– Moradores acusam prefeitura de negligência com a saúde da população e devastação do meio ambiente
O imbróglio envolvendo a Nacional Minérios e a população do distrito de Azurita continua. De um lado, os moradores afirmam que as atividades provocam danos irreversíveis ao meio ambiente, à saúde da comunidade, além da desvalorização de imóveis. De outro, a Nacional Minérios se defende, mostrando a autorização ambiental para o empreendimento, o alvará de funcionamento, laudo ambiental de estudo da área feito pela Terra Consultoria ambiental e a alegação estar gerando cerca de 20 empregos, movimentando a economia local e a arrecadação de ISS no município. E mais: a empresa alega ainda que fará reparações em imóveis que forem impactados pelas atividades da empresa.
Esta semana, moradores da região estiveram na redação do Jornal de Juatuba e Mateus Leme pontuando os principais problemas que a atividade da empresa trouxe para Azurita e atribuindo a responsabilidade à prefeitura, por ter feito a concessão do laudo ambiental e alvará de funcionamento ao empreendimento.
Segundo as lideranças de Azurita, as atividades da empresa trouxeram muita poeira de minério, acarretando problemas respiratórios em idosos e crianças da comunidade. Além disso, pontuam sobre os perigos de acidentes já que a empresa tem caminhões pesados transitando o dia todo pela comunidade. “Sem contar a trepidação que esses veículos causam nas vias. Muros e casas já começaram a trincar”, afirma Maria Regina Cavalcante.
A moradora diz que não é contra a atividade minerária, mas que é contra a instalação dela em centros urbanos e comunidades que não têm atividade industrial. “É impossível ter em Azurita carretas pesadas transitando. Nosso perímetro urbano não comporta trânsito pesado. Temos duas escolas na região, uma estadual e outra municipal que geram um grande fluxo de crianças e jovens”, alerta.
A líder do movimento, Maria Elizabete Azevedo de Oliveira, diz que a empresa em questão, autorizada pela Prefeitura, desmatou uma grande área próxima ao Ribeirão Cachoeira, o mesmo que transbordou em janeiro levando pontes e invadindo casas. “Com certeza, o assoreamento desse ribeirão vai aumentar e, por consequência o risco para todos nós que moramos nas imediações também será maior”, argumenta.
Segundo Maria Elizabete a entrevista dos empresários ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme é controversa, pois eles dizem que usarão a área em Azurita apenas para armazenagem, mistura e comércio de minério, mas revelam que há planos futuros de extração mineral. “Falam também em compensações pontuais, como construção de muros ou colocação de calçadas. Mas esses moradores são pessoas muito simples, humildes e que não têm alcance para perceber os males que sofrerão com a ação minerária tão próxima de suas casas. A empresa está ludibriando essa gente. Ações como essas de nada aliviarão a poluição e a destruição do local e vão acabar com a tranquilidade e qualidade de vida de todos”.
“Prefeito sem compromisso”
Maria Elizabete diz também que a atual gestão parece se esquecer do primeiro princípio das ‘Diretrizes e Propostas do Plano de Governo’, do prefeito Dr. Renilton Ribeiro Coelho. “Os princípios mencionam o compromisso com o desenvolvimento ambiental, com a sustentabilidade e com a defesa da vida. Seria muito interessante que o senhor prefeito, vice-prefeito, secretários e os parlamentares lessem esse material. Para lembrá-los de seus compromissos junto à população de Mateus Leme”.
“Se os políticos levassem os compromissos e princípios em consideração, o município não teria autorizado e licenciado a ação dessa empresa. Azurita pede socorro”, finalizou.
Associação vai reunir empresa e população
A reportagem do Jornal de Juatuba e Mateus Leme procurou a Associação Comunitária de distrito de Azurita para saber sobre as reclamações de moradores e , segundo a presidente da entidade, Isabela Ramos, será convocada uma assembleia geral de moradores nos próximos dias, para debater os problemas causados pela instalação do empreendimento e garantir a qualidade de vida dos moradores da região. “Não foram apenas duas reclamações pontuais que foram feitas, conforme disseram os empresários da Nacional Minérios. Tivemos várias e praticamente toda semana aparece uma nova reclamação. Vamos fazer essa reunião com toda comunidade para conhecer melhor a realidade e os impactos que a atividade está gerando”, revelou.
Caso chega à Comissão de Meio Ambiente Embora a denúncia tenha sido encaminhada à Câmara que afirmou não ter encontrado irregularidades nas atividades da empresa, os parlamentares convocaram os moradores, diretores da empresa e a prefeitura para prestarem depoimentos junto à Comissão de Meio Ambiente do Legislativo. De acordo com a presidente da Comissão, Irene de Oliveira, a reunião será na próxima semana. “Todas as partes serão ouvidas e o intuito é resolver esse impasse da melhor forma e fiscalizar os alvarás de funcionamento e ambiental da Nacional Minérios”, disse a vereadora