Ana Paula Siqueira, sócia do Siqueira Lazzareschi de Mesquita Advogados, mestre em Direito Civil,
professora universitária e diretora da ClassNet Consultoria
A tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na sociedade moderna, e as escolas não são exceção. No entanto, enquanto muitas instituições de ensino debatem sobre a implementação de políticas antibullying e medidas de compliance escolar, a questão do uso de celulares em ambiente educacional, especialmente dentro da sala de aula, continua sendo uma preocupação.
Vários fatores demonstram que o celular dentro da classe afeta o rendimento dos estudantes. A Unesco, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para educação ciência e cultura, apontou os riscos do uso de smartphones em sala de aula em relatório divulgado mês passado, e sugeriu que autoridades adotem medidas para evitar que a tecnologia prejudique o desempenho dos alunos nas escolas em todo o mundo.
Entre os argumentos da agência, o excesso de exposição à tela afeta negativamente a capacidade de concentração e a estabilidade emocional dos alunos, além de amplificar os efeitos das ocorrências de cyberbullying.
O uso de celulares pode ser extremamente distrativo tanto para professores quanto para alunos. A presença constante desses dispositivos pode afetar negativamente o foco e a concentração, elementos cruciais para um ambiente de aprendizado eficaz. Antes de implementar outras medidas complexas, como políticas antibullying e de compliance, garantir um ambiente propício para a educação deve ser a prioridade.
Embora muitas escolas ainda não tenham implementado leis antibullying eficazes, o uso indiscriminado de celulares pode, de fato, agravar o problema. Cyberbullying é uma forma de bullying que ocorre através de meios digitais e pode ser ainda mais prejudicial do que o formato tradicional. Ao restringir o uso de celulares, as escolas podem reduzir as incidências de bullying online durante o horário escolar.
Falta de Compliance Escolar
O termo “compliance” refere-se à conformidade com regras, regulamentos e diretrizes estabelecidos. Muitas escolas ainda estão no processo de implementar medidas de compliance eficazes. Permitir o uso de celulares sem diretrizes claras pode levar a uma série de problemas, como trapaças em testes e exames, gravação e distribuição não autorizada de material acadêmico e pessoal, entre outros.
Desenvolver e implementar políticas antibullying eficazes e medidas de compliance é um processo que requer tempo, esforço e recursos significativos. Em contrapartida, proibir o uso de celulares é uma medida que pode ser implementada rapidamente e com custo mínimo.
Nesse sentido, a cidade do Rio de Janeiro saiu na frente e proibiu, no último dia 7, o uso de celulares e tablets em sala de aula e fora dela, nas escolas, durante trabalhos individuais ou em grupo.
Embora as políticas antibullying e medidas de compliance sejam importantes e previstas em lei, a proibição do uso de celulares pode servir como um passo inicial e eficaz na criação de um ambiente escolar mais seguro e focado. A implementação de tal proibição pode ajudar a reduzir as distrações, diminuir as chances de bullying digital e estabelecer um espaço mais seguro para alunos e professores enquanto as instituições trabalham em medidas mais abrangentes.
Portanto, faz sentido que as escolas priorizem a proibição do uso de celulares enquanto continuam a desenvolver e implementar políticas mais complexas para garantir um ambiente de aprendizagem seguro, inclusivo e eficaz.
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