Falta de matéria prima é o principal motivo para as férias coletivas da Fiat

0
771

Diretor da Tiberina em Juatuba diz falta de material vai continuar

A pandemia está trazendo mais um cenário desafiador para Mateus Leme que é economicamente reconhecida como polo do setor de peças automobilísticas. A notícia que a Fiat colocou em férias coletivas cerca de 1,9 mil funcionários deixou a cidade apreensiva pois, segundo a montadora, o motivo da decisão seria a irregularidade no fornecimento de peças e a necessidade de adaptar o ritmo de produção às condições atuais de volume e regularidade de fornecimento de componentes. As férias de 10 dias começaram dia 19 de abril, com retorno programado para esta semana.

Em março, a Fiat já havia colocado em férias dois mil funcionários de duas linhas de produção pelo mesmo motivo. A imprevisibilidade na entrega de peças e componentes eletrônicos tem levado as montadoras de todo o país a reavaliarem a escala de trabalho. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em média 14 fabricantes, com um total de 30 fábricas, ficaram paradas entre 7 e 12 dias e novas paradas podem ocorrer nos próximos meses.

Segundo o diretor da multinacional Tiberina, Fábio Daghero, os atrasos no fornecimento de peças e falta matéria prima estão ocorrendo desde setembro do ano passado. “Isso afetou todos os fornecedores e impactou na capacidade produtiva da Fiat, por isso ocorreram as férias coletivas, baixando a produção em 50%. Desde quinta-feira, 29, a montadora voltou ao normal, mas a falta de material vai continuar”, revela Fábio.

Ainda segundo Daghero, apesar das dificuldades que o cenário econômico tem apresentado, a Tiberina não demitiu e nem deu férias coletivas. “A empresa adotou protocolos rígidos de segurança. Inspecionamos a utilização de máscaras e álcool em gel frequentemente, fechamos os vestiários e foram colocados acrílicos no refeitório. Além disso, é obrigatória a medição da temperatura na entrada da empresa”, explica.

Sobre os impactos que a falta de componentes e matéria prima estão causando na economia de Mateus Leme, nossa reportagem conversou com ex-prefeitos e pessoas ligadas ao desenvolvimento econômico do município.

O ex-prefeito Júlio Fares, destacou que Mateus Leme vai sofrer mais do que vem sofrendo com a questão da pandemia. “Quando estive como prefeito fiz o máximo para manter a cidade aberta, fechei somente no início, enquanto não montávamos o hospital de campanha.

Fares lembrou também que os esforços do seu governo foram para diversificar as atividades industriais da cidade. “Incentivei a manutenção e o crescimento das grandes empresas que são fornecedoras da Fiat, mas trouxemos mais de 20 empreendimentos para Mateus Leme, fora do setor automobilístico, para tentar manter um equilíbrio econômico”, conta.

O ex-prefeito Marlon Aurélio Guimarães disse que estaria avaliando a “realidade do município” e retornaria à reportagem com mais informações, mas até o fechamento desta edição não opinou acerca do assunto.

Para o ex-presidente da Associação Comercial Industrial Agropecuária e Prestação de Serviços de Mateus Leme- ACIAPS, Marcus Júnior Diniz, o país está diante de um grande desafio social e econômico: “por um lado, a pandemia acabou com milhões de empregos na região, principalmente em pequenas e médias empresas e nos setores de serviços, turismo e empresas do ramo automobilístico; por outro, houve uma aceleração da transformação digital e da inovação, o que abre novas oportunidades de trabalho, mas exige adaptações rápidas nos sistemas educacionais e programas de treinamento para preparar melhor a mão-de-obra para um futuro que já chegou”.

Segundo Júnior, a localização de Mateus Leme e a proximidade de grandes montadoras, faz com que a maioria das indústrias existentes no município, atuem no setor automobilístico. “Acredito que, perante este momento de grande dificuldade, a curto prazo seja necessária a realização de políticas sociais voltadas ao trabalhador, não só oferecendo assistência básica à famílias em dificuldades, mas, especialmente, fornecendo mecanismos para o preparo dos mesmos para a retomada ao mercado de trabalho. A médio e longo prazo, é necessário que seja dado continuidade à diversificação do objeto-fim das empresas instaladas em Mateus Leme e nas cidades de nossa região, ofertando assim maiores possibilidades aos cidadãos, mesmo perante crises em determinados segmentos”, pontua.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

um × dois =