Um fato polêmico envolvendo um servidor comissionado da administração de Mateus Leme movimentou o município esta semana. O funcionário da prefeitura foi acusado de vender túmulos às famílias de pessoas que seriam sepultadas em cemitérios de Mateus Leme. O dinheiro era enviado pelas vítimas a uma conta pessoal do suspeito.
Marilande Soares Dias, morou em Mateus Leme durante 40 anos e no dia 25 de novembro de 2021, faleceu aos 74 anos em virtude de uma trombose. No dia do enterro da senhora, os coveiros receberam a guia para realizar o serviço, mas o dinheiro pago pela família, nunca chegou aos cofres públicos. Um dos filhos da idosa, que não quis se identificar, entrou em contato com o Jornal de Juatuba e Mateus Leme e disse que nem chegou a ver a guia. “O coordenador até esteve no cemitério em uma caminhonete branca, eu pude visualizar ele com um papel na mão, mas estávamos eu e minha família preocupados e fragilizados com a morte da minha mãe e ele ligou o carro e seguiu seu caminho”, disse.
Segundo o filho da idosa, o responsável pelo recebimento dos valores seria o coordenador de engenharia da prefeitura, exatamente do setor que coordena os quatro cemitérios da cidade. O denunciante afirma que esse funcionário passou os dados para o pagamento e fez toda a negociação. Ele teria cobrado pouco mais de R$2.800 para realizar o enterro. “Quem fez o pagamento foi meu irmão que estava completamente transtornado”.
O filho da aposentada só desconfiou do possível golpe após dar entrada no processo de inventário da mãe e descobrir que o pagamento foi feito em nome do servidor e com um valor acima do que o cobrado usualmente pela prefeitura. “Só constatei que o valor pago era absurdo depois que entrei no site da prefeitura e identifiquei que minha família pagou cerca de quatro sepultamentos”, revela.
O responsável pela irregularidade, que tinha cargo comissionado, foi exonerado e um processo administrativo foi aberto para apurar o caso. “O que nós tivemos aqui foi uma suspeita que está sendo levantada com a total clareza. Ainda não temos a apuração total do fato”, disse o Secretário de Administração, Fabrício Nuno Canguçu.
A Polícia Civil também investiga a denúncia, e segundo dados da prefeitura houve quase 400 sepultamentos na cidade desde o mês de janeiro de 2021, quando o servidor assumiu o cargo. A Polícia deve chamar as famílias para prestarem depoimento, para tentar descobrir se outras pessoas foram enganadas e se há mais gente envolvida. “Todas as pessoas que realmente tenham sido cobradas por este servidor público, devem comparecer na delegacia que vamos apurar todos os possíveis casos”, alertou o delegado de Mateus Leme, Diego Nolasco.
