Para alguns a pandemia acabou, mas OMS alerta para o perigo de variantes da COVID-19

Opiniões de várias pessoas dão a dimensão do assunto e acendem o debate para os cuidados que irão evitar novas contaminações

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Técnicos da Organização Mundial de Saúde avaliam que existe a proliferação de novas variantes da Covid-19, além da mutação Delta que também pode estar entre os brasileiros.

Passado o período crítico da pandemia, a adoção de medidas mais flexíveis por parte das autoridades sanitárias e diante da convicção de que mais pessoas estão sendo vacinadas, muita gente tem agido com displicência.

As aglomerações sociais vêm se tornando mais frequentes, na mesma proporção em que são relaxadas as medidas preventivas, como distanciamento, uso de máscaras e aumento de testes. Isso contribui para que a pandemia esteja longe de terminar.

Será que situações mais perigosas da doença estão por vir? É verdade que as pessoas estão baixando a guarda, acreditando que a pandemia acabou?

O Jornal de Juatuba e Mateus Leme encaminhou essas questões para algumas pessoas, que compareceram com suas contribuições para um debate interessante acerca do tema. 

Nádya Amaral: ”É irresponsável quem abandona os cuidados e quer retomar a vida como antes”

A empresária Nádya Amaral, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juatuba, pontua que se não houver coletividade, a contaminação e as mortes em decorrência da doença continuarão.

“Acredito que entramos numa fase em que não existe mais pânico, mas tampouco o controle da pandemia. Temos muitas pessoas imunizadas, mas também o surgimento de uma variante que pode ser ainda mais perigosa. Estamos caminhando para a estabilidade, porém seria leviano definir uma data para o retorno da normalidade”. 

A empresária destaca que apesar de a ciência e os responsáveis pelo plano de vacinação trabalharem para conseguir controlar a doença, a população precisa contribuir, caso contrário, se tornará a maior responsável pelo avanço das novas cepas e consequente prorrogação de qualquer solução para a Pandemia. 

Nádya salienta que com o avanço da vacinação, as pessoas acreditam que podem relaxar e adquirir um comportamento menos cuidadoso, o que é um risco, pois estar vacinado nunca foi sinônimo de cura.

“Sabemos que a eficácia da vacina contribui para que a forma branda da doença se manifeste, mas existem casos de pessoas imunizadas, com duas doses, que vieram à óbito. É irresponsável abandonar os cuidados e querer retomar a vida como antes”, conclui.

Francisco Vasconcelos: “não podemos baixar a guarda”

O gerente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Prestação de Serviços de Mateus Leme, Francisco
Vasconcelos lembra que as novas variantes  que estão surgindo, são ainda mais agressivas, por isso devemos permanecer com todos os cuidados, evitando aglomerações, usando máscaras e álcool gel, além de continuar o distanciamento social.

“Algumas pessoas estão baixando a guarda, e isso é um erro, porque a pandemia não acabou e só quando perdem um ente querido ou um grande amigo, percebem que, infelizmente, ainda não podem relaxar com os cuidados e proteções”, opina.

Médico afirma que “afrouxamento das medidas sanitárias é um erro”

O professor e médico infectologista Unaí Tupinambás disse que existe um risco real de surgir novas variantes e elas podem aparecer se tiver muitos casos de Covid. Para um vírus sofrer mutação, é necessário que haja muita transmissão. Daí a importância de se ter os cuidados, o distanciamento social de dois metros, evitar aglomeração e usar máscara.

Quanto menos vírus circulando, se multiplicando, menores são as chances de aparecerem variantes. Ele esclarece que já existem variantes, chamadas ‘variantes de interesse’, que podem vir a ser ‘variantes de preocupação’. Temos quatro que predominam no mundo inteiro, que são as variantes Alfa, Beta, Gama, esta que está circulando no Brasil, e a Delta, que está no Reino Unido. Não se sabe se esta irá conseguir entrar com força no Brasil, como está acontecendo no Reino Unido, por causa da variante Gama, que tem alto poder de transmissão.

“É claro que para se evitar isso, além da vacinação rápida, nós temos que continuar com os cuidados. Não podemos fazer como a Inglaterra, que no dia 19 decretou o abandono de todas as medidas não-farmacológicas. Os cientistas criticaram muito a postura do Boris Johnson, porque não era o momento de ter essa flexibilização, como evitar aglomeração, manter o distanciamento, o uso da máscara e lavar as mãos com frequência, além da busca ativa de casos. Então, diante dessa possibilidade de variantes, com a população pouco vacinada, temos que ampliar a imunização e manter todas as medidas não-farmacológicas. Isso, até que, pelo menos, 75% da população esteja vacinada, para podermos sair dessa crise sanitária humanitária”, considerou. 

Leandro Batista: há possibilidade de situações perigosas com relação à pandemia

O clínico geral, Leandro Batista, que atua nas unidades de saúde de Mateus Leme, diz que as vacinas representam um mecanismo importante de proteção; mas que elas ainda carecem de mais estudos para serem otimizadas e terem a eficácia aumentada.

Outro ponto citado pelo profissional da saúde é sobre o risco que representa as novas variantes e o uso equivocado de medidas protetivas. Ele reflete que a pandemia está distante do fim, embora tenhamos avançado bastante. 

“Infelizmente, talvez por falta de informação, muitas pessoas, tendem a minimizar os esforços relativos à prevenção após serem imunizadas ou mesmo após receberem uma dose da vacina. Na verdade, até que se tenha números satisfatórios pertinentes ao retrocesso da contaminação e do número de casos, as medidas de proteção não devem ser abandonadas ou relaxadas.

Quando se vê menos casos acontecendo, têm-se a falsa impressão de que a pandemia está amenizando, contudo, sabemos que o vírus continua circulando. As variantes que antes eram documentadas em outros países, agora já assolam nosso território. É necessário manter todas as medidas de higiene respiratória e distanciamento social, mesmo após estar imunizado.

Não só porque é possível transmitir, mesmo imunizado; mas também, porque há poucos estudos sobre a eficácia das vacinas contra as variantes”, alerta.

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