Famílias de Mateus Leme e Juatuba vivem em pobreza extrema e campanhas tentam diminuir a situação

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Mais de quatro mil famílias têm renda per capta de até R$ 89 mensais, menos de R$ 3,00 por dia

O fim do auxílio emergencial em dezembro do ano passado – retornado este ano com redução de 70% dos valores – e outros fatores que vem se acumulando ao longo dos anos, mostram um cenário triste de pobreza extrema no Brasil desde janeiro. Uma reportagem do jornal “Folha de São Paulo” de 31 de janeiro, informava que o país tem hoje mais pessoas na miséria do que antes da pandemia e, em relação ao começo da década passada, em 2011. Desde o início do ano, 12,8% dos brasileiros passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês, ou seja, R$ 8,20 ao dia. Brasileiros de todas as partes do país estão na linha de pobreza extrema, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas e da Pesquisa Nacionais por Amostra de Domicílios do IBGE.

Em estudo publicado na última quinta-feira (22) pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo, o Brasil deve somar 61,1 milhões de pessoas vivendo na pobreza e 19,3 milhões na extrema pobreza. Os problemas decorrem das desigualdades sociais vivenciadas pelo país, agravadas pela pandemia da Covid-19 e pela diminuição do valor do auxílio emergencial do governo federal. O efeito negativo da Covid-19 sobre a renda dos mais pobres já tenderia a ser prolongado levando-se em conta a recuperação difícil que o Brasil tem à frente, o aumento das mortes pelo coronavírus e a morosidade no planejamento da vacinação. Desemprego, fechamento de negócios e a impossibilidade de muitos brasileiros exercerem suas atividades profissionais nos momentos mais graves da pandemia vêm conduzindo muitas pessoas para situações econômicas complicadas, ampliando o cenário da pobreza extrema.

Em 2021 são consideradas pobres as pessoas que vivem com uma renda mensal per capita inferior a R$ 469, ou US$ 1,90 por dia, conforme critério adotado pelo Banco Mundial. Já os extremamente pobres são aqueles que vivem com menos de R$ 162 mensais. O grupo paulista Coalizão Negra por Direitos está mobilizando a sociedade para combater a insegurança alimentar numa campanha feita por artistas. “Tem gente com fome” é o nome da campanha que vem denunciar que quase 30 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza e que a fome atinge 19 milhões de brasileiros durante a pandemia.

“Partilhe o bem” da Paróquia de Santo Antônio, distribui mais de 500 cestas

A Paróquia de Santo Antônio, de Mateus Leme, tem desenvolvido o trabalho de arrecadação de alimentos para fornecer às famílias que estão em vulnerabilidade social na cidade. De acordo com o Padre Daniel Leão, no início do mês a paróquia conseguiu distribuir 300 cestas básicas. “A última campanha foi feita na Páscoa. Foram ao todo 300 famílias contempladas. Além das cestas básicas, distribuímos uma cesta pascal com chocolate, bolachas, balas e leite”.

O pároco ainda revelou que neste sábado serão entregues mais 250 cestas. “Foi feito o carrinho solidário nos supermercados da cidade. Os fiéis doaram nas igrejas e algumas empresas também doaram. Dessa vez, além das cestas, vamos distribuir kits de higiene e limpeza também”.

“Sua doação é um prato cheio para quem precisa”

A situação em Juatuba e Mateus Leme aponta para o crescimento dos números de pessoas em situação de vulnerabilidade social e de extrema pobreza, o que faz com sejam ampliadas ações de grupos de assistência social. A campanha, que está mobilizando o Espaço Chanell e o Instituto Corujinha, já conseguiu minimizar as dificuldades vividas por várias famílias de Mateus Leme. Além de identificar e mapear quem mais precisa de apoio, a iniciativa está arrecadando alimentos, leite, além de orientações de combate e prevenção ao coronavírus. De acordo com os coordenadores da iniciativa, a contabilidade das cestas arrecadadas e das famílias ajudadas, ainda não foi feita porque a campanha ainda está em andamento.

Para ajudar na campanha “Sua doação é um prato cheio para quem precisa”, basta deixar sua contribuição no Espaço Chanell, localizado na rua Moacir Jardim, 1.627, no Bairro Nossa Senhora do Rosário, ou entrar em contato pelos números (31) 3535-1922 e (31) 99643-1922. A campanha não tem previsão para terminar.

“Vacinação Solidária” em Juatuba

Já em Juatuba, quem está ajudando a Secretaria de Desenvolvimento a fazer a diferença é a própria população que está sendo vacinada. Recentemente foi criado pela Prefeitura, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e a Secretaria de Saúde, o projeto ‘Vacinação solidária’, visando a arrecadação de alimentos para famílias em necessidade no município. Os doadores podem entregar a doação de alimentos no ato da vacinação e os alimentos arrecadados estão sendo reunidos em cestas. Até o fechamento dessa edição não foram enviados os dados referentes à quantidade de alimentos arrecadados pela Secretaria e quantas famílias foram beneficiadas.

Milhares de famílias em extrema pobreza

Nos dois municípios existe o sistema de Cadastro Único, que funciona nas Secretarias de Desenvolvimento Social. O setor cuida das informações sobre a situação econômica das famílias de baixa renda.

Dados colhidos pelo Jornal de Juatuba e Mateus Leme apontam que mais de 10 mil famílias estão cadastradas no órgão, nas duas cidades. Dessas, 4.029 famílias vivem em extrema pobreza, com renda per capta familiar de até R$ 89,00, ou menos de R$ 3,00 por dia e recebem o auxílio da Bolsa Família do governo federal. Desse total, 2.085 famílias recebem o benefício em Mateus Leme e 1.944 em Juatuba.

No CadÚnico, que engloba todos os programas assistenciais do Governo Federal e Estadual estão cadastradas quase 10 mil famílias, 4.500 em Mateus Leme, e 4.900 em Juatuba. Ainda de acordo com os responsáveis pelo Cadastro Único, “os números podem divergir bastante, já que muitas pessoas se encontram inativas no Programa Bolsa Família, não recebem o valor do programa, para poder receber o auxílio emergencial, agora de R$300”.

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