Na última semana de campanha eleitoral em Juatuba, o cenário político foi abalado por uma decisão inesperada. Professor Israel, candidato à prefeitura, anunciou a desistência de sua candidatura e declarou apoio à concorrente Maísa Aquino. A decisão pegou a todos de surpresa e não tardou em surgir questionamentos de alguns moradores, já que o candidato era um ferrenho crítico à atual administração, que hoje apoia Maísa. Em conversa exclusiva com o Jornal de Juatuba e Mateus Leme , Israel explicou os motivos por trás de sua decisão e detalhou o porquê de ter optado por apoiar Maísa Aquino. “Chegamos numa reta sem verba, não conseguimos fundo partidário, nenhum centavo. E começou a acumular dívidas, vimos que não dava para continuar. Então fomos forçados a abdicar “, diz Israel.
Diante disso, resolveram conversar com os demais candidatos sobre as propostas da sua candidatura. Dessa forma, quem estivesse mais alinhado às pautas defendidas em sua candidatura e as defendesse, caso eleito, receberia o seu apoio. “Conversamos com todos os candidatos, para ver a possibilidade da gente pôr o nosso projeto da construção do viaduto da BR 262, além do retorno, do curso técnico dentro das escolas para crianças a partir de 12 anos. Assim como a Juatuba Olímpica, os projetos de Parques e Ecológica Juatuba, Asilo Municipal”, explica.
Segundo ele, somente Maísa aceitou atender o candidato para discutir e se comprometer com as propostas. “Nenhum quis conversar com a gente, só a Marisa que abriu as portas para conversar. Conheço a Maísa há mais de 20 anos, desde quando ela era presidente da ONG Juatuba Transparente. Naquela época, ela dava aulas de reforço escolar para meninos, e meu filho participava dessas aulas. Muitas das crianças do nosso projeto também passaram por lá”, explicou.
Distinção entre governos
Embora Maísa tenha feito parte da gestão de Adônis Pereira, Israel foi claro em afirmar que não considera a candidatura dela uma continuidade da atual gestão. “O governo do Adônis é um, o da Maísa é outro. Ela, como secretária, foi muito limitada, mas isso não quer dizer que, como prefeita, será igual. Antes de tomar a decisão, conversei com todos os candidatos. O lado dela é mais focado em pautas de família e de educação, enquanto do outro lado, não tenho nada contra, mas o pessoal é muito truculento, ganha na força, faz ameaças. Não é o meu jeito de fazer política”, destacou.
Essa necessidade de uma “política de diálogo” foi o ponto de virada para o Professor Israel. Ele relatou que, ao tentar dialogar com todos os candidatos, foi com Maísa que se sentiu aberta para discutir suas propostas de maneira mais construtiva. “Conversei com o Ted, com todos, mas com a Maísa eu já tinha uma relação de confiança. Quando apresentei minhas diretrizes, como a educação, cursos técnicos e a criação de um lar municipal para idosos, ela me perguntou e disse: ‘Isso vai entrar no nosso plano de governo. Não é mais o seu plano, agora é o nosso plano.’ Isso fez toda a diferença”, afirmou o professor.
Um dos principais focos da campanha do Professor Israel sempre foi a educação, e essa foi a área em que ele encontrou maior sintonia com Maísa. “Eu sou professor, sei o que é educação, sei das necessidades. E Maísa assinou uma carta de compromisso com a educação que me chamou a atenção. As crianças precisam de ar condicionado nas escolas, meu filho mesmo passou mal por causa do calor, e ela se comprometeu com isso”, contou. A visão partilhada sobre a importância de uma educação de qualidade e infraestrutura adequada nas escolas foi fundamental para a sua decisão.
Ele também aproveitou para fazer duras críticas ao considerar ser uma forma de fazer política marcada pela imposição e falta de diálogo, que ele atribuiu aos adversários políticos de Maísa. “Do outro lado, o pessoal só quer ganhar e depois ver o que acontece. Não tenho nada contra eles, mas não é o meu estilo. A política precisa ser de coerência e evolução, e a Maísa representa isso”, disse. Ele ainda faz questão de que, historicamente, a cidade já sofreu com gestões que governavam de forma autoritária e sem abertura para o diálogo com a sociedade.