Volta às aulas em Mateus Leme vira polêmica entre pais e profissionais

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Muitos consideraram irresponsável a decisão do prefeito e cobram vacinação para profissionais da Educação

Enquanto as cidades da região já retornaram com as atividades remotas da educação, as famílias e profissionais da área de Mateus Leme foram informados no fim da semana passada que as aulas na cidade retornarão no dia 15 de março em formato híbrido. Isso significa que parte das aulas será remota e uma semana por mês o aluno irá para a sala de aula. A decisão da administração municipal gerou polêmica e preocupação.

No ano passado, o município realizou trabalhos virtuais com a disponibilização do material de aula em um site. As professoras, em sua maioria, prestavam auxílio aos estudantes e famílias pelo WhatsApp. Aqueles que não tinham acesso à internet retiravam o material impresso na escola na qual a criança estava matriculada. De acordo com o documento encaminhado pela Prefeitura à comunidade escolar, o retorno presencial foi definido com base em pesquisas, consultas e reuniões entre órgãos públicos e as equipes das secretarias de Saúde e Educação. Além disso, o envio das crianças às instituições de ensino será opcional, ou seja, cada família poderá optar por manter o aluno somente nas aulas remotas.

A dinâmica das aulas híbridas será a seguinte: cada turma será dividida em quatro grupos e esses grupos terão uma semana definida para ir até a escola. Na primeira etapa, a partir de 15 de março, retornarão o 4º e 5º anos; na segunda etapa, após 12 de abril, também entram na divisão os alunos do 3º ano; já na terceira etapa, depois do dia 10 de maio, serão incluídos o 1º e 2º ano.

A Prefeitura afirmou que o número de alunos por sala será reduzido respeitando o distanciamento de 1,5 m dentro de cada recinto. A escola disponibilizará um kit para cada aluno contendo máscara descartável, álcool gel e instruções para contenção da Covid-19. Além disso, o material utilizado pelo aluno em sala de aula permanecerá na escola. A família deverá ser comunicada em caso de sintomas observados em sala de aula, tais como febre, coriza, crise de espirro, tosse, dor de cabeça e diarreia. Nesse caso, o aluno permanecerá em ensino remoto, pelo prazo mínimo de dez dias. Essas medidas também serão adotadas pelo transporte escolar.

Nas redes sociais, logo após o anúncio do prefeito Renilton Coelho, diversas pessoas se manifestaram contrárias a decisão, preocupadas, principalmente, com a disseminação da doença em ambiente escolar. “Todos serão vacinados? Infelizmente as escolas não tem estruturas adequadas. 38 alunos por sala fica aqui minha pergunta: Qual segurança nossas crianças terão? Como uma professora terá controle com tantas crianças? Sinceramente falta de respeito com a VIDA”, indagou uma moradora da cidade. Outra internauta lembrou dos inúmeros casos de síndromes graves em crianças pós-covid. “A contaminação em crianças está aí, já vimos notícias de crianças com sintomas graves e até óbitos de crianças. Tem que ter mais empatia nesse momento. Elas transmitem o vírus para os adultos!!! Aí sim vai aumentar mais os casos”, destacou. Uma mãe também mostrou medo com relação ao uso de máscaras por crianças pequenas. “Muita irresponsabilidade isso sim, não dá pra acreditar em certas coisas viu. No meio dessa pandemia querer retornar as aulas presenciais, meus filhos não vão de maneira alguma. Não tem condições de mandar eles pra escola com máscara, ainda mais os menores. Deus tenha piedade de nós, porque se depender de governantes estamos todos mortos”, indignou-se.

Pais estão divididos

Entre os pais de alunos, a opinião sobre as atividades presenciais está dividida. A microempreendedora Michelle Mara, por exemplo, tem dois filhos de 7 e 10 anos, um deles vai agora para a rede estadual, ela acredita que as crianças estão em desvantagem no ensino remoto, por isso, concorda com o retorno presencial. “Em casa é complicado para as mães ensinarem os filhos. Eles já perderam um ano e, se não voltar, vai ser mais um ano perdido. Então, eu concordo em voltar sim, principalmente porque a escola onde meus meninos estudam não tem muitos alunos”, explicou.

Já a dona de casa Aline Ferreira, que também tem dois filhos em idade escolar, acredita que a segurança das crianças e professores deve ser prioridade. “A gente naquela questão, porque se levar os meninos para a escola, eles estão sendo expostos ao vírus. Os professores tem que sair para trabalhar, pagar suas contas, tem pessoas que dão aula aqui e vem de Belo Horizonte, pegam ônibus, metrô, aí é perigoso, por mais cuidado que a gente tenha”, detalhou. Uma das filhas de Aline tem apenas cinco anos, por isso, ela também teme que seja difícil controlar e monitorar uma turma cheia de crianças tão pequenas. “A Melissa é pequena, tem meninos menores que ela na escola. Chega lá, a máscara cai no chão, aí pega e põe no rosto, ou troca com o coleguinha porque acha a dele mais bonita. Eles não tem essa maldade, por mais que a gente fale e explique o que está acontecendo”, completou a mãe.

Sindicato é contrário ao retorno

O Sindicato dos Servidores Públicos de Mateus Leme (SINDSERP), por meio de sua página nas redes sociais, se posicionou contrário a decisão da administração municipal. A entidade afirmou que já tomou providências junto ao Ministério Público e a Comissão local de Enfrentamento a Covid-19 demandando medidas de fiscalização e segurança.

“O momento é delicado, e a continuação das aulas remotas estaria atendendo o ensino e ao mesmo tempo protegendo a população. Salienta-se que ano letivo remoto já deveria ter iniciado na primeira semana de fevereiro, o que consequentemente estaria contribuindo para que não houvesse o atraso de aprendizagem”, finalizou a nota do sindicato. A reportagem tentou contato com os responsáveis pelo SINDSERP, mas não foi possível até o fechamento desta edição.

Retorno presencial reflete em contaminação

O estado de São Paulo foi um dos primeiros a retornar com as atividades presenciais na escola em modelo escalonado, semelhante ao de Mateus Leme. Até a última segunda-feira, 8, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) já contabilizava 209 casos de Covid-19 entre professores e outros trabalhadores da educação estadual, em 97 escolas paulistas. Além disso, o Governo do Estado fechou sete escolas esta semana por casos suspeitos ou confirmados da doença.

Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a retomada das atividades presenciais em escolas municipais e particulares foi suspensa na quarta-feira, 10, pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O pedido de suspensão com pedido de liminar foi feito na após a Defensoria Pública de Uberlândia emitir recomendações à Prefeitura e não receber resposta. A solicitação foi feita a pedido de professores devido ao crescente número de casos de Covid-19, que inclusive, gerou restrições de funcionamento de atividades comerciais por meio de decreto municipal.

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