Prefeitura desiste de pedir doação de alimentos em troca de ingresso para o Juafolia

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Na última edição, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme chamou a atenção para diversas denúncias de internautas referentes aos gastos de mais de R$700 mil com o evento Juafolia, que terá como atração principal o cantor Zé Vaqueiro. O valor considerado alto para uma festa com programação de apenas um dia, acabou rendendo críticas à contratação da “Associação Educativa e Cultural de Mateus Leme” e compartilhada em grupos de WhatsApp e no Facebook.

Segundo os internautas, Juatuba foi uma das cidades da região mais afetadas pelas chuvas e enchentes que castigaram Minas Gerais no início do ano, obrigando o município a decretar estado de emergência e calamidade pública. E mesmo antes mesmo da reforma de pontes, ruas e estradas que foram destruídas, a administração investe na realização de uma “festa cara”.

Ilegalidade

Na última semana, a prefeitura adotou uma estratégia para limitar o acesso de pessoas ao evento que é gratuito. Quem quiser prestigiar o show do cantor Zé Vaqueiro, que será fechado para um público de cerca de 15 mil pessoas no Poliesportivo, deveria ir até a Secretaria de Assistência Social com CPF, para retirar o ingresso, mediante a doação de 1kg de alimento não perecível.

A ideia não funcionou e as polêmicas dominaram as redes sociais e chegaram à Câmara, com denúncias sobre a negativa de ingressos às pessoas de baixa renda, que não levaram alimento ao ponto de troca. Com o impasse, a Câmara encaminhou um ofício ao prefeito, destacando a irregularidade da prática. No documento, os vereadores Ted Saliba e Messias Leão recomendam que a prefeitura se abstenha da cobrança obrigatória dos alimentos e que a doação por parte da população seja facultativa, de forma a contribuir com as causas sociais do município. “Portanto qualquer cidadão pode, livre e espontaneamente, contribuir com a doação de alimentos, para fins sociais, desde que a “doação” não represente condição de acesso à cultura, frisamos que qualquer cidadão de Juatuba, deve ter acesso ao evento custeado com recursos públicos”, recomenda ofício.

Valores de shows em investigação

Diversos shows com altos cachês pagos por prefeituras estão sendo investigados pelo Ministério Público e, pelo menos 36 cidades estão com investigações abertas por promover eventos com a presença de artistas conhecidos nacionalmente.

O nome mais citado nos contratos investigados é o do cantor Gusttavo Lima, cujo cachê ultrapassa R$ 1 milhão. Em seguida, o nome de Wesley Safadão aparece em quatro shows investigados e Xand Avião, em três. Bruno e Marrone, Simone e Simaria, Ávine Vinny e Nattanzinho também aparecem em contratos que estão na mira da Justiça.

Na onda de denúncia, superfaturamentos e irregularidades na contratação, a Festa de Junho de Mateus Leme também pode ser alvo de investigação. Segundo um empresário do setor de locação de estruturas e som que procurou a reportagem do Jornal de Juatuba e Mateus Leme, ele levará o caso ao Ministério Público, uma vez que as contratações realizadas por meio de Organização da Sociedade Civil de interesse Público, apresentam indícios de irregularidades.

No mesmo viés, o Juafolia, cujas contratações foram realizadas  através da “Associação Educativa e Cultural de Mateus Leme”, também podem ser alvo de denúncia do mesmo empresário.

A reportagem entrou em contato com a Secretária de Administração Maísa Aquino, questionando sobre o processo de contratação da Associação Educativa e Cultural de Mateus Leme e sobre os gastos com o evento. Ela se limitou a responder que todas as informações estariam em publicação no Diário Oficial do Município.

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