados e um ambiente propício. Agora, existem crianças que terão mais benefícios na escola comum e elas têm todo o direito de estar lá e receberem o apoio necessário para de fato serem incluídas. Penso que precisamos caminhar para frente, sem visões radicais, sem forçar demais os processos e entender também o espaço da escola especial, que é importante, voltado para um público mais específico. Devemos preservar isso e o direito de escolha também”, finalizou.

Transformação

Sobre a Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, Georgia disse que é muito bonito ver as APAEs se mobilizando para mostrar seu trabalho e dar visibilidade às pessoas com deficiência. “Essa luta pela inclusão, esse processo que a gente vem vivenciando há algum tempo, nos faz lembrar de antigamente, de como as pessoas com deficiência eram excluídas. As pessoas tinham vergonha, a sociedade não aceitava e hoje a gente vê um movimento pela inclusão e, por mais que a gente saiba que ainda existe preconceito, nós já caminhamos muito nesse sentido. As pessoas já estão aprendendo mais sobre a importância de lidar com as diferenças”, disse.

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