Na Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, acompanhando as diversas atividades que acontecem na cidade, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme entrevistou Aline Margarida Barbosa, presidente voluntária da APAE de Juatuba. Aline, 42 anos, é filha natural de Belo Horizonte e filha de Waldimundo e Neuza Barbosa.
A presidente da entidade é graduanda em Pedagogia e confeiteira. Casada com Francisco Carlos Fernando, é mãe de Filipe Barbosa Fernando e Arthur Salomão Barbosa (in memorian). A coordenadora geral da APAE ingressou na causa por ser mãe de um filho com deficiência.
- Conte um pouco da história da APAE de Juatuba.
Nossa Instituição foi fundada através de uma assembleia no dia 25 de agosto de 1.994, por inciativa de pais e amigos de pessoas com deficiência, assim como a comunidade local. A APAE Juatuba tem o principal objetivo a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, preferencialmente intelectual e múltipla, e com transtornos globais do desenvolvimento em seus ciclos de vida: crianças, adolescentes, adultos e idosos.
- Quantos sãos os atendidos pela APAE de Juatuba? De que forma a instituição avalia as situações para o atendimento?
Temos ativos 151 usuários atualmente. Os usuários da saúde, são encaminhados pelas UBS da cidade, através da junta reguladora, encaminhando-os na sequência para nossa instituição. A Educação e Assistência Social também são essenciais para o ingresso desses alunos na APAE, através exclusivamente de avalições multidimensionais com as equipes clinicas da Saúde. É uma rede integrada.
- De que forma a instituição sobrevive? A entidade ficou prejudicada com o atraso dos repasses da prefeitura no primeiro semestre? Como está a situação da entidade agora, o convênio com a prefeitura está ativo?
A Instituição sobrevive de repasses da Prefeitura, doações e, eventos realizados pela instituição e captação de recursos através projetos. Por causa da Pandemia, a Apae precisou passar por alguns ajustes e adequações. Sendo esses resolvidos, o repasse foi normalizado e o convênio com a Prefeitura está ativo.
- Como está a situação de trabalho da APAE nos dias de hoje? O que mudou nesses tempos de pandemia?
Nossos atendimentos presenciais ainda não voltaram todos normalmente. Estamos atendendo alguns usuários na clínica com atendimento agendado. Toda a rotina da entidade mudou radicalmente. Na parte da educação e assistência social o atendimento ainda continua remoto, através de atividades e acompanhamentos online. Além disso, tivemos que adaptar toda a rotina de limpeza da APA e hoje utilizamos uma maior gama de produtos, tudo para a segurança de nossos voluntários, colaboradores e alunos.
- Vamos falar da Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Já estamos no final da programação. O que aconteceu durante esses dias para celebrar a data?
Quando chegamos na Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla ficamos felizes, pelo simples fato do envolvimento das APAEs e da comunidade. É muito bonito ver a visibilidade do tema percorrendo cada cantinho do nosso município. Gostaríamos de ver isso nos 365 dias do ano. Foi muito animada a semana, a abertura ocorreu de forma online no último sábado (21). Tivemos palestras com usuários da APAE, divulgação nas redes sociais sobre o tema, drive thru com venda de tropeiro, gincanas e rodas de conversas virtuais. O encerramento ocorreu na tarde de ontem com pedágio na entrada da cidade e carreata. A experiência foi diferente pelo fato de ter sido online, mas foi de grande valor para os pais, alunos e para a comunidade.
- Para esse ano foi escolhido um tema destinado a direcionar as atividades?
O tema da semana nacional foi: “É tempo de transformar conhecimento em ação”. O objetivo das comemorações é divulgar o conhecimento sobre as condições sociais das pessoas em situação de deficiência intelectual e múltipla, como meio de transformação da realidade, superando as barreiras que as impedem de participar coletivamente em igualdade de condições com as demais pessoas.
- Para finalizar, gostaríamos que você comentasse a fala recente do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de que o aluno com deficiência atrapalha as salas de aulas das escolas regulares.
A fala do ministro foi totalmente infeliz, pois quando ele fala que aluno com deficiência atrapalha o desempenho do aluno sem deficiência, ele está tirando a responsabilidade do governo de promover uma educação escolar de qualidade e sem exclusões. Nossa educação a nível nacional, deixa a desejar, pois é totalmente sem estrutura física, sem acessibilidade, projetos pedagógicos inclusivos, sem contar a falta de valorização dos profissionais da educação. Poderia relatar uma lista enorme de problemas que é uma responsabilidade única dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Os problemas que temos hoje, não são culpa do aluno com deficiência e esse fardo eles não podem carregar. É preciso mais respeito, inclusão e amor ao próximo, valores que infelizmente não estamos vendo em todo o país.