Uma cena de dor, revolta e indignação. Foi assim que o policial penal e ex-candidato à Prefeitura de Juatuba, conhecido como Mestre Israel, descreveu o que ele e sua família enfrentaram no último sábado (10) ao chegar ao Cemitério Municipal para sepultar o neto, Ravier Silva, de apenas cinco meses de idade. O que deveria ser um momento de luto e despedida íntima se transformou em um retrato do descaso com a desorganização do serviço de sepultamento.
“Pessoal, que tristeza. A gente está no cemitério de Juatuba enterrando um anjo, uma criança de tenra idade, meu neto. Mas é uma vergonha”, desabafou Mestre Israel em um vídeo publicado nas redes sociais. Segundo ele, mesmo com o velório sendo realizado em espaço cedido pela Prefeitura e o carro funerário também sendo da administração municipal, ao chegarem ao cemitério, ninguém sabia do enterro. Nem mesmo o coveiro havia sido informado. “Não tinha cova aberta, ninguém sabia que teria o sepultamento”, completou.
De acordo com o relato, os familiares junto com o corpo tiveram que aguardar no local enquanto funcionários se organizavam às pressas para providenciar uma cova. O improviso gerou mais dor em um momento já marcado pela perda. “É um desrespeito aos direitos da pessoa na hora de partir. Tem que ter um conforto. É uma dor muito grande para uma mãe que está perdendo um filho”, disse desolado.
O caso gerou forte comoção nas redes sociais e grupos de moradores. Uma das mensagens que circulam nos aplicativos de mensagens denuncia o estado do próprio cemitério e a suposta omissão de lideranças políticas da cidade. “

Em entrevista à reportagem, Mestre Israel relatou os detalhes da tragédia familiar. Segundo ele, a criança que tinha problemas cardíacos, passou mal na sexta-feira (9) e foi levada ao Pronto Atendimento Municipal por volta das 11h. A família alega que, mesmo com o quadro apresentado, a criança foi liberada após horas de espera.
“Ela continuava chorando, e o pessoal falou que já podia ir para casa. Ela veio para casa, continuou passando mal. A mãe pensou em levar de novo no outro dia, mas a criança amanheceu morta”, contou.
O velório foi realizado no domingo com apoio da prefeitura, que providenciou a funerária e confirmou a cova. No entanto, segundo Mestre Israel, a comunicação com o cemitério falhou. “Eles não conseguiram avisar com antecedência. O pessoal chegou e não havia cova aberta, ninguém do cemitério sabia. O coveiro falou que já é a terceira ou quarta vez neste ano que isso acontece”, disse.
Além da falta de organização, o ex-candidato também criticou as condições de acesso ao cemitério. “O caminho até lá, ali na parte do Cidade Satélite, é cheio de buracos. Muito triste. É uma vergonha”, desabafou.
A ausência de manifestações públicas de vereadores também foi alvo de críticas. “É assustador esse silêncio. Até agora, ninguém se posicionou, nem contra, nem a favor. Isso é inadmissível”, declarou uma moradora em uma rede social.
Procurada pelo nosso jornal, a Prefeitura informou que “está realizando uma curadoria detalhada sobre o assunto, reunindo todas as informações necessárias. Assim que concluído esse levantamento, será feito um pronunciamento oficial sobre o caso”.