A falta de chuva e a estiagem prolongada castigam o país, mas quem vive em bairros com ruas pavimentadas não faz ideia do que é conviver nesse período à beira de estradas de terra. Um simples vento ou um carro que passa, levanta uma nuvem vermelha que, além da sujeira, agrava inúmeros problemas de saúde, principalmente em pessoas vulneráveis. As agressões diárias provocadas pelas partículas lotam os centros de saúde com todo tipo de problema respiratório. Esse é o drama de uma moradora do Residencial Serra Azul, em Juatuba que, essa semana, usou as redes sociais para um pedido de socorro.
“Desde terça-feira estou com meu filho passando muito mal. Já levei ele ao médico duas vezes nessa semana”, desabafou a mãe em áudio compartilhado em grupo de whatsapp. Ela também clama às autoridades públicas na esperança de sensibilizá-los. “Peço encarecidamente a vocês vereadores que façam alguma coisa por nós. Estamos precisando de um caminhão-pipa aqui na rua e estamos pedindo socorro”, implorou.
O pedido é para a Rua 17, que já foi tema de reportagem do Jornal de Juatuba e Mateus Leme sobre o drama de milhares de famílias que não sabem mais o que fazer diante da poeira e da ineficiência da prefeitura em garantir a demanda adequada de caminhão-pipa na região.
A moradora que preferiu não se identificar, em conversa com o jornal, conta que o filho, de 11 anos, tem enfrentado crises respiratórias constantes devido à exposição à poeira. “Meu filho vem sofrendo com um problema de bronquite. Há 20 dias ele tomou antibiótico para o pulmão e já tive que levá-lo duas vezes essa semana à UPA”, relatou. Ela também acrescenta a falta de condições do pronto-atendimento local. “Eu o levei até a UPA de Mateus já que em Juatuba não presta”, lamenta.
Além disso, ela ressalta o peso financeiro que a situação impõe à família. Muitos medicamentos necessários para tratar as condições respiratórias do filho não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde, o que a obriga a comprar os remédios por conta própria. “Não estou aguentando mais ficar gastando com remédio, pois a maioria dos medicamentos para problema respiratório não é fornecida pelo SUS. Já estou esgotada, cansada”, desabafa.
Poeira agrava diversos problemas respiratórios
A situação enfrentada pelos moradores do Residencial Serro Azul não é um caso isolado. Quem reside em áreas expostas à poeira constante também sofre o risco de desenvolver diversas doenças respiratórias ou agravá-las. De acordo com informações no portal do Ministério da Saúde, entre as condições mais comuns estão a rinite alérgica e a asma, ambas provocadas pela irritação das vias respiratórias.
A exposição prolongada pode levar ainda à bronquite crônica e à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, que inclui bronquite e enfisema, resultando em obstrução respiratória e dificuldades graves para respirar.
Além das doenças crônicas, a poeira pode contribuir para infecções pulmonares, como a pneumonia, especialmente em crianças e idosos. Outras condições, como resfriados, sinusites, dermatites, alergias cutâneas e até mesmo problemas oculares, como a conjuntivite, também estão entre os transtornos de saúde relacionados à poeira constante.
Para minimizar os danos, os caminhões-pipa têm sido o único recurso para esses moradores, mas o serviço em Juatuba não é suficiente. “Na minha rua o caminhão chega a ficar vários dias sem passar”, diz a moradora. Sem alternativa, além da poeira, a população enfrenta o calor que assola o município nos últimos dias, em suas casas totalmente fechadas. “É tanta poeira que não posso nem mais abrir a janela da minha casa. Temos que viver com tudo fechado”, diz indignada.