Em março, o rompimento de uma adutora da Copasa, após um ato de vandalismo, deixou diversas cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte sem abastecimento. Na época, o rompimento da adutora entre Betim e Juatuba, refletiu no dia a dia de mais de um milhão de pessoas que ficaram sem água.
Nesta semana, moradores de Juatuba e Mateus Leme foram para as redes sociais denunciar que a situação pode se repetir. O medo deles é que as ações de vandalismo possam ocorrer novamente, já que várias adutoras da Copasa na região se encontram vulneráveis desde a captação até a passagem pelo Rio Paraopeba.
A reportagem levantou que pelo menos 2,1 quilômetros desses dutos vindos dos dois maiores produtores de água do Sistema Paraopeba se encontram a céu aberto, podendo também sofrer danos e provocar a interrupção do fornecimento. A própria Copasa se manifesta preocupada com o que classifica de aumento dos atos de vandalismo contra a rede da empresa.
A menos de 300 metros de acesso à Estação de Tratamento de Serra Azul da Copasa, a adutora já pode ser vista com cerca de 17,5 metros atravessando um pequeno vale, nos fundos de vários quintais de casas e propriedades rurais do Bairro Castelo Branco. Ali, o mato cresce alto e quando está seco, o perigo é que incêndios danifiquem a canalização.
“A Copasa deveria fechar essas adutoras. Qualquer um consegue chegar nelas e todo ano tem fogo no matagal, porque pararam de fazer a capina. Antes, as empreiteiras contratadas roçavam o mato, mas agora, não há manutenção. Foi muito duro o tempo que a adutora rompeu e deixou as famílias sem água. Idosos, mães com crianças sofreram demais”, afirma um dos vizinhos da rede exposta, o vigilante aposentado Geraldo Gustavo da Silva, de 55 anos.
Mais adiante da casa de Geraldo, outra parte da tubulação, com 23 metros de comprimento, atravessa um vale sobre um pequeno córrego, em meio a lotes abertos com mato alto, entulho e marcas de incineração de lixo. O aposentado Francisco Solano, diz já ter cansado de pedir para a companhia fazer a capina. Além do perigo de ruptura da tubulação, reclama da criminalidade. “Tem mais de um ano que não roçam o lote por onde passa a tubulação. Aí vem cobra, rato e barata para a minha casa, porque fica parecendo um lugar abandonado e as pessoas jogam montes de lixo e entulho. Outros, vêm aqui fugir da polícia e usar drogas. Uma hora a tubulação vai rachar e partir. Sem falar que tem gente que fica tentando arrancar os tubos e fios para vender e comprar mais drogas”, disse.
A reportagem percorreu pouco mais de 15 metros das adutoras de Rio Manso e Serra Azul e constatou que em média dois metros estavam expostos a queimadas, vandalismo e acidentes.
Copasa teme novas ações de vandalismo
A Copasa informou à reportagem que atos de vandalismo trazem grande preocupação e que culminam em danos graves como o rompimento da adutora, já confirmado por laudo de perícia. “A infraestrutura dos sistemas de abastecimento operados pela Copasa está localizada em áreas próprias e/ou faixas de servidão que são constantemente monitoradas pela companhia. No entanto, vem ocorrendo um crescimento das ações de vandalismo, principalmente nas unidades localizadas em regiões ermas e que contenham equipamentos e materiais com valor comercial”, informou a empresa.
“A Copasa ressalta que, dentro da rotina diária de serviços operacionais, realiza o monitoramento dos sistemas de abastecimento existentes para identificação de demandas de melhoria e a necessidade de manutenções preventivas e corretivas, sendo estas devidamente tratadas para a garantia da continuidade da prestação de serviço à comunidade”, informa.
A empresa esclarece ainda que o desenvolvimento dos projetos para construção de uma adutora definitiva está em andamento. Ela terá a mesma capacidade de adução, recuperando por completo a capacidade de transporte de água tratada do Sistema Serra Azul.