Há poucos dias, cerca de 50 indígenas do grupo Terra Mãe, do Povo Warao, de Betim, bloquearam a BR 262, em protesto contra o anúncio de despejo de dezenas de famílias indígenas sem-terra, que vivem em ocupação de um terreno de cerca de 100 mil metros quadrados, que e3les dizem que estava abandonado, servindo de espaço para depósito de lixo e entulho, próximo à BR-262, em Betim.
Durante a manifestação, houve confronto dos indígenas com a Polícia Militar, que chegou atirar balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. De acordo com indígenas integrantes do movimento, várias pessoas ficaram feridas. “Os povos indígenas e sem-teto não arredaram o pé e continuaram a manifestação protestando contra o despejo iminente. Fizeram a PM recuar e reocuparam novamente a BR-262, o que causou mais de 15 Km de congestionamento. O povo dizia de cabeça erguida que jamais aceitaria o despejo e gritava: Se o despejo vier, a BR vai parar! Bloquearemos a BR quantas vezes forem necessárias!”, disse uma das lideranças.
O último censo do IBGE, apontou que existem 6.476 pessoas que se autodeclararam indígenas em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Mais especificamente, em Belo Horizonte, são 2.692; em Contagem, 796; em Betim, 761; Juatuba, 76; Mateus Leme, 27 e Igarapé, 67. A esperança das lideranças da cidade vizinha, Betim, é que indígenas das cidades limítrofes possam apoiar o movimento de resistência e também montar novas frentes em situações parecidas.
“O que nós estamos pedindo é dignidade para sobreviver em terras que foram de nossos ancestrais. Além disso, clamamos para que nossos irmãos de outras comunidades e tribos possam se juntar a nós nessa luta, e criar novos movimentos. Já estamos em contato com diversos indígenas das cidades da região, inclusive das cidades vizinhas. Nós precisamos ser respeitados e viver em paz nas nossas terras”, disse um dos integrantes do grupo Terra Mãe.
