Reclamações com relação aos resquícios de lama deixados pela última enchente do Rio Paraopeba em Juatuba têm sido constantes. O medo de contaminação com a lama tóxica se tornou ainda mais real após a exibição de um vídeo do prefeito Adônis Pereira, nas redes sociais alegando que havia recebido um laudo alegando que o barro deixado pelas últimas enchentes estaria contaminado com resquícios de rejeitos de minério.
Logo após a gravação do vídeo, o presidente da Câmara, Ted Saliba e os vereadores Messias Leão e Marcos Leiturista encaminharam à prefeitura um requerimento pedindo a cópia do laudo. No entanto, o prefeito afirmou que “o estudo que encontrou a presença de resíduos na lama do Rio Paraopeba, não foi realizado por encomenda do Município, mas por outros órgãos, que veicularam o resultado da análise na grande mídia, para conhecimento público, inclusive a um canal de TV. Portanto a análise e o parecer devem ser solicitados a quem encomendou tal estudo, e não da Prefeitura de Juatuba”, disse o Secretário de Governo, em resposta aos vereadores.
Esta semana o presidente da Câmara disse que está chegando ao legislativo diversas denúncias, dando conta que as cisternas dos moradores ribeirinhos ao Rio Paraopeba, estão todas contaminadas, inviabilizando a utilização da água. “Os moradores de Francelinos e toda região, cultivam verduras e, eles estão dizendo que as plantações foram contaminadas. Vamos insistir cobrando a cópia desta análise e pedimos à Copasa uma análise das águas das cisternas, mas essa análise é paga. Então, estamos fazendo um requerimento à própria Vale, para que arque com os custos dessa análise”, afirmou.
Atingidos contestam resposta de secretário
Recentemente o Jornal de Juatuba e Mateus Leme recebeu de militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens o laudo técnico, que confirma que o assoreamento do rio contribuiu para a disseminação de lama tóxica durante as enchentes do início do ano. Os integrantes do MAB afirmam que o laudo foi encomendado pelos municípios de Juatuba, Brumadinho, Mário Campos e São Joaquim de Bicas, e que foi feito pela BioEng Consultoria Ambiental.
O grupo que fez a análise é composto por oito integrantes, de diferentes áreas e as amostras de solo e água em Juatuba foram coletadas, próximo ao “Bar da Magna”, no bairro Ponte Nova, um dos locais mais afetados pela cheia do Rio Paraopeba. O resultado é que a lama que continua espalhada pelas ruas do município, contém rejeitos de minério e materiais como silício, ferro, alumínio, magnésio, fósforo e enxofre. A pesquisa levou em consideração a série histórica de dados do IGAM antes do rompimento que apontava como fato comum registros de concentrações elevadas de ferro e manganês nas águas, inclusive superiores aos padrões de qualidade.