Defensora pública visita atingidos de Juatuba para debater acordo da Vale

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A representante da Defensoria Pública de Minas Gerais, Carolina Morishita, esteve em Juatuba esta semana. A atividade, que integra um cronograma de visitas previsto pelas instituições de Justiça, reuniu famílias e lideranças atingidas em três pontos do município. “Essa metodologia de estar presente no território é muito importante. A gente sente a diferença ao estar nesses locais, ouvir as pessoas atingidas e ver o que elas estão tentando muitas vezes nos mostrar por vídeo ou foto e não conseguem”, relatou Morishita.  

O primeiro ponto visitado pela defensora pública foi a Ocupação Santa Fé, localizada no Distrito de Francelinos. A vizinhança se reuniu e aproveitou para tirar dúvidas relacionadas ao Programa de Transferência de Renda. Ainda na comunidade de Francelinos, a representante da DPMG visitou o campo de esporte e lazer atingido tanto pelo rompimento da barragem da Vale, em 2019, como pelos impactos das enchentes registradas na região, este ano. Após as chuvas, na época, o campo foi limpo pela própria população atingida, sem apoio de órgãos públicos.   

As famílias atingidas também puderam tirar dúvidas e levantar preocupações durante a segunda reunião que ocorreu na sede da associação comunitária do bairro Satélite.   “Aqui a gente consegue ter a compreensão de que a participação não só via canais virtuais e estáticos, mas também é com esse entendimento de que visualizar os danos enfrentados cotidianamente pelas pessoas é uma parte de mobilizar a atuação jurídica da Defensoria Pública para a construção e defesa de direitos”, afirmou a defensora.  

Avaliação da defensora

Morishita avaliou ter identificado três principais dúvidas apontadas pelas pessoas atingidas. “Uma das principais questões observadas em Juatuba é o Programa de Transferência de Renda, que a gente inclusive entende que precisa ser acompanhado de forma próxima e melhorar muito a comunicação para que as pessoas se sintam mais seguras. Outro ponto é o asseguramento da participação das pessoas atingidas no acordo, que contém projetos e demandas das comunidades. E, por fim, o fortalecimento do serviço público e como as pessoas atingidas precisam ter um espaço de compreensão dessas políticas”, detalhou.  

O cronograma de atividades presenciais previsto pelas instituições de Justiça já realizou visitas, além de Juatuba, nos municípios de Betim, Mário Campos e São Joaquim de Bicas.

Levantamento de risco à saúde

Os inúmeros de pessoas atingidas com problemas relacionados à saúde como alergias, coceiras e manchas na pele, além de problemas gastrointestinais como refluxo, queimação, diarreia, persistem em se propagar nas comunidades ribeirinhas ao Paraopeba que recebeu grandes cargas de rejeitos após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.

As enfermidades são na maioria das vezes causadas pela inalação de partículas de poeira no ar ou pelo consumo de alimentos contaminados. Segundo os especialistas contratados por consultoria especializada, um produto químico pode atingir diretamente o tecido no intestino ou ser absorvido para a corrente sanguínea agravando ainda mais os problemas de saúde.

Com base nas constantes reclamações dos atingidos de Juatuba e região, a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social, Aedas, resolveu dar continuidade ao levantamento técnico de danos sofridos pelas pessoas atingidas. Durante o levantamento serão realizadas análise do ar, incluindo as de poeira domiciliar e de solo superficial) e risco a saúde (como a ingestão de contaminantes e aumento do risco de adoecimento futuro). As pesquisas começarão inicialmente no dia 1º de agosto, nos municípios de Juatuba, Mateus Leme, Mário Campos, São Joaquim de Bicas, Betim e Igarapé.

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