Câmara de Juatuba pede fiscalização e faz campanha de conscientização sobre os perigos da linha chilena

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Na sessão desta semana, o presidente da Câmara, Laécio do Silvestre, fez um apelo sobre a necessidade de conscientização sobre os perigos do uso da linha chilena. “Existem várias pessoas que já perderam a vida em decorrência da linha chilena, por isso é preciso o apoio das autoridades do município para que fiscalizem o uso e a comercialização da linha chilena no nosso município”, disse. 

Usada para empinar pipas, a linha chilena é extremamente perigosa devido às suas características cortantes. Ela é fabricada a partir de linha de algodão, misturada com óxido de alumínio e pó de quartzo, substâncias que a tornam altamente afiada. No Brasil, esse perigo tem provocado diversas lesões em motociclistas, variando desde ferimentos leves a casos graves que necessitam de amputações, e até mesmo resultando em mortes.

A proposta de discutir a questão foi apresentada ao vereador pelo motoboy Aldair Chaves, que solicitou medidas sobre o assunto. Em resposta, Laécio propôs um debate mais amplo na cidade e pediu que a Câmara inicie uma campanha de conscientização. “O poder público precisa conscientizar a população”, declarou ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme. 

Para iniciar o movimento, Laécio anunciou que a Câmara vai divulgar nos meios de comunicação oficiais uma campanha que esclarece os perigos do uso da linha chilena.

“O debate não deve se limitar à Câmara, mas também deve envolver ações do Executivo. Pretendemos também levar para a sala de aula, em parceria com a Secretaria de Saúde, para conscientização dos alunos”, destacou.

Há dois anos, morador de Juatuba perdeu a perna ao ser atingido por linha chilena 

Juatuba coleciona casos envolvendo acidentes com o uso do material. O mais recente ocorreu no último sábado (8) com o motoboy Aldair Chaves. Em suas redes sociais, ele compartilhou o vídeo denunciando a prática que quase o fez perder a vida. Enquanto fazia entregas de moto, ele foi atingido por uma linha, mas foi salvo pela instalação de anteninha em sua moto que ficou toda emaranhada com o material cortante. “Eu fazia entrega e veio uma linha chilena que embolou toda na minha moto. Quase cortou o meu pescoço, mas as anteninhas me salvaram. Então, pedi ajuda à Câmara, para que as autoridades possam apreender essas linhas e também conscientizar a população”, disse. 

Aldair conta que em Juatuba já aconteceu outros casos. Segundo ele, outro entregador também foi vítima. “Teve um motoboy que também foi atingido e a linha chegou a cortar o pescoço dele, mas não foi grave”, diz. 

No entanto, há cerca de dois anos, houve um caso mais grave na cidade e um ciclista teve a perna atingida pela linha chilena, sendo necessária a amputação.  “O menino estava de bicicleta, o material cortou a perna dele e, infelizmente, ele a perdeu”, lamenta. 

Uso pode levar à detenção e comercialização gera multa

A utilização, comercialização e transporte da linha chilena são proibidos. A pena para quem for pego utilizando ou transportando esse material pode variar de três meses a um ano de prisão. Já no caso de comercialização, as multas podem chegar a R$ 17 mil. Apesar das restrições, a linha chilena continua a ser um problema devido à falta de fiscalização e à comercialização ilegal.

Além da linha chilena, outras linhas igualmente perigosas e também proibidas são utilizadas para empinar pipas. A linha com cerol, a mais conhecida de todas, é envolta em cola e vidro moído, tornando-se extremamente afiada e perigosa. Já a linha indonésia é um material sintético de náilon, feita com carbeto de silício e uma cola instantânea chamada de cianoacrilato. Essas variantes, apesar de menos conhecidas, representam perigos semelhantes e igualmente mortais em caso de ferimentos.