Para que uma cidade ofereça qualidade de vida aos habitantes, ela precisa crescer de forma equilibrada. Por isto, o Estatuto das Cidades prevê que todos os municípios com mais de 20 mil habitantes precisam ter um Plano Diretor para orientar a política de desenvolvimento.
Em Mateus Leme, o plano diretor foi instituído em 2006 e em 2017 começaram as discussões para que ele fosse revisto, conforme prevê a lei. Porém, em 2019, a Associação de Amigos da Serra do Elefante, entidade que faz parte do grupo de acompanhamento para revisão do documento, entrou com um mandado de segurança para impedir a aprovação do plano sem a participação e conhecimento da população. Segundo a associação, a revisão foi proposta com diversas irregularidades, dentre elas, a “completa omissão do poder público frente à Unidade de Conservação Natural da Serra do Elefante, que já havia sido desrespeitada em 2013, em seus limites, sem nenhum estudo prévio ou participação da comunidade, para beneficiar empreendimentos em seus limites e até mesmo dentro dela”.
De acordo com a presidente da Associação, Cleide Nilza Cândido, é possível observar nas redes sociais diversas propagandas de loteamentos e a pretensão do poder público de conceder terrenos para a instalação de fábricas e empreendimentos de grande porte no município, muitos deles próximos à Serra do Elefante.
As inciativas do setor público e privado, segundo a defensora do meio ambiente, surgem no mesmo momento em que é registrada a escassez de água em Mateus Leme, problemas sociais em decorrência do crescimento desordenado, turismo predatório e especulação imobiliária na Serra do Elefante.
“Todos estes problemas devem ser pensados e discutidos à luz do Plano Diretor. Precisamos falar sobre isso e cobrar da gestão municipal que volte a discutir com a população sobre a lei maior de ordenamento e gestão territorial. Se isso não ocorrer urgentemente e de forma planejada, amargaremos um futuro nada promissor para nossa cidade”, cobrou Cleide.