Em 1968, o pintor americano Andy Warhol disse: “um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama”. A internet acelerou a duração dessa fama efêmera e já não são mais 15 minutos e sim poucos segundos, já que a maioria dos vídeos do TikTok dura 15 segundos. Lançado em 2016, o aplicativo funciona como uma rede social de vídeos curtos, de até 60 segundos, que possibilita que pessoas do mundo todo possam acompanhar o dia a dia, uma das outras, como em um reality show da vida particular.
O Tik Tok traz diversos recursos e ideias, desafios, dublagens e duetos com outros vídeos para facilitar a montagem das produções dos usuários. A interface é didática e, quanto mais se usa, mais fácil é a produção. E como todos os vídeos levam a marca d’água do aplicativo, ele viraliza junto com as criações mais populares. Segundo levantamento on-line realizado pela empresa de pesquisa Ipsos, 95% dos espectadores brasileiros já ouviram falar na nova rede e a plataforma vem catapultando anônimos ao estrelato, se tornando uma verdadeira febre durante a quarentena.
É essa fórmula que acaba alçando desconhecidos à fama instantânea, que revelou o mateus-lemense, Gianluca Lanzetta, que já possui 584.4 mil seguidores na plataforma. O jovem viralizou depois de publicar vídeos fazendo piada com seu cotidiano e duetos. “Meus amigos me falaram da plataforma, dizendo que com o meu jeito de ser, eu faria sucesso instantâneo. De fato, na primeira semana de uso já bati dois mil seguidores, na segunda semana foram 20 mil, e os primeiros 100 mil seguidores vieram no primeiro mês e os 300 mil no terceiro mês”, revela.
“Em junho, abandonei a conta antiga e criei uma conta nova. Com isso, meus primeiros 60 mil seguidores vieram no primeiro mês, mas os números alavancaram após eu me vestir como uma personagem de anime e divulgar áudios sobre o meu cabelo, que foi usado como dublagem em diversos vídeos”.
Além produzir conteúdo, Gian também integra a banda de Rock Satanjinhos, que já fez apresentações de Stand Up Comedy, e utiliza outras plataformas como o Twitter e Kwai. Ele também tem um podcast de comédia no Spotify.
O influencer destaca que ainda não conseguiu retornos financeiros substanciais com o Tik Tok, no entanto também cria conteúdo para o Kwai, que é monetizado. “Para ter um contrato com esse aplicativo, é preciso ter alcance em outras plataformas e, diferente do Tik Tok, o Kwai monetiza o criador de conteúdo.”
Mais que retorno financeiro, os criadores de conteúdo recebem produtos, para gerar publicidade. Foi o que aconteceu com Gian que recebeu um kit da marca Salon Line, para “manter os cabelos bem cuidados”.
Fazer sucesso
A exata razão por que algumas coisas na internet fazem tanto sucesso e outras não é uma questão para ainda ser descoberta, mas sabemos que alguns fatores podem ajudar, como o compartilhamento excessivo do produto ou a polêmica gerada com a publicação.
Se antes, o importante era ter o maior número de amigos no Facebook, hoje, quase ninguém liga para isso e a maior preocupação é com a qualidade do produto que traga entretenimento. No caso do TikTok, a identificação é usada justamente como ferramenta de criação em massa.
Gian revela que um de seus vídeos teve mais de seis milhões de visualizações e que diversos famosos e artistas utilizaram sua voz para fazer seus vídeos dublados. ”Desde famosos do Tik Tok, do Instagram e até uma cantora gospel utilizaram como Dani Russo, Isadora Pompéu, Jade Picon, Camila Loures e dentre outros”. Sobre a atuação de haters, pessoas que postam comentários de ódio, Gian diz que nos primeiros meses de divulgação, recebeu alguns ataques e denúncias, como qualquer outra pessoa que faz sucesso.
“Atribuo meu sucesso ao conteúdo original dos meus vídeos. A vida do brasileiro é difícil e não é fácil você se identificar com um vídeo de alguém que faz piada com o fato de “estar na merda”. O segredo é você ser carismático e não copiar conteúdos já existentes. Além da qualidade dos vídeos, você tem que ter frequência na plataforma e postar todo dia”, revelou Gian.
Quem quiser acompanhar o criador de conteúdo basta digitar @Gianzetta no Tik Tok, Kwai e Twitter. “Para quem quiser ficar por dentro de tudo basta procurar meu Instagram que lá você tem o direcionamento para todos os meus conteúdos”, finaliza.
Psicólogo alerta sobre uso excessivo das redes sociais
Para o psicólogo, Jonas Vieira, a quarentena acentuou ainda mais a busca das pessoas por contato e entretenimento através das redes sociais e, por isso a pandemia influenciou o aumento do uso dos aplicativos e ferramentas digitais. “O número de seguidores se tornou um capital, que gera prestígio e respeito para quem tem cada vez mais, e o uso excessivo de aplicativos como o Tik Tok pode acelerar sintomas de psicopatias já existentes”.
O psicólogo alerta que o grande problema destes modismos é que, com a mesma facilidade que o sucesso surge, ele pode desaparecer e, quando isso acontece, cai o número de seguidores, os patrocínios, ou o ranking da internet, gerando ansiedade e depressão.