Município propõe construção de hospital regional em Juatuba com indenização da Vale

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Mais de dois anos após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, o governo de Minas Gerais, as instituições de Justiça e a mineradora firmaram acordo para a reparação dos danos socioeconômicos causados pela tragédia no valor de R$ 37,6 bilhões. O montante será usado em obras de recuperação no epicentro da tragédia e também em outras áreas em todo o estado. Quem será responsável pelas obras feitas com o dinheiro do acordo será a própria mineradora Vale, com base no Termo de Compromisso assinado entre a empresa e Estado de Minas Gerais, o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais.

Como parte dos municípios afetados, Juatuba será beneficiada com R$ 116 milhões em obras na cidade, conforme informou a administração do município nesta semana. Uma reunião foi realizada entre o prefeito Adônis Pereira e os vereadores para definir as áreas prioritárias para aplicação do recurso. O projeto elaborado a partir da listagem de obras será enviado para avaliação do Governo do Estado.

Inicialmente, a ideia é que o dinheiro seja investido em ações de saneamento, educação e saúde. Em conjunto, os vereadores propuseram ao prefeito retomar o projeto do antigo Hospital do Câncer Infantil, abandonado há muitos anos às margens da BR-262, transformando-o em um hospital regional, que trará melhor assistência aos moradores do município e também desafogará o sistema de saúde da região.

O presidente da Câmara, Ted Saliba, explicou que a ideia é benéfica em todos os sentidos e que os poderes Executivo e Legislativo trabalharão juntos para elaboração e adequação do projeto do hospital regional, realizando também uma audiência pública para debater a obra. Isso, destacou o vereador, deve ocorrer o mais rápido possível para que a solicitação e documentação do projeto seja encaminhada ao Estado o quanto antes.

Obra abandonada

No final de 2015, os vereadores aprovaram e a administração de Juatuba publicou lei que autorizou a desafetação de domínio público e alienação na modalidade concorrência pública do imóvel da propriedade do Município localizado às margens da BR 262, Km 374/400. Com isso, chegou a ser iniciado os preparativos para leilão de parte do terreno destinado à Associação Unificada de Recuperação e Apoio – Aura – para construção do Hospital do Câncer Infantil, pondo fim a uma antiga pendência, já que a instituição apenas começou a execução do projeto, paralisando em seguida as intervenções.

Em 2001, a entidade conseguiu uma área de 102.740 metros quadrados diante do compromisso de construir no local um centro de tratamento de referência nacional. Depois de muitos questionamentos e várias tentativas de fazer a Aura dar continuidade à edificação, o Executivo ajuizou ação na Justiça para tentar reverter a situação. A decisão judicial reincorporou ao patrimônio da Prefeitura parte do terreno, de 46.233 metros quadrados.

Em 2019, após anos de expectativa, com projetos que não se concretizaram, Juatuba voltou a sonhar com a instalação de um hospital do câncer no município. Na época, representantes do Instituto Mário Pena e da Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (Icismep) se reuniram com o Executivo e Legislativo municipais para apresentar a proposta de retomada da obra de construção do hospital.

Com o projeto, o hospital se tornaria uma unidade do Mário Pena, administrado por meio da parceria entre a instituição, a Icismep e o Município, com a população da cidade e das microrregionais de Itaúna, Pará de Minas, Divinópolis, entre outras, podendo usufruir do que cada entidade tem a oferecer, saindo da rota de Betim e Belo Horizonte, que já estão saturados e exigem um desgaste muito maior dos pacientes.

A proposta acabou se perdendo. Tão logo o prefeito Adônis Pereira assumiu o cargo após as eleições suplementares de 2019, ele deu diversas declarações afirmando que não procuraria os representantes do Mário Penna. Sua ideia era, na realidade, transformar o imóvel abandonado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que, segundo Adônis, teria maior serventia aos moradores da região. Na época, o chefe do Executivo também já mencionava a utilização dos recursos de indenização da Vale na construção do tão esperado hospital.

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