Na semana passada, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme trouxe uma reportagem que foi também veiculada em rede nacional pela Record Minas, mostrando que o Centro de Repouso Sônia Filha, no bairro Central, em Mateus Leme, havia sido interditado pela Vigilância Sanitária Municipal. Na matéria foi informado que cerca de 30 idosos que viviam no local haviam sido transferidos para outra instituição ou deixados sobre a responsabilidade de seus familiares, no entanto, segundo o proprietário do Centro de Repouso entrou em contato com a reportagem contestando a matéria, afirmando inclusive que a veiculação se tratava de “Fake News”.
Na matéria de TV gravada na porta da Casa de Repouso, a própria fiscal de vigilância sanitária da prefeitura, Luara de Carvalho, havia afirmado que a interdição ocorreu após uma vistoria, que constatou diversas inadequações, dentre elas, a ausência de alvará sanitário, falta de alvará de corpo de bombeiros, irregularidades estruturais, estoque de medicamentos, com diversos medicamentos sem receita e ausência de corpo clinico especializado para o tratamento e acompanhamento de idosos.
“Neste período, notificamos o estabelecimento e pontuamos sobre a necessidade de intervenções conforme normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e apresentação de alvará e AVCB. Demos um prazo de 24h para que o local fosse liberado e que os idosos fossem reencaminhados às famílias ou outras entidades de acolhimento e somente após a regularização total esse local poderá funcionar, conforme todos os outros estabelecimentos”, disse Luara à reportagem de TV.
Contestando a matéria da Tv, a matéria do Jornal de Juatuba e Mateus Leme e a própria fala da fiscal em rede nacional, João Henrique Alves Silva, que é proprietário do Centro de Repouso Sonia Filha e também vereador no município vizinho de Florestal, afirma que o lar de idosos “não foi interditado, que de fato ele estaria sem o alvará de funcionamento, mas que havia sido dado um prazo pela prefeitura para a regularização conforme qualquer outra entidade”.
“João do Asilo”, como é conhecido em Florestal, afirmou ainda que as os pedidos da vigilância sanitária dizem respeito à questão estrutural do asilo e solicitou a remoção de uma paciente que não era idosa e sim do público convalescente, ou seja, acometida por alguma doença. João disse ter o laudo de inspeção da vigilância sanitária inclusive com os prazos para regularização, no entanto, até o fechamento desta matéria não apresentou o laudo.
Centro de Repouso de Florestal
Noticiamos também que o mesmo fato havia ocorrido na cidade vizinha de Florestal, onde o Centro de Repouso Sônia Filha dirigido pelo vereador havia também sido fechado em 2021 pela Vigilância Sanitária. À época, tanto a Vigilância Sanitária de Florestal, quanto a Polícia Civil compareceu ao Centro de Repouso localizado naquela cidade, após denúncias de suposto desvio de dinheiro e possível maus tratos aos idosos.
O Jornal de Juatuba e Mateus Leme teve acesso ao laudo da Polícia Civil, onde foram constatadas irregularidades no Centro de Repouso Sônia Filha de Florestal. O Laudo Pericial da Polícia Civil em local com suspeita de ter ocorrido cárcere privado/ maus tratos foi requisitado à época pelo Delegado Diego Nolasco Rego, já o responsável pela perícia foi o Polícia Izaque Vasconcelos Leite.
De acordo com a perícia da PC, o lar de idosos que era localizado na rua Alfredo Andrade, n 14, no bairro vila Goncalves em Florestal, “se encontrava com padrão de energia com fiação exposta, outro ponto observado foi que a piscina do local não tinha barreira física e estava envolta com uma capa plástica, o que poderia ocasionar a morte por afogamento de algum idoso”.
O laudo pontuou também que na unidade de Florestal, a sauna era utilizada para estoque de material de limpeza para cuidado dos idosos e “os mantimentos eram guardados em potes plásticos que apresentavam a presença de insetos, como besouros, tipo caruncho”. No armário, segundo o laudo havia sido constatado alguns alimentos fora do prazo de validade, e outros com rasuras na área de demarcação da validade, “sugerindo que a concentração de danos no local sugere que foi intencional”. No armário se encontravam juntos o estoque de remédio e alimentos no mesmo local. Não foi identificado também na cozinha nenhum folheto ou cartaz informando o cardápio feito por profissional responsável.
O laudo pontua ainda que alguns colchoes da unidade se encontravam com baixa capacidade de sustentação de peso. Já os banheiros não apresentavam nenhuma adaptação necessária para a segurança dos idosos e nenhum placa com definição e separação de sanitários por sexo.
Em um dos quartos improvisados haviam um desnível, sem nenhuma informação, o que poderia ocasionar a queda de idosos, também não foi encontrado nenhum ponto de luz que funcionasse, aumentando os riscos, segundo a fiscalização. Naquela unidade também não havia sido encontrado pela Polícia Civil nenhum auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, bem como nenhum plano de combate à incêndios e evacuação de idosos.
À época, constatadas as irregularidades e sem a apresentação de alvará de funcionamento, o Centro de Repouso de Florestal foi fechado e cerca de parte dos idosos haviam sido encaminhados para a unidade de Mateus Leme, de mesmo nome. À Polícia Civil em Florestal, João informou à época que a unidade daquela cidade se encontrava em processo de regularização, o mesmo dito à reportagem que foi contestada pelo mesmo nesta semana.
O proprietário do Lar de Idosos de Mateus Leme, que sofreu fiscalização na semana passada ficou de encaminhar à reportagem o laudo de vistoria da vigilância sanitária e mais esclarecimentos sobre a atual situação do Centro de Repouso Sônia Filha de Mateus Leme, mas até o fechamento desta edição não encaminhou as informações.
Confira o laudo pericial emitido pelas autoridades