Diretor da Tiberina em Juatuba diz falta de material vai continuar
A pandemia está trazendo mais um cenário desafiador para Mateus Leme que é economicamente reconhecida como polo do setor de peças automobilísticas. A notícia que a Fiat colocou em férias coletivas cerca de 1,9 mil funcionários deixou a cidade apreensiva pois, segundo a montadora, o motivo da decisão seria a irregularidade no fornecimento de peças e a necessidade de adaptar o ritmo de produção às condições atuais de volume e regularidade de fornecimento de componentes. As férias de 10 dias começaram dia 19 de abril, com retorno programado para esta semana.
Em março, a Fiat já havia colocado em férias dois mil funcionários de duas linhas de produção pelo mesmo motivo. A imprevisibilidade na entrega de peças e componentes eletrônicos tem levado as montadoras de todo o país a reavaliarem a escala de trabalho. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em média 14 fabricantes, com um total de 30 fábricas, ficaram paradas entre 7 e 12 dias e novas paradas podem ocorrer nos próximos meses.
Segundo o diretor da multinacional Tiberina, Fábio Daghero, os atrasos no fornecimento de peças e falta matéria prima estão ocorrendo desde setembro do ano passado. “Isso afetou todos os fornecedores e impactou na capacidade produtiva da Fiat, por isso ocorreram as férias coletivas, baixando a produção em 50%. Desde quinta-feira, 29, a montadora voltou ao normal, mas a falta de material vai continuar”, revela Fábio.
Ainda segundo Daghero, apesar das dificuldades que o cenário econômico tem apresentado, a Tiberina não demitiu e nem deu férias coletivas. “A empresa adotou protocolos rígidos de segurança. Inspecionamos a utilização de máscaras e álcool em gel frequentemente, fechamos os vestiários e foram colocados acrílicos no refeitório. Além disso, é obrigatória a medição da temperatura na entrada da empresa”, explica.
Sobre os impactos que a falta de componentes e matéria prima estão causando na economia de Mateus Leme, nossa reportagem conversou com ex-prefeitos e pessoas ligadas ao desenvolvimento econômico do município.
O ex-prefeito Júlio Fares, destacou que Mateus Leme vai sofrer mais do que vem sofrendo com a questão da pandemia. “Quando estive como prefeito fiz o máximo para manter a cidade aberta, fechei somente no início, enquanto não montávamos o hospital de campanha.
Fares lembrou também que os esforços do seu governo foram para diversificar as atividades industriais da cidade. “Incentivei a manutenção e o crescimento das grandes empresas que são fornecedoras da Fiat, mas trouxemos mais de 20 empreendimentos para Mateus Leme, fora do setor automobilístico, para tentar manter um equilíbrio econômico”, conta.
O ex-prefeito Marlon Aurélio Guimarães disse que estaria avaliando a “realidade do município” e retornaria à reportagem com mais informações, mas até o fechamento desta edição não opinou acerca do assunto.
Para o ex-presidente da Associação Comercial Industrial Agropecuária e Prestação de Serviços de Mateus Leme- ACIAPS, Marcus Júnior Diniz, o país está diante de um grande desafio social e econômico: “por um lado, a pandemia acabou com milhões de empregos na região, principalmente em pequenas e médias empresas e nos setores de serviços, turismo e empresas do ramo automobilístico; por outro, houve uma aceleração da transformação digital e da inovação, o que abre novas oportunidades de trabalho, mas exige adaptações rápidas nos sistemas educacionais e programas de treinamento para preparar melhor a mão-de-obra para um futuro que já chegou”.
Segundo Júnior, a localização de Mateus Leme e a proximidade de grandes montadoras, faz com que a maioria das indústrias existentes no município, atuem no setor automobilístico. “Acredito que, perante este momento de grande dificuldade, a curto prazo seja necessária a realização de políticas sociais voltadas ao trabalhador, não só oferecendo assistência básica à famílias em dificuldades, mas, especialmente, fornecendo mecanismos para o preparo dos mesmos para a retomada ao mercado de trabalho. A médio e longo prazo, é necessário que seja dado continuidade à diversificação do objeto-fim das empresas instaladas em Mateus Leme e nas cidades de nossa região, ofertando assim maiores possibilidades aos cidadãos, mesmo perante crises em determinados segmentos”, pontua.