Conforme preconiza o Governo Federal, o Sistema Único de Saúde, em todas as esferas de governo, deve cumprir uma listagem de espera dos pacientes que aguardam consultas, exames, intervenções cirúrgicas e quaisquer outros procedimentos. Ou seja, nenhum político ou agente de saúde pode passar na ”frente ou furar fila” de pacientes que já aguardam o atendimento. Infelizmente, na prática, não é isso que vem ocorrendo em Mateus Leme. Esta semana, a reportagem do Jornal de Juatuba recebeu uma denúncia, que aponta um suposto esquema de fura fila do SUS na cidade.
Não é segredo que grande parte das demandas de Saúde partem dos gabinetes dos vereadores. Isso, porque como eles estão na linha de frente dos interesses da população e são mais acessíveis aos cidadãos, são os primeiros a serem procurados para auxiliar quem precisa realizar cirurgias eletivas, exames de alta complexidade e até socorro em emergência.
Os vereadores que são demandados pela população, entram em contato com os secretários para cobrar mais rapidez no atendimento das demandas. No entanto, os parlamentares se surpreenderam depois que o prefeito, Dr. Renilton Coelho anunciou o fim da “parceria” do legislativo e executivo para os casos da área de saúde. Ou seja, a população que procura os parlamentares, deverá procurar diretamente o prefeito, para que o mesmo “avalie” a demanda da pessoa e despache a autorização de atendimento prioritário para a Secretaria de Saúde.
Lideranças da cidade vem compartilhando um áudio que deixa clara a prática. Pelo WhatsApp, o secretário Adjunto de Saúde, Éder Júnior, afirma que as demandas de Saúde agora deverão ser direcionadas única e exclusivamente ao chefe do executivo, que despachará as decisões diretamente do gabinete.
“Foi feita uma reunião de alinhamento no gabinete, pontuando que as demandas que vem dos vereadores, ou até mesmo da população, deverão ser encaminhadas diretamente ao gabinete do prefeito para serem discutidas com Dr. Renilton. Com isso, o prefeito vai despachar direto com o secretário de Saúde, Bruno Diniz. Essa foi a orientação passada para nós”, relata secretário adjunto, em áudio a uma servidora do Legislativo.
Caso parecido em Goiás
O secretário Saúde de Luziânia (GO), Divonei Oliveira de Souza, pediu afastamento da pasta, depois de ter se tornado alvo do Ministério Público do Estado de Goiás, que apura o conteúdo de um áudio em que ele admite coordenar esquema para furar filas de cirurgias realizadas pelo SUS no município.
Segundo a gravação, o prefeito Diego Sorgatto e vereadores da região tinham conhecimento da prática. As manifestações ocorreram após uma servidora do Hospital Municipal ter gravado uma reunião em que o Secretário da pasta informava que a profissional seria transferida para outra unidade de saúde e a repreendia por supostamente questionar superiores hierárquicos que a orientavam a privilegiar pacientes indicados pelo prefeito, secretário e vereadores, no processo de agendamento de operações e consultas.
No caso de Mateus Leme, ainda não existe investigações e nem denúncias sobre a suposta prática de “fura-fila”, no entanto, o áudio do secretário adjunto levantou dúvidas e suspeitas.