Empresários e políticos mineiros “foram beneficiados em esquema de vacinação particular”

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Reportagens da revista Piauí e do jornal O tempo apontam que empresários e políticos mineiros (ligados ao setor de transporte) foram vacinados às escondidas contra a Covid-19. Eles e também seus familiares, cerca de 50 pessoas, teriam recebido a primeira dose do imunizante da Pfizer no início da semana. Segundo a reportagem, o grupo adquiriu a vacina de forma particular, mas não a repassou ao SUS (Sistema Único de Saúde), como é determinado nessas situações – até que sejam imunizados os grupos prioritários. Cada um dos envolvidos pagou R$ 600 pelo imunizante. De acordo com a reportagem da revista Piauí, replicada por outros veículos de comunicação, a compra das vacinas ficou a cargo dos irmãos Rômulo e Robson Lessa, da empresa Saritur, que teria, inclusive, cedido uma das garagens para servir de posto de vacinação improvisado. A empresa negou as informações à reportagem.

A denúncia também dá conta de que o ex-senador Clésio Andrade (MDB), que foi presidente da Confederação Nacional de Transportes (CNT) teria recebido, gratuitamente, a vacina dos amigos empresários. Andrade, que é natural de Juatuba (MG), foi vice-governador de Minas Gerais no primeiro mandato de Aécio Neves (PSDB). À “Piauí”, ele disse que foi convidado para se vacinar e não pagou pela dose. Ao jornal O Tempo, o ex-parlamentar negou a informação. “Desconheço. Estou em quarentena aqui, no Sul de Minas”, informou. Questionado sobre sua declaração à revista, Andrade ignorou as mensagens e as ligações da reportagem. Posteriormente teria dito que a vacina lhe foi ofertada por amigos, gratuitamente, e que ele nem precisava já que a receberia nos próximos dias por causa de sua idade (69 anos). Outro político mineiro também é apontado pelas reportagens como beneficiado do esquema de vacinação, o deputado estadual Alencar da Silveira (PDT). O parlamentar igualmente negou sua participação e até se mostrou surpreso com as informações.

O esquema de vacinação, de acordo com as matérias jornalísticas, aponta outros envolvidos e até mesmo a empresa ArcelorMittal Aços, que teria se beneficiado com a aquisição direta dos imunizantes contra o coronavírus. A empresa, por meio de nota, informou que nunca comprou nenhuma vacina da Pfizer (ou de qualquer outra empresa farmacêutica) contra a Covid-19 e negou ainda que tenha feito contato com qualquer indústria para a compra direta de imunizantes. Também refutou informações de que profissionais do grupo empresarial, da Abertta Saúde, empresa de gestão de saúde da ArcelorMittal, que atua como posto avançado de vacinação do SUS junto às secretarias municipais de Saúde de Belo Horizonte e de Contagem, tenham atuado na aplicação de vacinas em particulares.

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