Tarefas do dia a dia como usar talheres, sentar e ficar de pé, escovar os dentes, segurar o celular, digitar no computador são muitas vezes desafios para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e afetam a qualidade de vida e independência deles. E se em casa, a situação é desafiadora, nos locais públicos, os obstáculos e as barreiras para os portadores de necessidades especiais são ainda maiores.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam que 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,91% da população brasileira. Apesar de números significativos, no país ainda não há cidade totalmente acessível e a falta de acessibilidade está por todos os lados, desde o transporte público, até nos prédios e espaços públicos e privados, hotéis e restaurantes.
Nesta sexta-feira, quando foi comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme conversou com Aline Margarida Barbosa, presidente voluntária da APAE de Juatuba. Para ela, dentre os principais problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência no Brasil está a ausência de um modelo de acessibilidade a ser seguido e, apesar dos avanços que o país tem alcançado, ainda são muito grandes os desafios para que as cidades sejam plenamente acessíveis.
Segundo Aline, em Juatuba os desafios diários são enormes e a pavimentação deficiente das calçadas dificulta a circulação de pessoas em cadeira de rodas, idosos, mulheres com saltos altos, obesos ou pessoas com mobilidade reduzida. ”Os passeios têm péssimas condições e as lojas poderiam investir em provadores adaptados, balcões mais baixos e no acesso à comunicação para as pessoas surdas e deficientes visuais. É preciso pensar na necessidade de condições mais dignas para todos os deficientes e não apenas em rampas para os cadeirantes”, afirma.
A dirigente da APAE explica que o primeiro passo para solução da acessibilidade no município é o planejamento interdisciplinar e a elaboração de projetos para as pessoas com deficiência. “Todos os setores devem estar envolvidos, como o executivo, o legislativo e as entidades. A acessibilidade não diz respeito apenas ao transporte e vias públicas. É necessária a participação de todas as instâncias decisórias no planejamento de uma cidade”, finaliza.
Mateus Leme não foge à “regra”
Uma rápida volta pela área central de Mateus Leme é suficiente para identificar que a cidade não está diferente de Juatuba na questão da falta de acessibilidade. Passeios, rampas de travessia, sinalização tátil e através de sinais sonoros não existem e as calçadas esburacadas completam o cenário desafiante a ser enfrentado pelos portadores de necessidades especiais. Recentemente, o presidente da Câmara de Mateus Leme, Welington Batata, cobrou melhoria na acessibilidade aos sanitários do prédio da Prefeitura, para atender os portadores de necessidades especiais. “Tem uma moça que trabalha no setor de protocolo, é deficiente e estou indignado com a falta de atenção da administração para com essa servidora que precisa descer as escadas para ir ao banheiro”. Até essa semana, o problema não foi resolvido.
Outra reclamação constante é referente aos imóveis em construção. “Tem que fiscalizar o pessoal que está construindo as casas geminadas da Caixa Econômica Federal, pois eles não estão fazendo os passeios corretamente para a passagem de pedestres e cadeirantes. Em muitas ruas não tem asfalto e a Caixa está liberando as casas para vender sem infraestrutura. É só olhar e vocês vão ver as irregularidades”, denunciou um internauta.