Lideranças religiosas se posicionam sobre a realização de cultos e missas durante a pandemia

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O apóstolo Mateus, nos versículos 18 a 20 do evangelho que escreveu disse que, “pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Já o apóstolo dos gentios, São Paulo, ensina no primeiro livro de Coríntios, versículos de 3 a 16 que “O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas”, afirmação ratificada no ato dos Apóstolos, 17,24, que diz: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”.

O fato de Deus ser onipresente poderia ser a justificativa para colocar um fim ao debate sobre a abertura ou não das igrejas e templos religiosos durante a pandemia, mas como nada é muito fácil de ser resolvido quando envolve interesses diversos, principalmente econômicos, o assunto tem sido recorrente dos últimos dias.

Um Projeto de Lei determinando que igrejas, templos de qualquer culto e comunidades missionárias sejam reconhecidas como atividades essenciais, em especial nos períodos de calamidade pública, está em tramitação no Congresso Nacional e caso as igrejas e templos sejam reconhecidos como prestadores de serviços de atividades essenciais e em virtude do estado de calamidade pública decretado no País até dezembro, eles deverão permanecer abertos, mesmo diante da pandemia.

O texto diz que poderá haver limitação do número de pessoas presentes nesses locais, de acordo com a gravidade da situação e desde que por decisão fundamentada da autoridade competente, mantida a possibilidade de atendimento presencial. A justificativa dos deputados Rosêngela Gomes (Republicanos-RJ), Maria Rosas (Republicanos-SP) e David Soares (DEM-SP) é que “esses estabelecimentos possuem papel fundamental na propagação de informações verdadeiras e auxiliam o poder público e as autoridades na organização social em momentos de crise”.

Opiniões divergentes

O tema tem sido motivo de controvérsia e muita polêmica não somente no âmbito nacional, mas também nos municípios. Em Juatuba e Mateus Leme há quem defenda o retorno dos cultos e missas, tanto na Igreja Evangélica, quanto na católica.

De acordo com o Frei Ismail Miranda, a Paróquia de São Sebastião de Juatuba vai seguir as orientações da diocese e do município, levando em consideração as orientações de saúde. “Sentimos muita falta de estar celebrando, vivendo e convivendo com os fiéis, mas entendemos que o distanciamento social é para o bem de todos. Enquanto paróquia, sempre seguimos todas as orientações dos órgãos de saúde, até acreditarmos que não estamos colocando em risco a vida dos nossos fiéis. Por isso, aguardamos uma autorização para retomarmos nossas celebrações”, opina.

Já o Padre Daniel Leão, da Paróquia de Santo Antônio, em Mateus Leme, afirma que aguarda as deliberações da diocese, mas em sua opinião, as missas são essenciais para que a difícil situação da pandemia se torne menos pesada para as pessoas.

“Apenas o fechamento dos templos não reduzirá o número de contaminados e mortos, enquanto tudo continua funcionando. Há muitos erros cometidos ao longo da pandemia que a tornaram difícil de ser controlada. O lockdown pelas metades como tem sido feito, é ineficaz e a prova disso é o número de mortos que só cresce. Igrejas abertas, cumprindo os protocolos da ANVISA, não faz mal a ninguém e ajuda na cura de tanta gente adoecida mentalmente. Conforta vidas, inclusive após as perdas. Sou a favor dos templos abertos com número de fiéis e tempo das celebrações reduzidos”, diverge.

Igrejas Evangélicas

O presidente da Associação Maanahim Evangélica de Mateus Leme (AMEM), Adenilson Oliveira, pontua que nunca houve desconforto com as decisões das autoridades e que todos os decretos foram cumpridos à risca pela Primeira Igreja Batista Nacional de Mateus Leme, além de ser uma recomendação da própria Associação, que existe desde 2007.

O objetivo, segundo ele, é preservar vidas, sendo esse um momento da espiritualidade se unir à Medicina, para vencer o mal que assola o mundo. “Creio que as igrejas e cultos são essenciais. Nós somos a clínica da alma, vemos que em momentos como esse, aumentaram muito os casos de suicídio e até feminicídio, pela falta de alento espiritual. A igreja também cura a alma. Mas, de toda forma estaremos ao lado das normativas de segurança, propostas pelas autoridades sanitárias municipais”.

O pastor Paulo Rogério, da sede regional da Igreja do Evangelho Quadrangular de Mateus Leme diz que a realização dos cultos é essencial, porque a igreja é a última fronteira do necessitado e onde as pessoas buscam auxílio material e espiritual. “Precisamos semear a palavra. Que o prefeito seja consciente e se tiver de fechar as igrejas, que só o faça se os números da Covid-19 estiverem realmente descontrolados”, pontua.

“Eu sou a favor de manter os templos abertos e sou radicalmente contra essa determinação dos prefeitos e governadores que mandaram fechar os templos e locais religiosos, já que a liberdade religiosa amparada pela constituição é inviolável”. Essa é a opinião do pastor Hélio Lança, da Igreja Batista de Mateus Leme. Ainda segundo ele, as mortes e a pandemia nada têm a ver com as igrejas, sendo o contrário, pois a igreja é um fator de proteção, que contribui para a saúde dos fiéis. “Eu sou a favor do que está na constituição”, finaliza.

O missionário, Israel Marques de Oliveira, da Igreja Evangélica Casa de Oração do Avivamento de Juatuba, acredita que a abertura dos templos e realização dos cultos é essencial, desde que as igrejas tomem as medidas, cuidados e protocolos de saúde.

“A pergunta que eu faço no momento é se os fiéis irão seguir esses protocolos no calor da emoção. A casa de Deus é para todos e como você vai restringir a entrada desses crentes? Cabe às autoridades do município criar as regras e fazer as fiscalizações. Porém, se as medidas restritivas não forem seguidas da forma correta, será prejudicial”, diz.

O pastor Sinvaldo Novais, da Igreja Pentecostal Fogo Divino, de Juatuba, alerta que tudo deve ser realizado com ordem e decência, mas que é a favor da reabertura das igrejas. “Ai da cidade que fecha os templos. Ninguém pode tocar nas obras de Deus, ele está acima de qualquer coisa. Temos que estar em oração constante e o maior erro foi ter fechado os templos”, repreende.

A missionária Nair Francisco dos Santos, da Igreja Pentecostal Descida Espírito Santo, diz concordar com o fechamento dos templos durante a pandemia. “Eu concordo com o fechamento, devido à pandemia. A igreja é importante na vida das pessoas, mas devemos ter consciência do momento”, revela.

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