Vítimas de padre preso em Juatuba por abuso de 50 crianças rompem o silêncio

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Pelo menos sete mulheres afirmam ter sido vítimas de abusos cometidos pelo padre Bernardino Batista dos Santos quando eram crianças, entre os anos 1970 e 2016. Relatos reunidos pela Agência Pública, ONG dedicada ao jornalismo investigativo independente e sem fins lucrativos, indicam que o religioso pode ter molestado cerca de 50 meninas, com idades entre 3 e 11 anos, em cidades mineiras onde atuou como pároco.

Preso em outubro de 2024, no sítio onde residia em Juatuba, Bernardino foi liberado um mês depois, após decisão judicial que permitiu seu retorno para casa com tornozeleira eletrônica.

O padre, que hoje tem mais de 70 anos, alega problemas de saúde — incluindo diabetes e depressão — para aguardar o julgamento em liberdade. O processo, que o acusa de estupro de vulnerável, deve ser concluído até o final de 2025.

As denúncias ganharam força após a descoberta de um suposto abuso ocorrido em 2016, quando uma menina de quatro anos teria sido violentada pelo sacerdote. Com a investigação do caso, abusos ocorridos no passado também entraram na lista.

Muitas das vítimas só encontraram coragem para falar recentemente, criando até um perfil no Instagram, “Vítimas do Santo do Paraíso”, em referência ao bairro Paraíso, na região leste de Belo Horizonte, onde Bernardino atuou por mais de 30 anos.

Segundo a investigação, o religioso usava sua posição na Igreja Católica e, em alguns períodos, como diretor de escola infantil, para ganhar a confiança das famílias. De acordo com os depoimentos, ele não utilizava armas, mas se aproveitava da inocência das crianças, chegando a ser acusado de conjunção carnal em alguns casos.

Bernardino segue em liberdade, aguardando julgamento.