A estimativa que já dura cinco meses fez com que o nível do principal reservatório que abastece a Grande Belo Horizonte despencasse quase 30%, atingindo o patamar mais baixo dos últimos quatro anos. O Sistema Paraopeba, que compreende as represas Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, registrou em setembro o pior volume desde 2020, com especialistas em alerta para a crise hídrica iminente.
Apesar da preocupação, a Copasa garante que não há risco de desabastecimento, mas reforça a necessidade de um consumo consciente da população. Atualmente, 144 municípios mineiros enfrentaram situação de emergência por causa da seca.
Em abril, quando ocorreram as últimas chuvas em Belo Horizonte e cidades vizinhas, o Sistema Paraopeba operava com 89,2% de sua capacidade. No entanto, até setembro, o volume caiu significativamente para 64,3%, número inferior aos 83,9% registados no mesmo período do ano passado.
A última vez que o sistema atingiu índices mais baixos foi em janeiro de 2020. Somente nos últimos dias, o reservatório Rio Manso caiu de 59,2% para 58,6%, enquanto as represas Serra Azul e Vargem das Flores tiveram reduções significativas, chegando a 68,5% e 45,2%, respectivamente.
Para Apolo Heringer, fundador do Projeto Manuelzão da UFMG, a situação vai além da falta de chuvas. Ele aponta para uma “seca subterrânea”, resultado do uso envolvido na água e práticas insustentáveis no agronegócio e na mineração. “Não basta chover. Mesmo que tenhamos anos seguidos de chuvas, o déficit de água subterrânea persiste, comprometendo os rios e, consequentemente, os reservatórios”, explicou Heringer.
Segundo o professor, o esgotamento dos aquíferos reduz o fluxo de água para os rios, o que diminui a capacidade de recarga dos reservatórios. Esse cenário potencializa os impactos da seca, comprometendo ainda mais o abastecimento hídrico.
Apesar da queda nos níveis dos reservatórios, a Copasa tranquiliza a população ao afirmar que o sistema ainda tem capacidade para atender a demanda da Grande BH durante o período de estimativa. A empresa afirma que a captação de água segue dentro da normalidade e que os níveis atuais, embora baixos, estão dentro das expectativas para esta época do ano.