Vale terá que limpar propriedades particulares e vias públicas no entorno do Paraopeba

Militante do Movimento dos Atingidos por Barragens de Juatuba afirma que “se área não for limpa, lama pode virar poeira tóxica”

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A situação dos moradores ribeirinhos do Rio Paraopeba em Juatuba não tem sido nada fácil nestes últimos dois anos, após o rompimento da barragem em Brumadinho que despejou rejeitos de minério nas águas do curso d`água.  O Jornal de Juatuba e Mateus Leme trouxe diversas matérias mostrando como ficaram as plantações ao longo das margens do rio e a situação dos atingidos que moram nas proximidades. Com as chuvas da semana passada, a situação que estava ruim, ficou ainda pior, pois o Rio que corta Juatuba subiu muito e inundou praticamente toda a cidade. 

Esta semana, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, notificou a Vale para adoção de medidas em áreas impactadas pelas últimas chuvas, próximas ao Rio Paraopeba e a mineradora terá que iniciar as atividades listadas pelo órgão imediatamente, além de apresentar um plano de ação em cinco dias.  

O ofício foi feito após o aumento significativo no nível e vazão do rio, provocado pelas chuvas que alagaram as margens e várzeas em muitos municípios.  

De acordo com o ofício, a Vale terá que providenciar a limpeza imediata de propriedades particulares e vias públicas, em apoio às prefeituras dos municípios atingidos pelas chuvas. A mineradora também terá que apresentar um relatório contendo as ações de remoção e limpeza, além de realizar a destinação adequada de todo material removido das áreas atingidas e apresentar delimitação da área de inundação até o reservatório da usina hidrelétrica de Retiro Baixo. 

“Os atingidos estão duplamente desesperados e com medo de serem intoxicados”, diz militante de Juatuba

A Militante do Movimento dos Atingidos por Barragens em Juatuba, Joelísia Feitosa, percorreu as principais vias que foram atingidas pelas enchentes do Rio Paraopeba nas comunidades de Francelinos, Nova Esperança, Satélite e Ponte Nova. Segundo ela, o cenário é de muita lama e destruição e foi agravado porque o rejeito de minério que estava no fundo do rio, subiucom as cheias. 

“A situação é de tristeza; passei por esses locais em vistoria com técnicos do MAB e o que vimos foi um cenário de destruição e muita lama tóxica dentro das residências. A notificação, veio principalmente, para fazer cumprir a lei, de forma que a mineradora Vale não saia impune”, pontuou.

Joelízia confirmou à reportagem, que a prefeitura ainda não fez a limpeza dos locais atingidos e que serão necessários equipamentos próprios de jateamento para retirar todos os resíduos tóxicos das residências. “Eles precisarão de equipamentos especiais, como caminhões de hidrojateamento, além de veículos pesados para retirar o lamaçal das vias. Se a limpeza não for feita, os resíduos vão secar e se transformar em poeira e, ao invés de apenas os ribeirinhos serem atingidos, a população de toda cidade vai respirar poeira tóxico”, denunciou. 

Água imprópria para consumo

Em nota, o Governo de Minas recomendou que a água bruta do rio Paraopeba não seja utilizada para qualquer fim. A determinação inclui o município de Juatuba, que se encontra dentro da zona atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho, até o limite da usina hidrelétrica de Retiro Baixo, em Pompéu, a aproximadamente 250 quilômetros de distância do rompimento.  

A população pode se manter informada acerca dos resultados do monitoramento do rio Paraopeba por meio do Boletim do Cidadão, publicado mensalmente com os resultados do acompanhamento da qualidade da água para os parâmetros com maior predominância de concentrações elevadas. As análises podem ser acessadas por meio do site: www.feam.br.

Mineradora reafirma que está ajudando os atingidos pela enchente

A Vale informou por meio de nota que está acompanhando a situação das áreas alagadas em decorrência das fortes chuvas que atingiram a bacia do Paraopeba nas últimas semanas – quando o rio registrou sua maior vazão, 2.040 m³/s, na estação de monitoramento Porto Mesquita, em Pompéu, desde o início do seu monitoramento pelos órgãos ambientais, em 1966. “A empresa está prestando apoio para as comunidades localizadas às margens do Paraopeba, entre Brumadinho e Pompéu, e avaliando os eventuais efeitos causados pelos alagamentos que possuem relação com os impactados do rompimento da barragem B1 em 2019”, disse.

“Como ações de apoio, desde o último dia 8 de janeiro, a Vale tem atuado com foco na assistência aos moradores atingidos pelas fortes chuvas, em garantir a segurança de suas equipes e no apoio irrestrito ao poder público e Defesa Civil, com o fornecimento de recursos e equipamentos para prestar apoio às comunidades”, informou a nota.

A empresa declarou ainda que, na bacia do Paraopeba, entregou mais de 317 mil litros de água, além de cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal e EPIs. “Além disso, foram disponibilizados barcos e caminhões para resgate de atingidos. Nossas equipes de relacionamento com a comunidade e relacionamento institucional estão em contato permanente com os moradores e com o poder público para colher demandas, dar informações e prestar o suporte necessário”, completou mineradora.

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