Professores de Mateus Leme demonstram preocupação com um possível retorno às aulas

“Retornar, somente quando todos os profissionais da educação estiverem vacinados com a primeira e segunda dose”, argumentam

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A retomada das aulas presenciais nas escolas da rede estadual e municipal tem estado na pauta das discussões dos políticos desde que a pandemia da Covid-19 se instalou no país com indicativos de que a normalidade iria demorar a voltar. O assunto tem sido também tema de debates entre médicos, empresários e profissionais da educação em todo o estado, principalmente lideranças sindicais.

Para os setores do governo, a situação de contaminação do coronavírus está controlada na maioria das cidades de Minas e as escolas encontram-se aptas para receberem novamente os alunos em aulas híbridas, de forma presencial e remota em dias alternados. Pais de alunos, professores e demais profissionais da educação têm posicionamentos diferentes acerca do assunto, até mesmo com relação às condições estruturais das escolas, números de funcionários e o próprio medo da contaminação em larga escala.

Mesmo diante da preocupação, a secretaria de Educação de Mateus Leme tem dado indícios de que as aulas da educação básica vão retornar no início de agosto e os profissionais da rede municipal foram surpreendidos com um protocolo emitido pela equipe pedagógica da Unidade de Educação Infantil – “UMEI Dona Carmita”, que solicita a elaboração de procedimentos por parte dos profissionais para o retorno das aulas presenciais híbridas, no dia 2 de agosto.

A reportagem entrou em contato com a pasta e foi informada que “não há nada definido e que a informação disponibilizada pela UMEI não procede”.

Segurança com a vacina

A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Mateus Leme, Genaína Lopes, afirmou que ainda não foi comunicada oficialmente pela prefeitura sobre as aulas presenciais. “Eu protocolei um ofício nesta quarta-feira, para saber como seria esse retorno, mas até o momento o que me informaram é que nada foi definido. Na próxima semana será realizada uma reunião entre os diretores e sindicalistas a respeito do assunto. Nós concordamos com o retorno às aulas, mas somente depois que todos os profissionais envolvidos forem vacinados com a segunda dose”, pontua.

Genaína ainda revela que os protocolos definidos poderão ser quebrados na primeira semana de aulas devido à própria dificuldade que se tem para o cumprimento de regras por parte de alguns estudantes.

“Geralmente as salas da UMEI têm de 10 a 20 alunos e como os professores vão ficar com meninos de 2 a 3 anos dentro da sala, como vão higienizar os materiais, brinquedos e olhar as crianças ao mesmo tempo? A prefeitura através da Secretaria de Educação terá que contratar auxiliares para ajudar, porque as serventes não têm tempo e nem é função delas ficar higienizando materiais particulares. Elas deverão se preocupar com a higienização de toda estrutura escolar e dos alimentos para a merenda”.

Sem estrutura

A educadora dos anos iniciais Eriane Grigório, diz que o retorno híbrido deve ocorrer somente se os professores estiverem vacinados com a primeira e segunda dose. “Sou a favor do retorno, seguindo rigorosamente os protocolos contra a Covid-19, incluindo a análise dos dados de curva do crescimento da doença e adotando medidas de prevenção e isolamento de casos confirmados”, revela.

A educadora diz ainda que as pessoas devem pensar na educação como função social e que as escolas devem acolher e estarem preparadas para esse modo híbrido. Segundo Eriane, o “abismo” que se abriu entre alunos que estão acompanhando as atividades na modalidade online e os que não têm acesso à internet é imenso.

“A escola, antes de tudo, deve estar preparada. Entretanto, no município há escolas que sequer têm banheiros suficientes para os docentes; outras nem abastecimento de água têm. Vamos precisar orientar as famílias e de um curso preparatório para os profissionais da educação”, salienta.

Já Queila Cristina, professora do quarto ano da rede municipal, diz estar preocupada com o retorno anunciado pela prefeitura. Segundo ela, os municípios vizinhos têm demonstrado grande preocupação com o retorno às aulas presenciais, preparando inclusive protocolos respaldados pela vigilância sanitária e, em Mateus Leme, não há nenhum protocolo. “Não temos informação, apenas esse documento que vazou da UMEI e, além de as escolas não terem estrutura, nós os professores, teremos que comprar kits pessoais para nossos alunos, apesar do nosso salário estar defasado”, finaliza.

Queila denunciou à reportagem que a Secretaria de Saúde estaria agendando a aplicação da segunda dose da vacina antes dos três meses preconizados pelo fabricante. “Tomei a vacina da Covid no dia 02 de junho e foi marcada a segunda dose para o dia 25 de agosto, antes de completarem os três meses. A intenção deles é justamente forçar o retorno, antes de estarmos todos imunizados. A imunização é a segurança que temos. Como vamos ficar em uma sala com 20 ou 30 alunos sem essa segurança? Infelizmente somos os últimos a serem ouvidos pela administração”, enfatiza.

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