A falta d’água continua sendo um problema crônico em Juatuba. Bairros como Francelinos e Boa Vista sofrem diariamente com a interrupção do serviço prestado pela Copasa, causando transtornos à população. O Jornal de Juatuba e Mateus Leme tem acompanhado essa situação e, nesta semana, novas denúncias vieram à tona.
Moradores relataram que passaram dias sem uma gota de água nas torneiras. Uma moradora de Francelinos desabafou em áudio: “Aqui no apartamento tem gente que vai sair por falta de água. Minha filha ficou sábado e domingo sem uma gota. Além de viver faltando água, a conta aumentou.”
O problema não se restringe apenas à escassez, mas também à qualidade da água. Segundo a moradora, a situação tem afetado diretamente sua saúde. “Eu vivo com virose por causa dessa água suja”, declarou, pedindo a mobilização da comunidade para denunciar a Copasa e exigir melhorias. “Todos os moradores de Francelinos precisam de ajuda, principalmente quem mora em prédio. Vi uma senhora subindo baldes para o terceiro andar”, contou.
A indignação dos moradores é reforçada pelo histórico de tentativas frustradas de resolver o problema. “Se for contar quantas reuniões já foram feitas com a Copasa, quantas audiências públicas e quantas vezes representantes foram chamados, eu já perdi as contas. Não adianta mais. A solução é terceirizar esse serviço”, lamentou outro juatubense.
Além do desabastecimento, o desperdício de água também revolta a população. Enquanto algumas casas estavam sem água, filmagens em grupos de WhatsApp mostravam vazamentos em caixas d’água da Copasa, com grandes quantidades sendo desperdiçadas. “Isso é o cúmulo do absurdo. Enquanto um bairro inteiro passa o fim de semana sem água, a Copasa deixa água jorrando sem controle”, denunciou.
Reuniões e promessas sem solução
O bairro Boa Vista também enfrenta dificuldades. Nesta semana, uma reunião com representantes da Copasa reuniu vereadores e lideranças comunitárias para cobrar providências. O evento contou com a presença do representante da empresa e vereadores. Apesar do encontro, a situação não melhorou. “Agradecemos a presença de todos, mas a água acabou de novo. Segundo a Copasa, o problema é a gravidade, que impede a chegada da água até as caixas d’água. Mas a população não aguenta mais essa desculpa. Se é necessário, que mandem caminhão-pipa regularmente”, cobrou uma residente do bairro.
Durante a reunião, foi discutida a possibilidade de construção de uma nova caixa d’água para atender a região, mas a alegação da Copasa é que antes, a empresa precisa concluir uma obra em Igarapé. “Até lá, pedimos que continuem enviando caminhões-pipa. A água acabou às 10h da manhã e ficamos sem o dia inteiro. Não dá mais para esperar”, afirmou outra moradora.
Os moradores destacam que, mesmo com as reuniões, promessas e posicionamentos das autoridades, a realidade não muda. “A Copasa não respeita nem o Legislativo, nem o Executivo. A saída agora será buscar a Justiça”, disse um morador, mencionando a possibilidade de ação judicial para responsabilizar a empresa pelos prejuízos causados à população.
Demora para a prestação de serviços simples é mais uma reclamação contra a empresa
O sofrimento dos moradores de Juatuba com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais tem ido além das falhas no abastecimento. A realização de serviços simples, como a ligação de um novo padrão de água, tem dado dor de cabeça para os juatubenses.
É o que aconteceu com o cuidador de idosos, Natanael Fernandes, que vem tentando, sem sucesso, fazer a religação da água em sua residência. Após cumprir todas as exigências da Copasa e passar pela primeira vistoria, foi informado de que precisava fazer ajustes no padrão para que o serviço fosse aprovado.
“Meu pedreiro fez tudo bonitinho, enviamos fotos para a Copasa, eles vieram e disseram que faltava algumas medidas. Fizemos as correções e passamos por uma nova vistoria”, contou.
Porém, mesmo com a aprovação da segunda vistoria, a equipe responsável pelo serviço retornou e barrou a instalação do hidrômetro alegando uma nova exigência. Segundo Natanael, desta vez a Copasa se recusou a instalar os medidores porque a numeração do padrão estava fixada de maneira diferente do usual. “Eles dizem que a numeração precisa estar devidamente identificada, mas não especificam como. Agora, vieram aqui e disseram que as letras estavam no lugar errado. Mas a planilha de orientação deles não exige nada disso”, desabafou.
Moradores compartilham frustrações
O caso de Natanael não é isolado. Diversos moradores da cidade relataram enfrentar problemas semelhantes com a Copasa. Maria Helena Silva, outra moradora, criticou a empresa pelo acúmulo de falhas nos serviços prestados. “O serviço da Copasa é uma porcaria atrás da outra. Se já é difícil conseguir um novo padrão de água, imagina o que as pessoas nos bairros estão passando”, afirmou.
A reclamação se estende também para o sistema de esgoto sanitário. “Os esgotos transbordam com qualquer chuva e ninguém faz nada. Estamos falando de saúde pública!”, alertou Maria Helena.
Falta de transparência e apoio do poder público
Diante da dificuldade em resolver a questão, Natanael buscou apoio de parlamentares para intermediar o contato com a Copasa. Segundo ele, apesar dos esforços iniciais, o problema persiste. “A Copasa trata o cidadão como se estivesse fazendo um favor, mas estamos pagando pelo serviço. Quando o morador busca seus direitos, é tratado como chato”, disse.
Natanael afirma que pretende recorrer ao Ministério Público caso a situação não seja resolvida. “As leis valem para todos, não apenas para os cidadãos. Se as exigências são feitas, devem ser aplicadas a todos, inclusive aos órgãos públicos e à própria agência da Copasa”, declarou.