“Barro tóxico” das enchentes será retirado das ruas de Juatuba em 90 dias

Lama invadiu casas próximas às margens do rio Paraopeba no início do ano; estudo atestou que resquícios de barro está contaminado com metais pesados da barragem de Brumadinho

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Estudo recente feito pelo Grupo BioEng Consultoria Ambiental e Mineração, atestou em laudo preliminar possível contaminação nos rejeitos de barro e lama deixados em Juatuba após a grande cheia do Rio Paraopeba no início do ano. Logo após a constatação, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, recomendou que a Vale retirasse o material em todos os municípios atingidos pelas águas do rio. Esta semana, as prefeituras de Juatuba, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Esmeraldas assinaram acordo junto ao Ministério Público para a remoção de lama nas áreas urbanas e rurais, com auxílio de máquinas, no prazo de 90 dias.

A única cidade que não assinou o acordo foi Betim, que fez um estudo de solo após o período chuvoso, que indicou que a lama está contaminada com metais em níveis mais altos que o normal. Além disso, foram identificados rejeitos semelhantes aos despejados pelo rompimento da barragem de Brumadinho. A prefeitura de Betim afirmou que não assinou o documento porque a mineradora propõe limpar apenas duas pequenas áreas das 47 atingidas.

Cinco meses depois de estragos da chuva, moradores ainda sofrem com impactos

Além de terem os imóveis danificados e os móveis levados pela correnteza, os moradores no entorno do Paraopeba ainda são obrigados a conviver com os resquícios deixados pelas enchentes do início do ano. Segundo eles, hortaliças que eram cultivadas próximas ao Rio já não nascem como antes, devido à contaminação do solo por materiais pesados, arrastados e submergidos com as enchentes.

“Eu produzia verduras e hortaliças antes das enchentes. Perdi tudo em janeiro, e quando fui tentar retomar a plantação não teve como. As verduras não nascem como antes e, com toda certeza, o solo está contaminado, prejudicando o desenvolvimento das plantas. Se antes eu tinha um produto qualidade A, agora ele é D. Já não dá mais para fornecer para a Ceasa e muito menos na região. É prejuízo atrás de prejuízo”, disse o produtor Geraldo Figueiredo.

Rômulo de Oliveira, que mora a poucos metros do rio, perdeu 200 pés de jabuticaba. “O problema é o que o rio jogou todo o rejeito de mineração para dentro das nossas casas. Hoje, não podemos mais plantar no terreno e estamos com as mãos e pés atados”, contou.

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