Moradores de Juatuba vão à Assembleia Legislativa para reivindicar a construção de retorno e viaduto na BR-262

0
234

O acidente que resultou na queda de parte da passarela na BR-262, em Juatuba, no último dia 25, tem tirado o sono dos moradores da região. Com o incidente, a população segue alarmada e desconfiada de que a estrutura não oferece segurança a quem transita no local. Em busca de solução, a comunidade se uniu e tem realizado atos de protesto pedindo a construção de um viaduto, além de um retorno que vai reduzir em um terço o tempo que a população gasta para chegar até o centro da cidade. 

Após atos de protestos no local onde a passarela desabou, que ganharam espaço até na imprensa nacional e o recolhimento de assinaturas em abaixo-assinado que serão encaminhadas ao Ministério Público, a população resolveu apelar para os deputados estaduais. Essa semana, um grupo de moradores foi até o plenário da Assembleia Legislativa em nova mobilização. “Ligamos para os gabinetes e não conseguimos falar, então fomos até lá para protestar”, disse uma liderança comunitária. 

Munidos de uma faixa que dizia “A população de Juatuba clama por viaduto na BR-262”, o grupo se posicionou no plenário para chamar a atenção dos deputados. A tentativa até então tinha dado certo, já que os manifestantes saíram de lá com a promessa de uma reunião com um parlamentar da região centro-oeste para tratar do assunto na última quarta-feira (10). “Amanhã estaremos lá e ele vai nos receber para conversar”, disse a liderança animada. 

No entanto, a reunião precisou ser adiada. “Marcamos com os deputados, só que houve uma sessão extraordinária e não conversamos. Porém, eles vão nos receber em um segundo momento. Protocolamos o documento, e sabemos que os parlamentares estão entrando em recesso de férias, mas nós vamos até Brasília se for preciso”, afirma a liderança. 

“Oito mil pessoas ilhadas e o DNIT não faz nada. A passarela já caiu duas vezes”, foram algumas afirmações de ordem que os manifestantes gritaram em plenário. 

Insegurança da passarela 

A passagem localizada na BR-262, no trecho que corta os bairros Veredas e Dona Francisca, sempre foi motivo de preocupação para os moradores da região. Segundo um morador ouvido pela nossa reportagem, desde a construção, a estrutura apresentou problemas. “O pessoal tinha medo de passar, pois ela balançava e apresentou trincas”, disse o entrevistado. 

Ainda de acordo com ele, em 2022, estrutura foi atingida por um barranco que cedeu e ficou parcialmente destruída. “A passarela foi reformada, ficando metade em ferro e a outra em cimento”, revela. No entanto, a estrutura foi novamente destruída por outro acidente, no dia 25 de junho, quando uma carreta retroescavadeira, atingiu a construção e novamente colapsou a passarela.  

A Triunfo Concebra, responsável pela manutenção, removeu parte do entulho na via e se comprometeu a tomar medidas para a execução de uma passarela provisória, conforme comunicado publicado no site da empresa. 

Segundo os moradores, a reforma ou a construção da passarela não é suficiente para resolver o problema e a solução adequada é a construção de um viaduto, incluindo uma passarela para pedestres.  “Os moradores querem um viaduto ou uma alça de acesso, igual a que foi feita no bairro Boa Vista. Se a situação continuar como está, o risco é grande para os moradores que precisam atravessar para ter acesso ao centro da cidade e já houve mortes aqui”. 

Além do perigo iminente, a população de todos os bairros da região se sente prejudicada, já que para chegar ao centro de Juatuba, precisa percorrer uma distância três vezes maior do que deveria.  “A única alternativa é seguir até Francelinos e retornar. Isso significa cerca de 18 km, mesmo estando há apenas 6 km de distância em linha reta”, diz uma liderança comunitária indignada. 

Idosos e cadeirantes sofrem para atravessar a via 

Entre os mais afetados pela situação da falta de uma passarela ou estrutura que ofereça segurança, estão cadeirantes e pessoas idosas. Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra a dura realidade enfrentada por Sebastião, morador cadeirante do bairro Castelo Branco, que luta diariamente para atravessar a BR-262. No vídeo, os moradores expressam indignação. “É isso todo dia, ele tem que ir e voltar por aqui. E se não tiver ninguém para socorrer e ajudá-lo a atravessar? O que ele vai fazer?”, questiona o autor do vídeo. 

A comunidade está se mobilizando para exigir uma solução definitiva. “As associações comunitárias dos bairros Dona Francisca e Veredas se uniram à Academia Brasileira de Capoeira, Letras, Ciências e Cultura na organização de um abaixo-assinado para pressionar o Ministério Público Federal”, diz um morador. As assinaturas estão sendo recolhidas na praça central de Juatuba e também na Lan house da Míriam, na Avenida Tânus Saliba. Além da região central, o documento também pode ser assinado em um ponto de ônibus próximo ao local do acidente, onde a passarela caiu.

Triunfo se posiciona

Procurados pela reportagem, a Triunfo Concebra, responsável pela BR 262, respondeu em nota que será construída uma passarela provisória no local, com previsão de conclusão ainda neste mês. Segundo a concessionária, será contratada outra empresa para a recuperação permanente da passarela.

Em relação à insegurança dos pedestres sobre a estrutura da passarela, a empresa pontuou que o dano provocado em 2022 na rampa da passarela “teve como causa o deslizamento de talude na lateral da rampa, que já foi recuperado com a solução de solo grampeado”. 

A empresa também afirma que a estrutura da passarela é monitorada regularmente pela Concessionária e, “caso houvesse problemas estruturais que pudessem comprometer a segurança dos pedestres, a passarela seria prontamente interditada”. 

Quanto à reclamação dos moradores de que a estrutura balança, a empresa justifica que “o fato se refere à vibração, que é um comportamento natural e previsto em projeto, que não impacta a segurança da estrutura”. 

Já sobre o pedido da população de implantação de viaduto e retorno no local, a Triunfo Concebra informa que estas obras não estão previstas contratualmente no escopo da rodovia.