A entrega da carta de renúncia da contribuição sindical anual no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juatuba resultou em uma série de acusações e confusões. A servidora municipal Marleize Souza, que atualmente trabalha na Secretaria de Infraestrutura, divulgou um vídeo acusando o diretor do sindicato, Geraldo Ricardo, de hostilizá-la quando ela tentava entregar a carta na instituição. Em resposta, o sindicalista rebateu as acusações, afirmando que “tudo não passa de uma manobra política orquestrada pelo prefeito para prejudicar a entidade”.
Servidora alega que foi impedida de apresentar a carta
Em vídeo compartilhado nas redes sociais, Marleize Souza relatou que os servidores foram informados que tinham até às 14h do dia 7 de junho para entregar a carta ao Sindicato, pedindo que não fosse autorizado o desconto sindical. Em seu relato, ela diz ter chegado à entidade às 13h55 com um documento digitalizado, mas foi orientada a escrever a carta de próprio punho. Após cumprir a orientação, ela finalizou a escrita às 14h05 e, ao entregar, ela questionou sobre possíveis privilégios para alguns servidores quanto ao horário da entrega do documento. “Eu disse que essa norma deveria ser para todo mundo, pois eu não era diferente de ninguém”, afirmou.
Nesse momento, o sindicalista chegava ao sindicato e, ao presenciar a cena, se recusou a receber a carta de renúncia da servidora. “O presidente pegou o documento e falou que não iria mais receber pois havia passado das 14h”, relatou na publicação.
Segundo Marleize, isso resultou em uma discussão acalorada, durante a qual ela afirma ter sido atacada verbalmente por Geraldo Ricardo. “Eu disse que se ele não quisesse validar a entrega, seria problema dele e ele me mandou à merda. Eu não rebaixei ao nível dele por que não compensa. Entrei no carro e saí”, disse.
A servidora afirma que pretende se desligar do sindicato. “Há nove anos pago por um serviço que não é prestado. Essa é minha indignação pela forma como o senhor Geraldo me tratou”. Ela também menciona que possui um protocolo que comprova a tentativa de entrega do documento e que, caso o desconto sindical seja efetuado, entrará na justiça.
Geraldo Ricardo desmente versão da servidora
Em contrapartida, Geraldo Ricardo também utilizou um vídeo para esclarecer a situação e rebater as acusações. Ele detalhou todas as ações tomadas pelo Sindicato para garantir que os servidores tivessem conhecimento do prazo para a entrega da carta de renúncia da contribuição sindical. Segundo ele, a informação foi amplamente divulgada por meio dos principais veículos de comunicação da cidade, incluindo o jornal de Juatuba e Mateus Leme, como também na página e no quadro de avisos da entidade. “Fizemos a publicação com a informação da assembleia no dia 4 de junho para discutir o índice da contribuição e também divulgamos que quem não quisesse contribuir, poderia entregar a cartinha nos dias 5 e 6 de junho, das 7h às 11h”, explica.
No entanto, durante a assembleia realizada no dia 4 de junho, o sindicato decidiu ampliar o prazo e o horário para a entrega do documento. “Na assembleia, resolveram aumentar mais um dia para a entrega da carta modelo e horário. As novas datas passaram a ser do dia 5 a 7 de junho, das 7h às 14h”, explicou.
Ele refutou a alegação de agressão verbal e de que teria impedido a servidora de entregar o documento. “Em momento algum tomei a carta e me recusei a receber. Isso é impossível, já que a carta está lá no sindicato. Também não proferi palavras de baixo calão. Isso é mais uma mentira plantada para prejudicar o sindicato”, declara.
Sindicalista afirma servidora agiu a mando do prefeito
O sindicalista sugeriu que as acusações de Marleize Souza fazem parte de uma tentativa de prejudicar a entidade, orquestrada pela administração municipal, com a qual o Sindicato tem tido diversos embates públicos nos últimos anos. Geraldo Ricardo alegou que Marleize tem ligações estreitas com a atual administração. “Ela fez o vídeo na sala do prefeito. Vou soltar outro vídeo falando sobre como isso é uma armação para prejudicar o Sindicato”, revela.
Ele destacou que a servidora possui uma trajetória atípica no serviço público municipal, o que poderia corroborar a tese de conluio. Admitida como auxiliar de limpeza em 2015, por meio de concurso público, após problema de saúde, Geraldo afirma que ela passou por várias promoções e, atualmente, ocupa o cargo de Supervisora do Departamento da Defesa Civil, com salário de 6.158,00. “Eu também tenho problemas de saúde parecidos com o seu, mas não preciso puxar saco de ninguém para desviar a função e dobrar o salário como você, que ganhava R$1.500 como auxiliar de limpeza e agora, mais que dobrou”, disse o sindicalista no vídeo.
Ele ainda reforçou que ela segue ordens de superiores para atacá-lo. “A senhora é uma aproveitadora. É uma daquelas que são escaladas para prejudicar o sindicato e o presidente da entidade”, esbravejou na publicação.
Compromisso com a transparência
Em 2023, o STF autorizou que os sindicatos de todo o país fizessem a cobrança da contribuição sindical, por considerá-la válida. No entanto, cabe ao trabalhador autorizar ou não esse desconto. Caso não queira, ele deve encaminhar a carta ao sindicato, no prazo estipulado pela entidade, para solicitar a renúncia do desconto. “A contribuição não é obrigatória. Ela se trata de uma ajuda de custo para o sindicato que o associado pode ou não autorizar que seja descontado em seu pagamento”, explicou Geraldo.
Ele também mencionou que advogados, aposentados e agentes políticos não precisam se preocupar em apresentar a carta de renúncia, pois não haverá desconto.
Para facilitar o processo, Geraldo conta que o Sindicato havia proposto uma alternativa que foi rejeitada pela prefeitura. A ideia era enviar uma lista com o nome de todos os servidores para que pudessem formular uma carta, permitindo que cada funcionário apenas marcasse “sim” ou “não” para autorizar o desconto. “Isso ajudaria nos cofres do município, já que a prefeitura disponibilizou carros da administração para levar os trabalhadores ao Sindicato para entregar essa carta”, argumentou.