A situação de abandono de cachorros em Juatuba é preocupante e sensibiliza moradores de diversos bairros que não se cansam de denunciar o problema, principalmente nas redes sociais e também ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme. Para resolver a questão, em 2020 foi criado o Centro de Atendimento Animal Luz, no distrito industrial Renato Azeredo.
No entanto, após quatro anos de funcionamento, as queixas sobre a ineficiência do órgão em atender os resgates e apresentar resultados na diminuição da população de animais de rua têm crescido.
Esta semana, mais um caso foi amplamente divulgado nas redes sociais. Érika Cristina, babá e moradora do Centro, compartilhou em suas redes sociais o resgate de um cachorro do Ribeirão Serra Azul. No registro, ela mostra o drama do socorro feito por ela e por um vizinho, enquanto critica a atuação do projeto, que tem horário de funcionamento limitado, de segunda a sexta-feira em horário comercial.
Segundo Érika, o animal é visto com frequência na Rua Clara Maria de Jesus, vivendo dentro do bueiro. “Ele parecia estar bem, entrando e saindo do bueiro”, conta. No final de semana, o cão parecia abatido e sua apatia preocupou a vizinhança. “Ele parecia fraco, não estava conseguindo sair e foi preciso chamar o Corpo de Bombeiros”, relata.
O serviço de resgate retirou o cachorro do local e tentou contato com o Projeto Animal Luz para que o recolhessem. Porém, sem conseguir contato devido ao horário de funcionamento, os policiais deixaram o cão no local para que a população tentasse o contato com o projeto novamente.
Segundo Érika, os moradores alimentaram o animal enquanto aguardavam o início da semana para que a instituição fosse buscá-lo. Porém, o cão sumiu e apenas um dia depois foi localizado, atolado no ribeirão que passa pelo bairro. “Estava preso em alguns galhos, o focinho estava quase todo dentro d´água e as patas já estavam atoladas. Da forma como ele se mexia, ele afundava ainda mais”, relata.
Novamente entramos em contato com o projeto Animal Luz mas, como estava fora do horário comercial, entramos em contato com o Corpo de Bombeiros. Depois de três horas de espera, e com o cachorro lentamente se afogando, chamei um vizinho e resolvemos agir. “Jogamos uma tábua dentro do ribeirão para puxá-lo. Usamos uma enxada e um pedaço de bambu para colocá-lo na tábua e, só assim conseguimos retirá-lo pelas patas”, explica.
Érika desabafou nas redes sociais o sofrimento do animal que precisou de dois resgates em um curto período de tempo e a falta de atendimento do projeto Animal Luz, denunciando a ineficiência da instituição em atender ocorrências envolvendo animais de rua. “Foi depois disso que comecei a compartilhar as imagens e cobrar da Animal Luz, que até o momento não tinha feito nada, pois sempre que ligamos, não estavam funcionando”, diz.
Projeto Animal Luz assume autoria de resgate e revolta a vizinhança
Para surpresa de Érika e das várias pessoas que se mobilizaram para resgatar o cão, uma publicação na rede social do projeto relatava os esforços para resgate do animal. De acordo com a publicação, o cachorro teria sido socorrido às 23h pelo Corpo de Bombeiros após acionamento da entidade que teria recebido o animal para atendimento.
A postagem também usa a imagem da ação divulgada por Erika. “Utilizaram meu registro para assumirem um protagonismo que não é deles.
Denúncias sobre abandono e falta de ação da prefeitura
Segundo moradores, Juatuba tem hoje uma superpopulação de cachorros de rua e, apesar da criação da instituição, o problema continua. “O que tem de animal em Juatuba precisando ser resgatado está fora do normal”, denuncia Érika.
Segundo ela, na Praça dos Três Poderes, no centro da cidade, vivem oito cachorros, que são alimentados pelos moradores que providenciaram comedouros e bebedouros”. Além da segurança dos próprios animais, que podem ser vítimas de atropelamento devido à intensa movimentação de carros na área, a população também se sente ameaçada, pois existem relatos de animais que avançam sobre os transeuntes.
“Em todo o município há animais abandonados, o setor de zoonoses não toma iniciativa e a Animal Luz que diz que resgata, só age quando depois de muita cobrança”, explica.
Apesar do balanço de atividades da entidade, que aponta 2073 atendimentos realizados em 2023, as queixas dos juatubenses são de longa data. Em 2021, reportagem do Jornal de Juatuba e Mateus Leme destacou a denúncia de um morador que afirmava que o Projeto Animal Luz era apenas fachada. Segundo o denunciante, “poucos são os resgastes feitos pelo Centro e, na maioria dos casos, logo após os animais receberem os primeiros atendimentos, eles são soltos novamente”.
A reportagem tentou contato com o Centro de Resgate Animal Luz e a atendente Juliana informou que a coordenadora, Roselândia iria entrar em contato conosco para dar a versão do fato. Porém, até o fechamento desta edição, não tivemos retorno.
