Considerados exames de alto custo, procedimentos como como ultrassom, ressonância e endoscopia demoram até cinco anos para serem liberados, segundo reclamações que chegaram ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme. A demora para conseguir a liberação desses procedimentos têm impactado negativamente na qualidade de vida da população que, em casos mais urgentes, não tem outra alternativa a não ser pagar o exame do próprio bolso.
A aposentada Sônia Maria, residente no bairro Francelinos, conta o drama que vive à espera da liberação de alguns procedimentos: “estou aguardando um exame pré-cirúrgico pelo SUS, mas todos os procedimentos de imagem, relacionamentos a meu acompanhamento no CEM da Santa Casa, terão que ser feitos de forma particular, pois a secretaria diz que não estão sendo liberados”.
Sônia, que enfrenta vários problemas neurológicos, incluindo histórico de AVC, desabafa sobre os altos custos que tem arcado com os exames médicos. “Só no mês passado, gastei um total de quase R$3 mil em clínicas de imagem de urgência”, revela. Ela destaca ainda a frustração ao tentar agendar exames pela Secretaria de Saúde, sendo informada de que só poderia realizá-los a cada cinco anos. “Isso não existe, a doença não espera”, desabafa.
Outro caso que ilustra as dificuldades enfrentadas pelos moradores é o de Angelica Soares, dona de casa do bairro Samambaia. Ela descreve sua luta para conseguir a liberação de um exame de ultrassom para um idoso, sob sua tutela, que apresenta sintomas preocupantes.
“Eu cuido de um idoso de 85 anos. Ele estava urinando sangue e o médico disse que deve ser o câncer que voltou. Porém, não consegui marcar um ultrassom das vias urinárias”, conta preocupada.
Para piorar, a batalha por atendimento, não se restringe apenas à obtenção de exames e tratamentos médicos. Sônia ressalta o desafio de lidar com a evolução da atrofia do idoso. “Ele tem atrofiamento nos joelhos e estamos aguardando a consulta com ortopedista há uns três anos”.
Para ela, a alternativa foi também arcar com o exame particular. “Depois de quase um ano de espera, no início desse mês, peguei o encaminhamento para ele fazer o exame através do Cartão de Todos, que é uma alternativa mais em conta. Vamos tentar particular, pois não podemos esperar, pela idade e condição dele”, desabafa.
Outra moradora que não quis se identificar, do bairro Vila Verne, também compartilha sua experiência frustrante ao tentar realizar uma cirurgia para a retirada de mais de 10 pedras nos rins.
Ela conta que sua saga começou em 2017, com o pedido de retirada de pedras nos dois rins. Sua primeira cirurgia foi custeada com muito esforço pela família. “Foi com muita luta, meus filhos que tentaram, correram atrás e conseguiram”, recorda.
A segunda, porém, ela depende do SUS e, desde 2022, está com o pedido aguardando liberação. Mas o que ela obtém da Secretaria são somente informações imprecisas. “Quando a gente liga para o TFD, para a Secretaria de Saúde, ou vai no posto do bairro para saber como andam os exames, eles não sabem e não podem informar. Outro dia, desligaram o telefone na minha cara “, relata indignada.
A espera prolongada tem gerado uma série de problemas: “estou ficando de cama o dia inteiro, pois não estou aguentando de tanta dor nos rins. Já fui ao posto, tomei todas as medicações, mas criei uma resistência a vários antibióticos. Remédio pra dor não estáresolvendo”, lamenta.
Além da espera pela cirurgia nos rins, ela também aguarda outros exames, há cinco anos, sem qualquer previsão para realizá-los. “Eu tenho pedido de colonoscopia, endoscopia e estou aguardando desde 2017, diz.