Profissão Papai Noel: conheça a rotina de quem dá vida ao bom velhinho

Em Juatuba, um dos maiores símbolos do Natal retorna aos estabelecimentos e alegra a criançada, após hiato da pandemia

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Barba branca, uma barriguinha e muita simpatia são alguns dos requisitos para dar vida ao personagem. Esse importante símbolo natalino, que representa a harmonia, a festividade e o clima familiar, teve que ser afastado dos estabelecimentos comerciais em 2020, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19. Entretanto, este ano, a famosa barba branca e as roupas vermelhas estão de volta.

A interpretação do bom velhinho é feita, na maior parte das vezes, por profissionais ativos que buscam uma renda extra no fim de ano, por atores de companhias de teatro, por aposentados ou até mesmo quem têm habilidades como gentileza, paciência, além dos cuidados necessários para desempenhar o papel.

A rotina de trabalho é intensa. Os profissionais que dão vida ao bom velhinho trabalham entre seis e oito horas por dia, por um período de 25 dias, do final de novembro às vésperas do Natal. Natural da Argentina, Rodolfo Ruben Ramires, 65 anos, Papai Noel em Juatuba revela com felicidade que atuar como o bom velhinho já é uma constância em sua vida e que a tradição de entrar no personagem vem de família e começou com seu tio que é médico na Argentina. “A gente se revezava na Argentina fazendo essa função de Papai Noel e depois que mudei para o Brasil, passei a desempenhar a mesma função, atuo em Juatuba especificamente, tem oito anos”, conta.

Rodolfo explica que é contratado especificamente por telefone ou pelas mídias sociais e que além das participações em estabelecimentos comerciais, ele produz também vídeos educativos para crianças com temas de relevância para os pais, como uso de tecnologias, celular e dicas de incentivo à leitura. “As contratações dependem do humor dos donos de estabelecimentos, do clima e dos tipos de eventos, sem eles externos e internos, não tendo um roteiro pronto. O sucesso das apresentações e participações depende também da vontade de contratação dos órgãos responsáveis pelo comércio de cada cidade, no caso de Juatuba a Câmara de Dirigentes Lojistas e também da Câmara de Vereadores, o incentivo é muito importante”, explica.

O bom velhinho conta também que não é somente as crianças que são cativadas pelo personagem e que as contratações dependem do gosto do cliente. “Já fiz apresentações para idosos e comemorações de empresas, supermercados e lojas. A imagem do Papai Noel faz os olhos das pessoas brilharem, pois remete no subconsciente tudo que já vivenciaram quando eram mais novos, ou em qualquer fase da vida”.

Emoção

Segundo Noel, o trabalho é imensamente gratificante pois é possível notar o sentimento de felicidade das pessoas e crianças ao compartilhar desejos e até sentimento de lembranças. Segundo ele, sempre vale a pena, inclusive ao fim do trabalho os contratantes passam um feedback positivo sobre as vendas e sobre a participação do personagem. “Me recordo de um momento especial onde entregava balas e a criança chegou a ficar emocionada, comeu uma bala e levou as outras para casa. Talvez fosse porque nunca havia recebido algo especial de alguém. Isso sempre acontece, além de eu mesmo me emocionar, a família toda também se emociona”, revela.

Mas ele afirma que é difícil separar um momento emocionante, pois se passam várias imagens e situações em sua mente. “Algumas crianças soltam do braço dos avós, vem correndo e se jogam como se tivesse pulando em uma piscina. Outros choram emocionados, outros até puxam minha barba e agradecem pelo ano que tiveram. É tudo muito emocionante e gratificante”.

Principais pedidos

Rodolfo conta que nos dias atuais as crianças dependendo da idade, a grande maioria pede celulares, games japoneses, bonecos e dinossauros. “Geralmente os menorzinhos é que tem um pouco de medo do Papai Noel. O que mais me chama atenção é que uma raridade é que alguém peca livros. Pedem, dependendo da situação econômica, mochilas e materiais escolares. Isso nos últimos tempos tem aumentando, devido à situação econômica”.

A vida real

Rodolfo Ruben Ramírez, que completou 65 anos no último dia 20 de dezembro, tem quatro filhos (Rodrigo, Hans, Ana e Gabriella) e é casado com a jornalista Rose de Oliveira, que também participa como Mamãe Noel em algumas apresentações. Rodolfo é formado em Biblioteconomia, pela UFMG e trabalhou muitos anos na Prefeitura de BH, em bibliotecas, te também como coordenador de projetos culturais e contador de histórias.

Ele revelou ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme que também trabalhou no Consulado Argentino em BH e que atualmente trabalha como escritor e fabricação de molhos e bolos artesanais. Ele também dedica boa parte de seu tempo às suas criações e animais domésticos. “Todos tem um nome especial e costumo dizer que eles têm a gente não, nós que temos eles. Cada um faz parte da família, com qual nós temos muito carinho”.

Rodolfo tem como hobbies nos tempos livres a música, o cinema e os livros. Falando em livros, o multitarefa tem dois livros para serem lançados, ambos de contos infanto-juvenis. Um dos livros são contos do Papai Noel e o outro está relacionado à arca de Noé, ambos que aguardam um patrocínio e alguma editora que faça a distribuição. “Ser escritor para mim é a mesma coisa de ser um pescador, só que no lugar de pescar peixes, eu pesco palavras e metáforas. Isso é ser um escritor para mim”.

Papa e Papai Noel Feliz da vida

Segundo cardeais de Roma, o Papa Francisco tem demonstrado bastante alegria nos corredores do vaticano, porque é o primeiro pontífice naturalizado a celebrar a vitória em uma copa do mundo, já que a Argentina conseguiu o tetra no campeonato mundial.

Mesmo com a derrota do Brasil na copa, não é apenas o Papa que está alegre, o “Papai Noel de Juatuba” também. Rodolfo, que é de Rosário, a mesma região em que residia os craques Lionel Messi e Di Maria, conta que neste final de ano pareceu viver uma realidade paralela.

“Eu parecia viver em um universo paralelo, porque eu torcia para que os jogos não fossem nos mesmos dias em que eu fosse trabalhar de Papai Noel. E independentemente da Argentina ter ganhado o mundial, ou não, eu amo futebol, joguei bola por muito tempo e estou inserido em duas grandes seleções, a Argentina e do Brasil. Pra mim foi uma grande vitória, alegria dupla em poder continuar sendo Papai Noel e com o meu país ter ganhando o mundial….Hohohoho! Viva a Argentina!”, finaliza com alegria.

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