Mudança de hábito: lojistas investem em compras pela internet para manter estoques

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Cancelamento das caravanas aos polos atacadistas de São Paulo transformou e dificultou a rotina de comerciantes

O comércio de rua em São Paulo reabriu no início de junho. As empresas paulistas são as principais fornecedoras de vestuário para lojistas de todo país, e além das dificuldades causadas pelo período de fechamento, em razão da pandemia, foi preciso também se reinventar para atender os clientes à distância. Em Juatuba e Mateus Leme, grande parte dos comerciantes compra seus produtos em feiras e polos atacadistas de São Paulo, como o Brás e o Bom Retiro. Antes, as caravanas seguiam cheias até o estado vizinho para buscar novas peças e repor os estoques. Entretanto, com a chegada da Covid-19 foi preciso mudar a logística de compras para o ambiente virtual.

O empresário Pedro Henrique Rodrigues Parreiras conta que agora os processos de aquisição das peças pela internet já foram normalizados, porém, o início da mudança foi difícil. “No início, a gente teve muita dificuldade com fornecedores, principalmente de São Paulo. Era uma demora muito grande para responder, fechar pedido, porque realmente ninguém estava preparado, nem a gente, nem eles. Se eu mandasse mensagem na segunda-feira, tinha fornecedor que só conseguia fechar o pedido duas semanas depois; foi bem complicado”, explicou.

A forma de abastecer os estoques não mudou e os comerciantes ressaltam que têm comprado a mesma quantidade que antes, porém sem previsão de quando retornarão as viagens. No caso de Pedro, a entrega tem sido feita por transportadoras e ele não pretende ir pessoalmente às compras. “Ainda continuo comprando à distância, para não correr risco de ser contaminado. Se você parar para pensar, pode ser uma viagem que não vale a pena, porque se você vai e pega a Covid, tem que ficar com a loja fechada e ainda pode passar o vírus para outras pessoas. Este é um risco que eu não quero correr”, destacou.

O mesmo método de compra tem sido adotado por Gabriela Fidélis, responsável por uma loja de vestuário na cidade. A última viagem feita por ela a São Paulo foi no dia 10 de março. Antes da pandemia, ela ia semanalmente buscar novidades. “Fico receosa porque ninguém da minha família teve Covid ainda e não sabemos como esse vírus se comporta. Estamos comprando tudo por WhatsApp, tivemos que nos reinventar e está sendo tudo virtual. No início, tivemos muitos obstáculos e ainda temos: há fornecedor que não responde, há peças que chegam com defeito, às vezes o produto não é idêntico à foto, mas é questão de adaptação, porque não está sendo fácil para ninguém”, afirma a empresária.

Nádya Amaral, proprietária de lojas de roupas, calçados e acessórios em Juatuba, diz que o bom relacionamento com os fornecedores, que já era de longa data, facilitou um pouco o processo de transição para as compras online, mas explica que a incerteza do funcionamento ou não, atrapalha a reserva produtos. “Tenho conseguido renovar meus estoques com tranquilidade, mas a dúvida é sempre quando tudo fechará novamente. Tendo em vista que trabalho com moda e atualmente ela tem mudado semanalmente, não aproveitamos as coleções em outras estações. E o movimento do comércio caiu muito, as pessoas não têm comprado roupas e sapatos, pois estão inseguras com o amanhã”, lamentou. Ela destaca ainda que no caso de produtos importados, a reposição é problemática, alguns estão em falta no mercado e outros têm chegado com muito atraso.

Mercadorias higienizadas

Além dessas mudanças, os lojistas têm buscado soluções para desinfecção das mercadorias recebidas. Esse é caso de Gabriela e também de Nádya. As duas empresárias têm usado álcool 70% em spray, em formato que não danifica as peças e viabiliza a higienização dos produtos. Se os lojistas precisaram mudar, os organizadores das caravanas também passaram por essa transformação. É o caso de Geomar Antunes, responsável por uma empresa de transportes. Antes da pandemia, ele organizava três viagens semanais aos polos atacadistas de São Paulo. Com a chegada da Covid-19, ele passou a apenas buscar as mercadorias para os comerciantes. Agora, as viagens começaram a ser retomadas uma vez por semana. “Começamos a levar comerciantes para São Paulo, mas estamos indo com menos passageiros, geralmente a metade da capacidade dos ônibus. Quando a demanda aumenta, colocamos dois ônibus para rodar. Já voltou praticamente quase tudo ao normal em São Paulo. Mas, quem tem algum problema de saúde ou ainda está com medo, não está indo, compram pela internet ou fazem as encomendas”, conta Geomar.

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